sexta-feira, 27 de setembro de 2013

IBGE: NE tem maior crescimento de renda, mas desigualdade aumenta



A região Nordeste foi a que registrou maior aumento de renda entre 2011 e 2012, com o rendimento do trabalho subindo 8,1% acima da inflação, segundo dados divulgados nesta sexta-feira, 27, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em todo o Brasil, o crescimento médio da renda real foi de 5,8%.


Apesar disso, a região foi a única na qual a desigualdade de renda fruto de trabalho cresceu entre 2011 e 2012. O Índice de Gini, indicador que mede a concentração de renda, subiu de 0,520 para 0,529 no Nordeste neste período, se distanciando ainda mais da média do Brasil, que passou de 0,501 para 0,498.

Esse comportamento aparentemente contraditório, diz o professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Antonio Corrêa de Lacerda, pode estar ligado exatamente ao fato de a região Nordeste ser palco de grandes diferenças sociais e econômicas. "O crescimento da renda não supera as desigualdades que existem nessa região", afirma.

Salário mínimo

Segundo o IBGE, 45% da população do Nordeste recebe até um salário mínimo. No ano passado, o reajuste do salário mínimo foi de 7,5% acima da inflação, inferior, portanto, ao aumento médio verificado na região. Outros 19% da população recebem entre 1 e 2 salários mínimos.

Em todo o Brasil, houve aumento de 8,8% entre 2011 e 2012 na quantidade de trabalhadores com 15 anos ou mais de idade que ganhavam menos de um salário mínimo, chegando a um total de 26 milhões de pessoas.

Para o professor da PUC-SP, esse crescimento pode ser derivado do forte aumento do salário mínimo no ano passado. Segundo ele, os trabalhadores que recebiam apenas um pouco acima desse valor até 2011 podem ter migrado para a faixa de rendimento de um salário mínimo após o reajuste de 2012.

Benefícios fiscais

Para Lacerda, o que pode explicar o reajuste médio real do salário no Nordeste ter superado o aumento do salário mínimo é o grande contingente de trabalhadores que ganham pouco.


"Como o salário é muito baixo, há espaço para aumento acima da média", afirma, acrescentando que a economia no Nordeste tem apresentado 
fôlego, dado a grande quantidade de empresas que foram atraídas com benefícios fiscais e decidiram aproveitar o potencial do consumo local.

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