quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

O assunto continua sendo Renan


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Calheiros, dono do Brasil

POR Malu Gaspar

08/12/2016 15:10

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Descrição: Revista PiauíFOTO: PEDRO LADEIRA/FOLHAPRESS

Há nove anos, em pleno Carnaval de 2007, Renan Calheiros jantava sozinho na residência oficial do Senado, acuado e deprimido com o escândalo que começara com a descoberta de que a empreiteira Mendes Júnior pagava a pensão da mãe de um filho seu, e só terminaria meses depois, com sua renúncia da presidência da Casa para evitar a cassação.  Naquela noite, duas visitas chegaram de surpresa. O senador as convidou à mesa, mas permaneceu alheio e mal conseguiu interagir. Grogue, muito provavelmente entupido de remédios, tentou conversar, mas apagou ali mesmo, sem concluir a refeição, diante dos pratos de comida e das visitas constrangidas.

Ontem, após a decisão do Supremo Tribunal Federal que o manteve no cargo, a mesma casa estava em festa, repleta de políticos, comemorando com vinhos e uísques a derrota que o Senado impôs ao STF.  Por incrível que pareça, o caso que originou toda a celeuma é ainda o mesmo – o inquérito sobre a pensão paga pela Mendes Júnior a uma amante. Depois de nove anos dormitando nas gavetas judiciais, a denúncia do Ministério Público foi aceita pelo Supremo, gerando a questão arbitrada ontem – afinal, pode ficar no cargo um político que, sendo o terceiro na linha de sucessão da presidência da República, é alvo de investigação no STF? Para perplexidade geral de todos os que não comungam dos códigos de Brasília, a corte disse que sim, pode. Arrumou-se uma jabuticaba legal tão esdrúxula quanto a criada para impichar Dilma sem tirar-lhe os direitos políticos: no caso, Calheiros fica no cargo, mas não pode substituir o presidente da República.  Em troca do aval do Supremo, ele aceitou congelar a tramitação do projeto que impõe limites para abusos de autoridade de promotores e juízes. Que não reste dúvida, porém: mesmo cedendo, é o presidente do Senado o grande vitorioso desse episódio.

A cena de um Calheiros inerte, derrubado por medicamentos, está contada no livro Entre a Glória e a Vergonha: memórias de um consultor de crises, publicado em capítulos pelo UOL. O autor, Mário Rosa, que esteve nos bastidores de algumas das mais graves crises políticas e empresariais do país, é amigo do senador.  “Naquele momento, Renan era a crise da vez, um tumor a ser extirpado pela classe política. Hoje, ele é o único capaz de salvar o Brasil da septicemia.” O argumento de Rosa é justamente o que os ministros do Supremo ouviram na calada da noite de políticos de todos os matizes, escalados para construir a salvação do presidente do Senado. Jorge Vianna, petista ilustre, flagrado em um grampo da Lava Jato defendendo “subir o tom” e “enfrentar” o juiz Sérgio Moro, foi o principal emissário de Calheiros ao Supremo. Ao longo do dia, ontem, enquanto os ministros davam lustre de juridiquês aos votos elaborados sob o calor de um impasse institucional, jornalistas e comentaristas repetiam placidamente que, sem Renan na presidência, o Brasil mergulharia em uma crise sem precedentes – e com desfecho imprevisível.

Triste o país que precisa salvar Renan Calheiros para assegurar a sua própria salvação.  Para o bem de todos, porém, o melhor é que a afirmação não seja verdadeira, porque a solução que magistrados e políticos sacaram da manga é apenas provisória. A aura de intocável conferida a Calheiros a partir de agora só atiçou ainda mais a sanha investigativa de procuradores, policiais federais e magistrados que não respeitam conluios políticos tramados no escuro – sem contar os inimigos inconfessáveis que montam dossiês e grampos nos submundos do Planalto. Além de ser o foco de outros doze inquéritos no Supremo, Calheiros ainda tem potencial para figurar em destaque nas delações premiadas que vão sacudir o Brasil em 2017: se não brilhar na da Odebrecht, certamente será protagonista da de Eduardo Cunha. Como bem lembrou um experiente observador de Brasília, dia desses, “sempre que vai prender um traficante, a polícia começa a divulgar que ele é o novo dono do morro”. Calheiros, hoje, é o dono do Brasil. Se continuará sendo amanhã já é outra história.



MINISTRO DO STF PEDE QUE PGR SE MANIFESTE SOBRE AÇÃO CONTRA RENAN

08/12 - 17:45hs -

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Um dia após o Pleno do Supremo Tribunal Federal (STF) manter Renan na Presidência do Senado, o ministro do STF, Edson Fachin, deu cinco dias para que a Procuradoria-Geral da República se manifeste sobre a ação cautelar em que o procurador-geral Rodrigo Janot pede o afastamento do presidente do Senado, Renan Calheiros, do cargo por ter se tornado réu em ação penal por peculato.

Os argumentos apresentados pela PGR na ação cautelar para pedir o afastamento de Renan se assemelham aos do ministro Marco Aurélio Mello - aceitos apenas em parte pelo Pleno, proibindo que o senador venha a assumir a Presidência da República, mas salvaguardando-lhe o cargo de presidente do Senado. No despacho desta quinta-feira, 8, Fachin, relator da ação cautelar, menciona a decisão do Pleno.

Janot pode retirar o pedido de afastamento, mantê-lo nos moldes como foi feito ou ainda formular uma nova fundamentação na ação.

Na sessão, Janot também foi notificado pelo ministro Marco Aurélio Mello para que analise se houve crime de desobediência por parte de Renan e dos integrantes da Mesa do Senado, por terem se recusado a cumprir a decisão liminar do afastamento do presidente do Senado. Marco Aurélio disse que a recusa "fere de morte as leis da República". As informações são do Estadão
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Publicação de bahiaeconomica

 

 

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