Esporte E.C.Bahia
Qua , 21/12/2016 às 07:37
“Não faz sentido manter os dois CTs”, afirma diretor
administrativo do Bahia
Vitor VIllar
Na noite de segunda-feira, 19, A TARDE divulgou com exclusividade o acordo do Bahia para
ficar com o Fazendão e obter a Cidade Tricolor, centro de treinamentos em Dias D’Ávila. Esse foi um dos detalhes
contidos no orçamento do Tricolor para 2017, apresentado pelo diretor
administrativo do clube, Marcelo Barros, para o Conselho Deliberativo. Nesta
entrevista exclusiva para o A TARDE,
Barros confirma as informações sobre o acordo e admite que o clube pensa em se
mudar para Dias D’Ávila, não mantendo os dois CTs. Também revela folha salarial
para o time profissional na próxima temporada e verba para adquirir atletas.
O Bahia
gastará R$ 11,3 milhões em dinheiro para ficar com os dois CT’s?
Será esse valor, sim. Dentro
disso, uma parte será pagamento direto para a Planner, que representa três
bancos credores da OAS. Não vou poder dizer para você quanto é porque não está
fechado. A outra parte é de impostos, que achamos que vamos conseguir parcelar
e pagar ao longo do ano. São impostos relacionados aos patrimônios, como IPTU
atrasado do Fazendão, taxa de transferência do Fazendão da OAS para o Bahia,
impostos atrasados da Cidade Tricolor, entre outros.
O
acordo tornou-se mais vantajoso que o anterior?
Se fôssemos cumprir o acordo
anterior, com os valores atualizados e as multas, teríamos que gastar em
dinheiro R$ 18 milhões. Em contrapartida, no anterior seriam R$ 13,6 milhões em
Transcons e nesse novo serão R$ 21,7 milhões. Como Transcon não é um título que
você consegue vender pelo valor de face, tem um deságio, eu acredito que será
mais vantajoso. Até hoje, não conseguimos vender quase nada dos Transcons que
recebemos (cerca de R$ 28 milhões).
No
orçamento de 2017 está previsto investir R$ 2 milhões na Cidade Tricolor.
Significa que o clube pretende ir para lá?
Na verdade eu tenho duas coisas
para gastar. Uma é a manutenção. Se a gente optar pela Cidade Tricolor, vou ter
que manter aqui no Fazendão uma estrutura de segurança, energia. Enfim, o
mínimo. Se quiser ficar aqui, tem que manter a mesma coisa lá. Então, temos uma
verba de pouco mais de R$ 1 milhão para isso. Mas temos também R$ 2 milhões
para investir na Cidade Tricolor em caso de mudança para lá. Precisamos
recuperar os campos, os prédios, que estão um pouco deteriorados... Então,
acredito que levariam alguns meses para se mudar para lá.
Você
está admitindo que o Bahia descarta a possibilidade de manter os dois CTs?
Na verdade, não faz sentido. Você
já foi lá [na Cidade Tricolor]? A primeira vez que fui lá foi em janeiro de
2015, assim que assumi o cargo no Bahia. Fui preocupado justamente com esse
negócio de manter os dois CTs. Fui pensando: ‘vou tentar achar uma
justificativa para não ficar com os dois’. Pensava: ‘temos que ficar no
Fazendão, não dá para ficar na Cidade Tricolor’. Mas eu fui para lá e fiquei
encantado. É uma estrutura de primeiro mundo. O pessoal do futebol já visitou e
adorou. Então, qual seria a razão de manter os dois se eu tenho lá uma
estrutura bem maior que a atual? Não tem. Chegamos a pensar em manter o
profissional aqui e a base lá, mas operacionalmente não daria certo.
Ainda
falando sobre o futuro, qual o orçamento do Bahia para o ano que vem?
De receita bruta, a previsão é de
R$ 99 milhões. Tirando impostos, ficariam cerca de R$ 89 milhões. De gastos,
seriam cerca de R$ 90 milhões. Teríamos déficit operacional de R$ 1,2 milhão,
mas como temos R$ 15 milhões em caixa desse ano, não vai ser problema.
Quanto
será o orçamento só com o futebol?
