Erich
Decat, Carla Araújo e Vera Rosa 13 horas
atrás
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Fornecido por Estadão O ex-ministro Geddel Vieira Lima
BRASÍLIA - Alvo da Operação Cui Bono?, o ex-ministro da Secretaria de
Governo Geddel Vieira Lima mantém sua influência no núcleo duro do Palácio do
Planalto, atua nos bastidores e faz contato frequente com os principais
integrantes da cúpula do governo. Toda a estrutura montada por Geddel no
governo Michel Temer foi mantida, apesar de sua demissão, em novembro passado.
Desde a ausência de Geddel, o dia a dia da pasta tem sido tocado pela
secretária executiva Ivani dos Santos, seu braço direito. A Secretaria de
Governo é responsável por questões estratégicas, como liberação de recursos
para emendas parlamentares, divisão de cargos entre os integrantes da base
aliada e articulação de votações de projetos de interesse do Planalto no
Congresso.
A “parceria” entre Geddel e Ivani remonta ao período em que o
peemedebista foi deputado federal e ocupou a Primeira-Secretaria da Câmara, em
2003 e 2004. Três anos depois, ao ser alçado ministro da Integração Nacional
pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele levou Ivani para sua
equipe. Antes de assumir o atual posto, ela estava lotada no gabinete da
liderança do PMDB na Câmara.
O atual chefe de gabinete da Secretaria de Governo, Carlos Henrique Menezes
Sobral, também é considerado um dos “soldados” de Geddel. A exemplo de Ivani,
ele ocupou uma cadeira de destaque quando o peemedebista comandou a Integração
Nacional. Na ocasião, foi nomeado secretário de Desenvolvimento do Centro-Oeste
do ministério.
A relação de Sobral estende-se ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha
(PMDB-RJ) – preso na Lava Jato – tendo sido assessor especial do peemedebista
na presidência da Câmara.
Cunha. As investigações da Polícia
Federal e do Ministério Público indicam que Geddel atuava em conjunto com Cunha
“em negociações ilícitas” envolvendo empresas interessadas na liberação de
empréstimos da Caixa, entre 2011 e 2013. Geddel ocupou o cargo de
vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa no governo da então presidente Dilma
Rousseff e, de acordo com o Ministério Público, agia de “forma orquestrada”
para beneficiar empresas.
O peso de Sobral na estrutura do governo está ligado às negociações
relativas a emendas parlamentares, usadas como moeda de troca em votações de
interesse do Planalto no Congresso.
Servidores disseram que, logo após a saída de Geddel – acusado pelo
ex-ministro da Cultura Marcelo Calero de fazer pressão para a liberação de um
empreendimento imobiliário em Salvador, no qual tinha apartamento –, integrantes
da cúpula do governo pediram para que todos se mantivessem nos cargos. O
argumento foi o de que não fazia sentido deixar a pasta esvaziada em meio às
discussões de projetos de interesse do Executivo no Congresso.
O presidente Michel Temer já acertou com o senador Aécio Neves (PSDB-MG)
a nomeação do líder do PSDB na Câmara, Antônio Imbassahy (BA), para a
Secretaria de Governo. A indicação do tucano deverá ocorrer após a eleição que
renovará o comando da Câmara e do Senado, no dia 2 de fevereiro. Após as revelações
da Operação Cui Bono?, porém, a permanência dos afilhados de Geddel na pasta é
vista como improvável.
No Planalto, o discurso oficial é de que ele é um ex-ministro, mas
preocupam os desdobramentos das investigações.
Geddel também continua atuando nos bastidores do Planalto, pois tem a
pretensão de concorrer ao Senado, em 2018. Segundo o Estado apurou, um dos principais interlocutores tem sido o
ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.
Irmão. A presença física de Geddel no
Planalto foi substituída pela do irmão Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), candidato à
Primeira-Vice-Presidência da Câmara e um dos deputados mais assíduos nos
corredores do palácio.
Lúcio foi citado em pedido feito por investigadores à Justiça de
autorização para busca e apreensão de documentos no apartamento funcional onde
o deputado do PMDB mora em Brasília. A solicitação foi negada pela 10.ª Vara
Federal de Brasília, por ele ter foro privilegiado.
Lúcio afirmou estar “tranquilo” em relação às investigações. / COLABOROU IGOR GADELHA
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