DE BRASÍLIA
23/12/2016 19h42
Em mensagem de fim de ano para desejar boas festas, o
comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, disse que o país passa por
uma crise política, econômica e ética e fez previsões de um 2017 ainda pior.
Ele gravou um discurso, com duração de pouco mais de três
minutos, postado em uma rede social e publicado também no site oficial do
Exército nesta quinta-feira (22).
Ele direcionou a mensagem aos seus "comandados".
"Neste ano difícil que está prestes a se encerrar, em
meio a uma persistente crise política, econômica e sobretudo ética, testemunhei
com satisfação e orgulho sua presença efetiva, pronta e entusiasmada por todo
país", afirmou o comandante-geral.
"Vislumbro para o ano que se aproxima o agravamento das
dificuldades que assolam o país, com reflexo negativo no nosso orçamentos e nos
nossos salários", acrescentou.
Apesar do diagnóstico, o general exaltou o respeito à
hierarquia e declarou que a situação não abala a confiança que tem de que a
corporação não se afastará "nem um milímetro" da "trajetória
retilínea" do Exército, "respaldando e respeitando a Constituição
brasileira".
Questionado pela reportagem sobre a mensagem de Villas Bôas,
o ministro da Defesa, Raul Jungmann (PPS), afirmou que "o conteúdo está em
linha com o momento que vive o país e com o papel estritamente constitucional e
democrático das Forças Armadas".
Apesar do lamento do comandante-geral sobre o reflexo
negativo aos orçamentos e salários, o ministro disse que não houve diminuição.
INTERVENÇÃO MILITAR
Em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo" no
começo deste mês, Villas Bôas disse que há "chance zero" de setores
das Forças Armadas se encantarem com a volta dos militares ao poder.
Ele disse que há "tresloucados" ou
"malucos" que aparecem cobrando intervenção por causa do caos
político que vive o país.
"Eu respondo com o artigo 142 da Constituição. Está tudo
ali. Ponto", afirmou na entrevista.
Pelo artigo 142, "as Forças Armadas, constituídas pela
Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais
permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina,
sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da
Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer
destes, da lei e da ordem."
Isto é, as Forças Armadas estão submetidas ao presidente e
agem sob solicitação de algum dos três Poderes.
OUTRA MENSAGEM
Durante o processo que deu início ao impeachment da
ex-presidente Dilma Rousseff, o comandante do Exército já havia se manifestado
sobre os problemas no país.
Em vídeo divulgado em redes sociais em março deste ano,
Villas Bôas declarou que o Brasil estava atravessando uma crise econômica,
ética e política, mas adiantava que o Exército apenas obedeceria à
Constituição.
"Toda e qualquer atitude nossa será absolutamente
respaldada no que os dispositivos legais estabelecem, desde a Constituição até
as leis complementares [...], e sempre condicionado ao acionamento de um dos
poderes da República", afirmou à época.
Em outro vídeo,
este feito em outubro de 2015, o general disse ver risco de a crise virar uma
"crise social" que afetaria a estabilidade do país, o que, segundo
ele, diria respeito às Forças Armadas
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