A EX- CIDADE DORMITÓRIO
Salvador começa a sair da inércia. Prefeitura e governo do Estado parecem decididos a investir na mobilidade urbana e em melhorar a infraestrutura da cidade. Mas para tirar Salvador do fundo do poço é preciso que, concomitante à mudança de sua feição urbana, se recupere seu dinamismo econômico. E para isso é preciso repensar o futuro econômico da cidade, até porque a cidade de hoje é outra. Houve tempo, por exemplo, em que se dizia que Salvador era uma cidade dormitório, uma alusão ao fato de que as indústrias ficavam localizadas fora da cidade, mas os trabalhadores continuavam vivendo aqui. Os analistas reclamavam dessa situação. Este economista, pelo contrário, sempre viu nisso uma maneira da cidade se apropriar de parte do excedente gerado no seu entorno. O trabalhador ganhava seu dinheiro fora dos limites da cidade, mas o gastava aqui. Hoje tudo mudou, não há mais cidade dormitório, as novas fábricas implantadas na RMS exigem que seus trabalhadores morem nas proximidades e não oferecem mais transporte. Além disso, o comércio e as atividades econômicas cresceram tanto em Lauro de Freitas e Camaçari que agora o que se ganha aí é gasto aí. Para completar, esses munícipios passaram atrair empresas antes sediadas aqui com incentivos como a redução do ISS. Salvador já não é uma cidade dormitório, já não pode se beneficiar do excedente da indústria alheia e precisa viabilizar seu próprio desenvolvimento, dinamizar as atividades tradicionais – comércio, turismo, construção civil e implantar ou desenvolver novos ramos econômicos. O Rio de Janeiro, por exemplo, que por muito tempo foi uma cidade decadente, resgatou seu desenvolvimento e sua autoestima, não apenas com as obras de infraestrutura e mobilidade urbana, que foram muitas, mas também com um programa ambicioso que tornou a cidade um polo econômico. Em resumo: está na hora de repensar antiga cidade dormitório e propor uma novo plano econômico.
Armando Avena
Bahiaeconomica
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