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O crescimento que era ruim ficou muito pior. A inflação deu inesperado
repique, mas despencou. O dólar que era para explodir, no fim, cedeu. A Selic,
a taxa básica de juros não caiu o esperado. Em outras palavras, nas
expectativas de analistas de mercado, apuradas semanalmente pelo Boletim Focus,
do Banco Central (BC), indicadores importantes iniciaram o ano de um jeito e
terminaram do outro, alguns oscilando no meio do caminho como exame cardíaco de
quem corre na esteira.
Nesta segunda-feira, 26, o BC divulgou o último Focus do ano, mostrando
que a tarefa de prever cenários para indicadores, que nunca é fácil, foi mais
complicada do que o usual em 2016. Consultores e economistas dão um desconto
para as várias mudanças de rotas que aparecem no Focus ao longo do ano.
"Quando 2016 começou, a incerteza era brutal e ninguém contemplava
a mudança de governo: Joaquim Levy tinha acabado de deixar o Ministério da
Fazenda, era impossível saber para onde iria a política econômica e Dilma
perdia força política", diz Silvio Campos, analista de macroeconomia e de
política da Tendências Consultoria Integrada.
Segundo Campos, isso explica porque, lá no começo de 2016, o previsto
era que o dólar terminasse o ano em R$ 4,35 - praticamente R$ 1 ou 30% acima da
cotação de R$ 3,37, que consta do último relatório do ano - mesmo com a eleição
de Donald Trump, para a presidência dos Estados Unidos, que coloca pressão
sobre a moeda americana.
Também não dava para prever, justifica ele, a seca severa, que fez de
2016 o ano da inflação do feijão e do leite. Assim, lhe parece razoável que,
por volta de setembro, o mercado tenha previsto que a inflação encerraria o ano
em 7,3% - bem longe dos 6,4% que constam no último relatório do ano e coloca a
inflação abaixo do teto da meta, 6,5%.
"Temos de considerar que 2016 foi o ano dos choques: choque da
política, o choque de preços por causa da seca e choque recessivo", diz
Campos.
Excesso
Para alguns, no entanto, houve excessos no meio do caminho, em especial
no que se refere as expectativas de recuperação do Produto Interno Bruto (PIB).
O pior, avaliam, é que esse otimismo contribuiu, por tabela, para
distorcer projeções de inflação e da Selic. "Após o impeachment, houve
excesso de otimismo em relação à capacidade de recuperação da economia e esse
otimismo afetou não apenas as expectativas de 2016, mas também as de 2017"
diz Evandro Buccini, economista da gestora Rio Bravo Investimentos.
Alguns chegaram a prever alta de 2% no PIB do ano que vem. Agora, já há
analistas estimando zero ou mesmo nova retração do PIB em 2017. No último Focus
do ano, a estimativa é queda de 3,49% nesta ano e de crescimento de 0,5% em
2017.
O economista Luiz Carlos Mendonça de Barros foi um dos maiores críticos
desse "excesso de otimismo". Passou os últimos meses chamando a
atenção para o conservadorismo do mercado e do Banco Central em relação à queda
da taxa básica de juros, a Selic. No começo do ano, o mercado previa Selic de
15,25%. No meio do ano, chegou a prevê cerca de 12%. Mas o BC decidiu fazer
cortes mais graduais e ela termina em 13,75%.
"Todas as projeções do mercado e até as do BC não levaram em conta,
adequadamente, a gravidade da recessão e seu impacto sobre a inflação, por
isso, de setembro para cá, vemos uma queda acentuada e inexplicável na
expectativa de inflação. Erraram feio e a economia não conseguiu o alívio que precisava",
diz Mendonça. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Publicação :A Tarde
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