IGOR GIELOW
DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Brasil aprofundou sua cooperação militar com a Rússia ao fechar a compra de
R$ 2 bilhões em baterias antiaéreas e admitiu participar da produção do caça de
próxima geração que está sendo desenvolvido por Moscou.
Segundo o ministro Celso Amorim (Defesa), nada impede a participação
brasileira no projeto do Sukhoi T-50, caça que tem cinco protótipos voando e que
servirá de base para um modelo a ser produzido em conjunto com a Índia.
Amorim fez o comentário após reunião com seu colega Sergei Shoigu. Reafirmou
que o processo para comprar caças de geração atual, o F-X2, segue com três
concorrentes: o americano F/A-18, o francês Rafale e o sueco Gripen NG.
Os russos não fizeram ofertas formais de seu modelo atual, que ficou de fora
do F-X2, o Sukhoi-35. Segundo a Folha apurou, contudo, a Força Aérea
recebeu uma consulta informal para receber uma espécie de "combo".
Brasil negocia compra de caças
O Sukhoi T-50, caça de quinta geração da Rússia, pode ser
comprado para a FAB e que servirá de base para um modelo a ser produzido em
conjunto com a Índia
Pela oferta, o Brasil receberia Sukhoi-35 para substituir seus Mirage-2000
que serão aposentados neste ano enquanto o T-50 não atingir estágio operacional,
o que deve ocorrer só após 2016. O novo caça só deverá ter produção comercial no
fim da década.
No encontro com Amorim, Shoigu falou genericamente que poderia fazer leasing
de equipamento militar russo. Isso foi lido com uma senha para a solução
intermediária.
A compra dos caças se arrasta desde 2001. O F/A-18 tinha superado o Rafale no
favoritismo, mas o escândalo da espionagem americana travou o negócio
politicamente. A ampliação da cooperação com a Rússia ocorre no momento em que a
relação Brasil-EUA está abalada.
O T-50 é o projeto de caça de quinta geração em estágio mais avançado no
mundo. Só os EUA têm um avião deste tipo hoje, o F-22. A denominação é genérica
e indica a adoção de itens como alto índice de informatização e capacidade de
voo furtivo, o chamado "invisível ao radar". Sua grande vantagem é a abertura da
Rússia a cooperações -os EUA não vendem o F-22.
Para que a negociação ande, os russos deverão melhorar seu pós-venda. Segundo
a Folha apurou, a delegação de Shoigu recebeu reclamações sobre peças de
reposição e manutenção dos helicópteros de ataque Mi-35 que estão sendo
fornecidos à FAB.
O fato de ter sido sacramentado o próximo passo para a compra de baterias
antiaéreas Pantsir-S1, um produto de alta tecnologia, indica que o Brasil deu um
voto de confiança a Moscou.
Amorim ressaltou que a ideia não é a compra em si, mas a capacitação
tecnológica. A previsão é de que uma empresa brasileira, que poderá ser a
Odebrecht Defesa, venha a produzir a arma. O contrato deverá ser assinado em
meados de 2014. Prevê a compra de três baterias mais duas de lançadores Igla-S.
Editoria de arte/Folhapress | ||
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