sábado, 2 de março de 2013

Opiniões bem fundamentadas...gente que quer o crescimento da Bahia

“Tivemos um super PIB, quando comparamos com o desempenho da economia mundial e do próprio Brasil”
Jaques Wagner
Governador da Bahia
A SÍNDROME DO METRÔ OU A GÊNESE DO ATRASO

Andei pensando com meus botões qual a razão para a forte reação que ocorre em Salvador, sempre que se anuncia um novo projeto de intervenção urbana. Na cidade da Bahia, basta que o poder público anuncie qualquer intervenção urbana, para que surja imediatamente uma rede de vários segmentos, com forte infiltração na mídia, se posicionando contra. Qual seria a razão desse pavor à intervenção quando neste momento Salvador está a demandar uma verdadeira revolução urbana?
A coisa é tão séria que se hoje o projeto do Elevador Lacerda fosse apresentado, ele seria considerado um atentado ao patrimônio público e ao frontispício da cidade. E, no entanto, essa construção megalomaníaca tornou-se o símbolo da cidade. Um exemplo recente foi a forte reação – não da população, mas de grupos de intelectuais e militantes – contra a proposta de construção de uma Arena de Shows na escarpa da Praça Castro Alves.
Ora, o projeto precisa de ajustes e acho excessivo a capacidade prevista para 5 mil pessoas, mas construir uma Arena de Shows numa das áreas mais degradadas da cidade, que hoje abriga marginais e prostitutas, me parece algo positivo e pode dar novo elã a histórica Praça Castro Alves que já teve o maior teatro da Bahia. Enquanto Salvador se debate nesse pavor sem sentido, sempre que se deseja qualquer intervenção no tecido urbano, o Rio de Janeiro faz todo tipo de estripulia arquitetônica e reformula a área portuária, coloca teleféricos nos morros, ponte na baía de Guanabara, marinas e museus em toda a parte e por aí vai.



Qual seria a gênese desse pavor baiano à intervenção urbana? Uma explicação é nitidamente ideológica, e se baseia numa luta difusa contra o capitalismo e contra os “ empreiteiros” ou grupos empresariais que querem “lotear o espaço urbano”. Este colunista não defende qualquer empresa imobiliária ou qualquer empresário e sabe que os “ empreiteiros” precisam ser fiscalizados, mas impedir que qualquer projeto se realize com medo da ação das construtoras é defender a inércia ou supor que o poder público é incapaz de fiscalizar a realização de um projeto. O caminho não é, por exemplo, impedir a ocupação da orla de Salvador, pois quando se faz isso os terrenos se tornam reservas de valor e se transformam em cabarés, borracharias, comércio, etc, depreciando aquilo que se quer preservar.
 O caminho é admitir a ocupação com racionalidade e com fiscalização. Outro dia um amigo me disse que essa ojeriza aos projetos urbanos era resultado da síndrome do metrô. Após ver a construção do metrô se arrastar por mais de dez anos, ser objeto de todo tipo de desvios e até hoje estar paralisada, determinados grupos simplesmente passaram a ter medo de grandes intervenções, sejam elas quais forem. Aliás, alguém já me disse que é contra a ponte Salvador – Itaparica, porque tem certeza que ela vai resultar num monte de colunas inacabadas no meio da baía. Essa visão também é equivocada, afinal, o metrô é apenas uma exceção, que espero seja resolvida em breve, pois existem dezenas de exemplos de grandes obras bem administradas, sem desvios e com cronogramas em dia, e um exemplo é a Arena Fonte Nova, uma parceria vitoriosa e bem estruturada entre o governo e o setor privado.
 Na verdade, os grupos ambientalistas, o Ministério Público, que hoje é um patrimônio do país, e as associações de classe precisam assumir a responsabilidade de ficar frente a frente com o novo. Sem isso, jamais terão a coragem de aplaudir uma pirâmide de vidro no meio do vetusto Museu do Louvre.
Impedir qualquer construção no tecido urbano de Salvador é um equivoco que não preserva o passado e aprisiona o futuro e a bela Cidade da Bahia precisa como nunca de futuro.



DILMA, O PIB E OS EMPRESÁRIOS

Um enigma ronda a economia brasileira. Como explicar que em 2012 o consumo das famílias tenha aumentado 3,1%, a massa salarial dos trabalhadores tenha aumentado 6,7%, a taxa de desemprego seja a menor dos últimos anos e, mesmo assim, o PIB cresça apenas 0,9%. E que a taxa de investimento se reduza para 18,1% do PIB, abaixo da registrada em 2011, de 19,3%? Como explicar tão baixo nível de crescimento e de investimento, se o nível de emprego é alto e o consumo interno está em elevação?



John Maynard Keynes sentenciou há muito tempo atrás que o investimento cresce não em função dos resultados da economia, mas em função das expectativas dos empresários. A expectativa é o farol que orienta os empresários na decisão de investir e Keynes dizia que sua formação se baseava no “estado de confiança”. Assim, e como o retorno dos investimentos é de longo prazo, não basta que as expectativas sobre os rendimentos imediatos sejam favoráveis, ou seja, não basta reduzir o IPI para induzir os empresários a investir. Os empresários precisam estar otimistas nas suas expectativas no longo prazo. E é aí que está o busílis, como se dizia antigamente. Ao que parece, os empresários estão com um pé atrás com o governo Dilma, seja por conta do repique inflacionário, dos investimentos em infraestrutura que não deslancham, da excessiva intervenção da economia, de um presidente do Banco Central sem autonomia ou de um ministro falastrão, cujas previsões nunca se cumprem. Está na hora de Dilma chamar o Meirelles, ou pelo menos fazer alguma coisa na equipe econômica para gerar otimismo entre os empresários.
Armando Avena - BahiaEconomica

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