domingo, 8 de janeiro de 2017

Massacres expressam a realidade mal conhecida de perigos que nos rondam


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Descrição: janio de freitas

Colunista e membro do Conselho Editorial da Folha, é um dos mais importantes jornalistas brasileiros. Analisa as questões políticas e econômicas. Escreve aos domingos e quintas-feiras.

Massacres expressam a realidade mal conhecida de perigos que nos rondam


Alfredo Maia - 6.jan.2017/Folhapress

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Presos carregam corpos de detentos mortos durante um motim na penitenciária agrícola de Monte Cristo, em Roraima. Leia mais

08/01/2017 02h00

As matanças nos presídios de Manaus e Boa Vista não refletem apenas o criminoso sistema carcerário e as indiferenças perversas das classes média e alta, que servem de anteparo para a omissão dos governos em seus deveres penais. As explosões da violência encarcerada, crescentes em frequência e em Estados atingidos, expressam também a realidade mal conhecida de perigos que nos rondam a todos.

Degolados e degoladores, outros assassinados e outros assassinos, que hoje nos horrorizam, até há pouco estavam entre nós. Há estimativas de quantos estão nos presídios, quantos são os prováveis presos de tal ou qual facção –mas quantos entre nós? Os presos integrantes do PCC, do CV e de outras iniciais não são mais do que amostras, não só numérica, de uma força que se desconhece. E, para sorte geral, talvez ainda desconheça a si mesma.

O PCC e o CV expandem-se pelo país. Paulistas do PCC infiltram-se no Rio do CV para dominar os serviços de favelas, como está constatado na Rocinha. Há sinais de presença das duas facções já além-fronteira, na Bolívia, no Paraguai e no Peru. Dão assim uma ideia, a única, da dimensão que têm.

Com incontáveis milhares de jovens disponíveis, na marginalidade e no desemprego, para mais arregimentação. Seu arsenal, soube-se pela perícia de uma ação nas primeiras terras bolivianas, entrou no nível das metralhadoras pesadas, armas de guerra.

O MST lembra, na internet, uma ponderação de Darcy Ribeiro em 1982: "Se não construirmos escolas agora, daqui a 20 anos faltará dinheiro para construir os presídios necessários". PCC, CV e outras, por sua dimensão, não são mais aprisionáveis.

As facções cuidam de tráficos e do domínio das áreas chamadas "de baixa renda" (como se salário mínimo e desemprego fossem renda). E deixam por sua conta de cidadã ou cidadão algumas reflexões sobre o que será se, um dia, as facções quiserem mais do que tráfico e domínio de áreas humildes. Afinal, força é poder.

 Fonte UOL

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