Cúpula do Planalto teme a
quebra de silêncio de Cunha
Notícias
Ao Minuto 16 horas atrás
A cúpula do Planalto parece estar mais preocupada com as possíveis
revelações de Eduardo Cunha, do que com as delações de ex-executivos da
Odebrecht na Lava Jato.
Segundo a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, integrantes do governo
Temer ainda devem se preocupar com as futuras delações. Apesar de acreditarem
que o pior já passou, quem acompanha a Lava Jato de perto sabe que as
colaborações de Marcelo Odebrecht e de seu pai, Emílio, ainda podem causar
problemas ao presidente da República.
Outro caso ainda tem gerado dor de cabeça: a incerteza do silêncio
de Eduardo Cunha. O ex-deputado contava com a ajuda de companheiros para sair
da cadeia. Porém, há quase dois meses preso, a paciência de Cunha parece estar
se esgotando.
Lembrando que, sua transferência da carceragem da Polícia Federal (PF),
em Curitiba, para um presídio comum teria sido, inclusive, uma forma de fazer uma pressão
psicológica para que Cunha faça suas revelações.
O Planalto acredita que mesmo que a Lava Jato não
aceite firmar um eventual acordo de delação com ex-deputado, ele fará um
depoimento da mesma forma
Temer vira "presidente zumbi", diz
cientista político ao Le Monde
RFI 3 dias atrás
O jornal Le Monde desta quinta-feira (15) destaca em seu site as
denúncias de Claudio Melo Filho, confirmadas por Marcelo Odebrecht, que provam
o envolvimento de vários caciques do governo e do próprio presidente interino
no esquema de corrupção da operação Lava Jato. Temer foi citado 43 vezes na
delação de Melo Filho.
O jornal Le Monde descreve a cena no palácio do Jaburu, em maio de 2014,
pouco antes da campanha presidencial. Michel Temer, então
vice-presidente, “mestre de intrigas parlamentares”, diz o jornal, se dirige à
Marcelo Odebrecht, herdeiro do grupo, e diz que precisa de R$ 10 milhões. Um
roteiro, diz o Monde, digno do filme “O Poderoso Chefão”, de Francis Ford
Coppola.
“Foi o primeiro episódio de uma série de 70 confissões na chamada
delação premiada, em troca de uma diminuição das penas dos dirigentes e
executivos da Odebrecht”, descreve o texto do Le Monde, que cita o quadro Excel
do departamento de propinas da empreiteira, onde cada político beneficiado tem
um apelido, como Caranguejo ("crabe" em francês), nome atribuído ao
ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, ou Boca Mole ("Bouche
Molle").
O jornal lembra a demissão de José Yunes, assessor especial da
presidência, suspeito de ter recebido em seu escritório em São Paulo uma parte
dos R$ 10 milhões. Para o Le Monde, a corrupção dos dirigentes políticos
brasileiros não é um mistério, mas o caso acaba com a retórica reinante de que
o PT é o principal protagonista dos esquemas de corrupção e o ex-presidente
Lula o ator principal da perversão do mundo político. “Uma parte dos
brasileiros imaginavam que o impeachment permitiria ao Brasil virar a página de
uma crise política, econômica e moral. Só que não.”
Saída de Temer vira hipótese
viável
Para o jornal francês, a saída de Temer se tornou uma hipótese viável.
De acordo com uma pesquisa da Datafolha, 63% dos brasileiros pedem sua demissão
e a convocação de eleições antecipadas. Para isso, ele deve deixar o poder ou
ser cassado – mas o Congresso já barrou a emenda que permitiria sua saída. Ele
não parece disposto a sair por conta própria. Pouco a pouco, viabiliza reformas
impopulares, como a PEC 241, que limita os gastos do Estado por 20 anos. Um voto,
lembra o Le Monde, que valeu um elogio do presidente americano eleito, Donald
Trump.
