quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Ex-diretor da CPTM na gestão tucana em SP sabia de acordo, diz ex-executivo da Siemens


Segundo seu depoimento, revelado pelo "Jornal Nacional", da TV Globo, o então diretor de operações da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), João Roberto Zaniboni, sabia do acordo entre as empresas que disputavam concorrências para o fornecimento e manutenção de composições.

As fraudes nas licitações ocorreram entre 1998 e 2008, durante as administrações de Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra, do PSDB, no governo do Estado. O ex-funcionário dirigiu a área de assuntos ferroviários da Siemens de 2001 a 2007, e foi quem deu origem às investigações sobre o cartel.
Ele disse à Promotoria que representantes das empresas se reuniram na sede da francesa Alstom para discutir o edital para a manutenção de trens das séries S2100 e S3000 da CPTM quando a concorrência já estava em vigor.

"A Siemens apresentou uma proposta para a série S2000 para posteriormente vencer o projeto S3000", disse ele, segundo o depoimento divulgado pelo "JN". Semanas antes da apresentação da proposta, a testemunha foi chamada por Zaniboni à sede da CPTM e ouviu dele a garantia de que a Siemens venceria o projeto S3000.

Um terceira reunião, na sede da consultoria de Arthur Teixeira --investigado na Suíça por lavagem de dinheiro-- teria definido o resultado. Nesse encontro, seis empresas definiram que a proposta vencedora deveria ser um pouco abaixo do valor do orçamento. A proposta de cobertura teria um preço um pouco mais alto do que aquela que seria escolhida.
Zaniboni negou as acusações e, segundo a TV Globo, afirmou que "não soube, não incentivou nem participou de qualquer acordo". Teixeira não respondeu aos contatos da emissora. Alstom, Siemens e a CPTM disseram colaborar com as investigações.
A empresa francesa negou ainda que tenha havido combinação de preços. O PSDB afirmou esperar apuração do caso e punição dos culpados.
BENS BLOQUEADOS
No início do mês, a Justiça Federal determinou o sequestro de R$ 2,98 milhões em contas de João Roberto Zaniboni, mais R$ 2 milhões de sua consultoria e R$ 1 milhão de seu sócio, Ademir Venâncio de Araújo, também ex-diretor da CPTM.
A filha de Zaniboni, Milena Colombini Zaniboni, também foi atingida com o sequestro de uma aplicação de R$ 1,9 milhão feita de uma vez em um fundo de previdência. Arthur Teixeira teve sequestrados R$ 9,74 milhões em contas bancárias e investimentos, mais R$ 19,5 milhões de sua consultoria e outros R$ 19,5 milhões de uma empresa de seu sócio Sérgio Teixeira, que morreu em 2011.
Investigações do Ministério Público da Suíça sobre pagamento de propinas pela Alstom para a obtenção de contratos com o governo paulista identificaram repasses da empresa para Teixeira e Zaniboni.


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