Cidade
por Kelly Cerqueira - Tribuna da Bahia
Foto: Francisco Galvão
Com os trens parados, foi difícil chegar ao trabalho no horário
Os soteropolitanos que precisaram se deslocar pelo sistema ferroviário na manhã dessa quinta-feira (21/3), tiveram que procurar outro meio de transporte. Desde as 8h, os ferroviários decidiram interromper as atividades devido à paralisação dos funcionários terceirizados do Grupo Dinamus, empresa responsável pelos serviços de limpeza e bilheteria nas estações da Calçada e Paripe.
De acordo com o presidente do Sindilimp, Edson Conceição de Araújo, os prestadores de serviço da Dinamus estão com salários atrasados há um mês. “A empresa alega que a prefeitura deixou de pagar as últimas quatro faturas, mas os trabalhadores não são funcionários da prefeitura, são terceirizados”, afirmou o sindicalista.
A mesma situação se repete com a empresa responsável por fazer a segurança privada nas estações. De acordo com o coordenador-geral do Sindicato dos Trabalhadores Ferroviário e Metroviário dos Estados da Bahia e Sergipe (Sindiferro), Paulino Rodrigues de Moura, a MJE Segurança também aguarda o pagamento da prefeitura para entrar em dia com os funcionários que atuam nas estações.
“Nós ainda fizemos a primeira rota do dia, mas vimos que não é possível continuar funcionando sem o serviço dos terceirizados e por isso resolvemos parar”, informou o representante do Sindiferro. Segundo ele, diariamente, cerca de 15 mil pessoas são transportadas pelo sistema ferroviário, mas este número pode chegar a 18 mil.
A falta de condições de trabalho e a ausência de planos de saúde e odontológico também motivaram a paralisação dos funcionários do Grupo Dinamus. Segundo Edson, existem casos de trabalhadores que foram obrigados a tirar férias sem receber o benefício. “Vários itens do plano coletivo que foram acertados não estão sendo cumpridos pela empresa”, continuou.
Em relação aos atrasos da prefeitura, o sindicalista atribuiu o problema ao decreto assinado pelo prefeito ACM Neto, no início da gestão, suspendendo o pagamento de todas as dívidas herdadas da administração do ex-prefeito João Henrique. Segundo ele, a mesma situação vem sendo enfrentada pelos terceirizados da Estação Transbordo.
O sindicalista alega que o decreto não atingiu o pagamento de outras empresas terceirizadas dos setores de saúde e educação, as quais, segundo ele, já tiveram a situação regularizada. “Assim como os funcionários destes setores foram beneficiados, nós também queremos receber o que nos é de direito”, disse.
De acordo com Pedro Franco, um dos diretores do Sindiferro, os trens representam um prejuízo de R$ 3 milhões para a prefeitura. “Com o baixo valor das passagens e o alto custo de manutenção, o sistema só dá prejuízo”, opinou. Ele questiona a administração municipal das estações ferroviárias de trens que, afirmou, só acontece em Salvador. “Nas principais capitais do Brasil, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos é a responsável por administrar o sistema ferroviário, só aqui em Salvador que os trens são responsabilidade da prefeitura”, concluiu.
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