segunda-feira, 4 de março de 2013

Estão invadindo o Parque de Pituaçu e destruindo a reserva de Mata Atlântica


Cidade

por
Silvana Blesa
Tribuna da Bahia
Foto: Angelo Pontes
As construções surgem de um dia para o outro, dentro do Parque
As construções surgem de um dia para o outro, dentro do Parque
A área verde do Parque Metropolitano de Pituaçu está sendo invadida por famílias de classes sociais diferentes, além de grandes empresários que usam o local em imóveis que avançam pela região e são palco de shows.
Segundo o coordenador de articulação comunitária do parque, Alberto Peixoto da Silva, é cada vez mais difícil de combater o ato dos invasores e os piores, segundo Peixoto, são os de “colarinho branco”.
“Essas invasões são atos antigos. Desde 2006, o espaço que o parque tinha foi diminuindo em quase a metade. Na época, várias famílias foram retiradas daqui, mas os invasores, que residem no Alto do São João, tiveram o direito de permanecer. O pior de tudo isso é que, na calada da noite, eles vêm ampliando a área invadida e construindo mais casebres”.
Peixoto ainda ressaltou que tem uma moradora chamada Gildete, responsável pelas vendas e construções nos terrenos. Segundo ele, a mulher vende um espaço, chama um pedreiro durante a noite e com muita rapidez, ergue um cômodo. “No dia seguinte coloca um morador no local e com isso, não podemos fazer a desapropriação”, ressaltou Peixoto.
É possível notar a presença dos casebres no final da pista de ciclismo. São mais de 60 famílias que residem nesta invasão do Alto do São João. Eles começaram residindo nas casas de madeira e depois foram fazendo as construções de tijolos.
Segundo Peixoto, existe um processo de desapropriação dessas famílias tramitando no Ministério Público, mas ainda não teve nenhum desfecho. No local, os moradores fazem o descarte do lixo na passagem da trilha do parque e em qualquer lugar, sem se preocupar com os animais habitados ali.
A invasão dos moradores na área de reserva ambiental tem causado surpresa para os adeptos do parque. “Há uns dois anos eu fiz trilha aqui e fiquei deslumbrada com a beleza e o encanto do parque. Esse ano, passeando de bicicleta fiquei de boca aberta quando passei pelo mesmos lugar e me deparei com construções de condomínios, casas de luxo e casinhas de madeira dentro do parque. As casas de festa, o Bahia Café Hall e o Alto do Andú, os fundos dão para o parque e as músicas são tocadas numa altura que incomoda os animais. Não é possível que o poder público permite isso”, disse o engenheiro mecânico Luís Silva Cardoso.
Peixoto reforçou que durante as festas nas casas de shows, ele realizou uma pesquisa num raio de 200 metros e comprovou que os animais abandonaram os ninhos. “A música assusta os animais e prejudica na procriação. Não sabemos como essas casas de festa conseguem alvarás para funcionar, num espaço de reserva ambiental. O lixo descartado pela casa de show Alto do Andú é jogado no meio do parque”.
Do outro lado do parque, uma invasão de classe média alta também preocupa as autoridades e representantes do parque. Peixoto destaca que esta é mais difícil de combater do que a invasão do Alto do São João. Nos arredores da mata, há dois anos, construções de casa são erguidas e cerca de 10 famílias estão residindo no local conhecido como Sítio do Pombal, próximo da Avenida Pinto de Aguiar.
A Tribuna denunciou a construção e em resposta,  os técnicos do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) estiveram na região e comprovaram se tratar de uma invasão.
“Essas pessoas são mais influentes e não possuem nenhum documento de permissão para habitar ali, uma vez que se trata de uma reserva ambiental. Esperamos que os órgãos competentes façam alguma coisa rápida, antes que mais pessoas invadam o local”, falou Peixoto.

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