Jornalista, assina a coluna Brasília. Na Folha, foi correspondente em Londres e
editor interino do 'Painel'. Escreve de terça a sexta e aos domingos.
Corrupção sem fronteiras
Alan Marques - 6.dez.2015/Folhapress
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Rolls-Royce usado nas posses presidenciais
exposto na entrada do Palácio do Planalto
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17/01/2017 02h00
BRASÍLIA - Um dos símbolos
mais conhecidos do poder é o Rolls-Royce preto que transporta os presidentes da
República. Comprado em 1953, o conversível sai da garagem nos dias de posse e
nos desfiles de Sete de Setembro. Em outros tempos, já deu carona à rainha
Elizabeth e ao general De Gaulle.
Nesta segunda (16), a marca britânica voltou ao
noticiário político por uma razão menos nobre: divulgou um acordo para encerrar
investigações por corrupção no Brasil. A Rolls-Royce pagará
multa de US$ 25,6 milhões por ter sido flagrada no petrolão. (Desde
os anos 70, a RR se divide em duas firmas com acionistas diferentes: uma produz
automóveis e a outra, investigada na Lava Jato, fabrica turbinas e aviões
militares).
A Rolls-Royce entrou na mira do Ministério Público
Federal quando Pedro Barusco, ex-gerente
da Petrobras, admitiu ter recebido suborno na compra de equipamentos para
plataformas. Seu depoimento dá uma boa amostra da banalização da roubalheira.
Ele diz que "não se recorda exatamente quem foi beneficiado na divisão das
propinas, mas lembra que foi beneficiado com pelo menos US$ 200 mil".
Enquadrada pelo órgão antifraude do seu país, a
Rolls-Royce também pagará multas milionárias às autoridades britânicas e
americanas. O valor total das punições supera a cifra de R$ 2,7 bilhões.
O acordo fechado pela empresa parece um roteiro
para a Odebrecht. A empreiteira baiana é suspeita de distribuir propinas em ao
menos 12 países. As investigações indicam que a prática era sempre a mesma, só
mudava o idioma do acerto.
Na economia globalizada, a gatunagem também
ultrapassa fronteiras. Não importa a cor do passaporte, e sim a relação custo-benefício
de tentar embolsar dinheiro fora da lei. O caso da Rolls-Royce deveria servir
de lembrete para quem pensa que basta trocar empresas brasileiras por
multinacionais para acabar com a corrupção
Fonte:UOL/Folha
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