Para o politólogo Mathias de Alencastro, Temer se tornou um “presidente
zumbi”. Se Temer deixar a presidência depois de janeiro de 2017, haverá a
organização de eleições indiretas no Congresso, com candidatos potenciais como
Nelson Jobim, ex-ministro da Defesa de Lula e Dilma ou Fernando Cardoso, que
desmentiu a candidatura.
Uma possibilidade que não entusiasma a oposição, já que um terço da Casa
está envolvida em esquemas de fraude.
Rua continuará muda?
“Seria o golpe de Estado do golpe de Estado”, diz Jean Wyllys (PSOL). A
pressão então é para mudar a Constituição e convocar eleições antecipadas. Para
o Le Monde, as recentes denúncias são “o início da descida aos infernos para o
septuagenário”. O caso Renan Calheiros, mantido na presidência do Senado,
depois do Supremo Tribunal Federal voltar atrás na decisão, assinalou a morte
anunciada de Michel Temer, diz o jornal, demonstrando como o governo e a
democracia são frágeis.
O Le Monde encerra a reportagem questionando se a
rua “continuará muda” diante dos escândalos que se sucedem. “Os simpatizantes
de direita se manifestam de maneira esporádica contra a corrupção. Os de
esquerda protestam contra as reformas e a austeridade. Brasília tem tremedeira
pensando que os dois movimentos se unam um dia contra um inimigo comum: Michel
Temer.”
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‘A
renúncia é sempre um ato pessoal’, avalia Marina Silva
Ricardo
Galhardo16 horas atrás
© Fornecido por Estadão Marina
Silva, porta-voz da Rede e ex-ministra do Meio Ambiente
Um dos nomes mais fortes para a sucessão do presidente Michel Temer,
segundo pesquisas de opinião, a ex-ministra Marina Silva (Rede) diz que o
governo do peemedebista não conseguiu superar a crise nascida na gestão Dilma
Rousseff. As soluções seriam uma alteração na lei para a realização de novas
eleições diretas ou a renúncia de Temer. “Poderá fazê-lo. Mas isso depende de
cada um. É dele”, disse Marina, ao Estado. Apesar disso, a ex-ministra defende
a política econômica do governo e a Lava Jato que, para ela, tem feito uma
reforma política na prática.
Com o fraco resultado nas
eleições municipais, a Rede é uma plataforma viável para sustentar um projeto
eleitoral nacional? Para mim seria um partido mais do que adequado até porque neste momento
de profundo descrédito na política a Rede vem sendo esta tentativa de tentar
atualizar a política. Neste momento de política de terra arrasada em que há uma
desconstrução quase que completa das velhas estruturas, é o momento de fazer
uma espécie de garimpo de aluvião para ver o que é que sobra de cada partido e
em todos os setores da sociedade para pensar um projeto de país. Como a Lava
Jato influencia na renovação da política? A Lava Jato criou um novo marco
legal. Se conseguirmos institucionalizar estas conquistas em relação à
magistratura e à Justiça estaremos fazendo uma reforma política na prática
porque a Lava Jato mostra como fazer para que aqueles que só têm interesse em
negócios escusos percam o interesse pela política.
Existe risco à continuidade das
investigações? Em uma entrevista coletiva eu disse que o impeachment poderia fazer com
que todos se juntassem para tentar debelar a Lava Jato. Hoje, na prática, isso
está acontecendo. Ficou muito claro no episódio da votação das 10 medidas
contra a corrupção no Congresso. Hoje, partes significativas do PT, do PSDB e
do PMDB estão juntos na mesma operação de tentar arrefecer a Lava Jato.
A senhora vê alguma atuação
direta do governo Temer neste movimento? Vejo que quando a base do governo se mobiliza para
deturpar as 10 medidas é no mínimo conivente. Quantos investigados continuam no
governo. Saiu um ministro (senador Romero Jucá, Planejamento) que surgiu em uma
das delações e foi ser líder do governo no Senado. Isso vai na contramão
daquilo que a boca fala. A senhora convidaria o juiz Sérgio Moro ou o
ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa para integrar a Rede?