Em 2016 foram R$ 58 milhões, e em
2017 a previsão é gastar R$ 62 milhões. Dentro disso, cerca de R$ 8 milhões
serão para aquisições de novos jogadores. Será o mesmo valor deste ano, quando
adquirimos direitos de Jackson e Hernane.
Você
prevê ter uma folha salarial de quanto?
Na faixa de R$ 3 milhões por mês
com a comissão técnica. A deste ano está terminando em R$ 2,7 milhões.
Não é
um acréscimo pequeno em relação à Série B?
Na verdade, como teremos alguns
jogadores que sairão dessa folha, será um acréscimo maior do que parece. A
gente não terá que pagar mais Thiago Ribeiro, por exemplo, e vamos terminar de
pagar Maxi. A diretoria de futebol terá uma margem boa para negociar. A ideia é
usar parte do valor agora e, quando chegar no meio do ano, rever. Foi o que
aconteceu neste ano. No início, a ideia era começar com R$ 2 milhões de folha e
depois passar para R$ 2,5 milhões. Como tivemos os recursos do Esporte
Interativo, foi possível ampliar para R$ 2,7 milhões.
O Bahia
ganhou R$ 40 milhões de luvas por ter assinado com o Esporte Interativo (EI).
Já gastou todo esse dinheiro?
Não. Dos R$ 40 milhões, R$ 2
milhões a gente nem viu a cor porque foi de imposto retido na fonte. Daí, R$
2,85 milhões foram para o acordão trabalhista, porque tem lá na Justiça que
qualquer receita nova o Bahia tem que passar 7,5% para o acordão. O Bahia ainda
tinha, de gestões anteriores, uma dívida bancária de cerca de R$ 4,8 milhões.
Então daí ficaram R$ 30 milhões, que foi o dinheiro disponível para a gente.
Desses, colocamos R$ 16 milhões para gatar com o futebol. Sobraram R$ 14
milhões. Aí, tivemos uma frustração de receita: a gente tinha previsto fazer
venda de jogadores em R$ 3 milhões, mas só teve R$ 1,2 milhões, que foi a venda
de Lomba, e então deduzimos. Na prática, ficaram R$ 12 milhões do valor, que
estão dentro do nosso saldo de caixa final do ano.
O
dinheiro do EI permitiu ao Bahia mudar o planejamento em prol do acesso?
Pelo estatuto, temos que aprovar
o orçamento no ano anterior. Só que, para poder usar esses recursos, tivemos
que consultar o Conselho. A verba foi destinada principalmente para o futebol,
para fazer mais contratações, naquela reformulação do time que aconteceu no
meio da Série B.
Falou-se
durante o ano que o Bahia terminaria 2016 com receita recorde. Aconteceu?
Sim, nossa expectativa é superar
R$ 126 milhões. Teremos um saldo de caixa acima de R$ 15 milhões. Mas claro que
isso foi influenciado pelas luvas do EI. Em consequência, pudemos fazer
investimentos que seguiram essa receita, como aumentar a folha salarial e
adquirir atletas. Para 2017, não temos a perspectiva de uma receita
extraordinária como aquela, mas teremos um acréscimo na receita da televisão
aberta em função da subida para a Série A.
De
quanto será o incremento do contrato com a TV?
De 25%. Em 2016, o contrato com a
Globo já tinha um novo modelo, e previa um aumento de 50%. Mas, como a gente
ficou na Série B, tivemos uma redução de 25%, o que será recuperado.
Quanto
os patrocínios representam hoje na receita do Bahia e quanto eles vão aumentar
indo para a Série A?
No patrocínio em dinheiro, a
expectativa é fechar 2016 com R$ 7 milhões e no ano que vem a projeção é de
arrecadar R$ 8,7 milhões. Nossa subida vai fazer os patrocínios aumentarem,
especialmente o da Caixa. Este ano, a Caixa fechou por R$ 2 milhões por quatro
meses. A gente acredita que na Série A vai ser maior.
Quanto
os sócios representam na receita do Bahia?
São mais de R$ 7 milhões. Quando
chegamos aqui, no início de 2015, o Bahia recebia R$ 200 mil do plano de sócios
por mês. Hoje, recebemos mais de R$ 600 mil. Ou seja, o patrocinador máster do
Bahia na verdade é o sócio. Esse valor mensal é maior do que o que recebemos da
Caixa (R$ 500 mil/mês). Por isso é tão importante se associar.
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