Não há mais
como frear delações da Odebrecht
Josias de Souza
27/01/2017 20:25
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Com a confirmação dos termos do depoimento de
Marcelo Odebrecht, reinquirido em Curitiba, as atenções se voltam para a
ministra Cármen Lúcia. A plateia fica na expectativa para saber se a presidente
do Supremo Tribunal Federal vai homologar, ela própria, esse acordo de
colaboração do ex-presidente e herdeiro da Odebrecht e também os outros 76
acordos de executivos da empreiteira.
Se quiser, a ministra pode se escorar num pedido de
urgência do procurador-geral da República Rodrigo Janot e liberar os acordos até
terça-feira, quando termina o recesso do Judiciário. Se preferir, Cármen Lúcia
pode transferir a batata quente para o próximo relator da Lava Jato, a ser
escolhido na semana que vem.
A essa altura não há mais espaço para deixar de
homologar as delações da Odebrecht. O que se discute é se isso vai ser feito
imediatamente ou em fevereiro. O substituto de Teori Zavascki na relatoria da
Lava Jato será escolhido por sorteio. Seja quem for, não ousará brecar delações
feitas espontaneamente, que se revelaram importantes para as investigações.
Os olhos estão voltados para o Supremo. Mas é na
primeira instância que a homologação das delações é aguardada com mais
ansiedade. A Lava Jato vai mudar de patamar. Como disse o procurador Deltan
Dellagnol em entrevista, a operação vai dobrar de tamanho e dará à luz novos
filhos ao redor do Brasil.
Houve espanto no Planalto com essa declaração. Em
Brasília, há uma torcida para que a Lava Jato tenha um fim. Não acabará tão
cedo. A amplitude das investigações causa um certo desespero. Mas o desespero
pode ser útil. Antigamente, o brasileiro se perguntava: onde é que nós vamos
parar. Hoje, autoridades e políticos é que se perguntam: quando vão nos deter?
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