Moro está fazendo e o ministro Barbosa fez um trabalho tão relevante que
qualquer envolvimento deles futuramente com a política será um ato deles, no
tempo deles, se assim desejarem. Acho que até pela necessidade de que este
trabalho não seja confundido com ação política ninguém que deseja ver prosperar
a Lava Jato fará qualquer movimento nesta direção. É o momento de não criar
nenhuma armadilha.
O Brasil vive uma crise
institucional? O que está sustentando o Brasil, graças a Deus, é o povo brasileiro e as
instituições. No entanto estamos no limiar desta crise. Nunca estivemos numa
situação tão tênue como estamos agora. O episódio do presidente do Senado
(Renan Calheiros) se recusando a cumprir uma decisão da mais alta Corte do País
foi algo muito difícil. Não consigo imaginar nos EUA alguém se recusando a
cumprir uma ordem da Suprema Corte. Não consigo ver a Suprema Corte da
Inglaterra reformando uma representação institucional para se adaptar a uma
pessoa.
Como a senhora avalia estes sete
meses de governo Temer? O governo ainda não foi capaz de se estabelecer. Vive praticamente o
mesmo vendaval de crises que vivia a presidente Dilma. A única diferença é que
no governo Dilma havia uma equipe econômica que dirigia em alta velocidade rumo
ao precipício e agora tem uma equipe econômica que, com competência, tenta desviar
do precipício. No entanto, a crise política pode acabar prejudicando a
economia.
Por quê? Estamos vivendo uma situação
esdrúxula. Geralmente a instituição Presidência da República, com credibilidade
e legitimidade, serve de superfície para que os diversos setores do governo
trabalhem. O que está acontecendo é que um dos setores, no caso a economia, é
que dá sustentação ao governo. A cada terremoto, como a delação da Odebrecht, o
governo usa a equipe econômica para se salvar. Os vendavais não vão acabar,
ainda podem levar o descrédito para a economia e vamos voltar à velha era dos
pacotes quando a cada semana era lançado um pacote.
Como a Rede deve se posicionar em
uma eventual eleição indireta para presidente? A legislação eleitoral aprovada
bem antes desta crise (e travada no Congresso) estabelece que na vacância do
cargo haverá nova eleição a menos que seja a seis meses do pleito. Há que se
fazer um esforço para criar mecanismos que façam esta adequação. O pior dos
mundos é uma eleição indireta com este Congresso que aí está. O que o Brasil
precisa neste momento é devolver para a sociedade a legitimidade para repactuar
as medidas de transição na saída desta crise.
Existe outro caminho? Eu já dizia antes que a renúncia
é sempre um ato pessoal, unilateral. A presidente Dilma poderia ter feito este
gesto. Não fez. O presidente Temer, no meu entendimento, se encontra na mesma
situação que ela. Poderá fazê-lo. Mas isso depende de cada um. É dele. Faltam
16 dias.
Qual a
opinião da senhora sobre a PEC do Teto e a reforma da Previdência? Em 2010, quando fui candidata
pela primeira vez, propus que o aumento do gasto público seria o crescimento do
PIB considerando a correção da inflação. É uma diferença básica desta proposta
do governo. No caso da Previdência não há dúvida que devemos resolver este
grave problema. Mas corrigiria arbitrariedades. Uma pessoa ter que levar quase
50 anos de contribuição contínua para fazer jus à aposentadoria integral é uma
arbitrariedade. Uma outra coisa é porque apenas alguns setores vão passar pelo
sacrifício? Porque não temos o princípio da equidade incluindo militares,
Judiciário e Legislativo? Eu votaria, se fosse ainda senadora, pela
admissibilidade das duas medidas corrigindo as arbitrariedades.
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