O FUTURO É INCERTO POR DEVER DE OFÍCIO
A antecipação da campanha presidencial é um dos fatores que tem prejudicado a economia brasileira, pois coloca o país num compasso de espera que termina por adiar os novos investimentos. As expectativas são cada vez mais estudadas no âmbito da Ciência Econômica, pois são fundamentais na tomada de decisão. Por isso, para a economia brasileira, introduzir a discussão sobre uma eleição que só vai ocorrer daqui um ano e meio é agregar mais um elemento de incerteza num ambiente já desfavorável, por conta das grandes incertezas que pairam na economia mundial. Além disso, o acirramento do processo político, resultante da antecipação do processo eleitoral, tende a tornar mais difícil a aprovação de projetos estruturantes que são inadiáveis, tendendo a deslocar a visão dos agentes públicos para a eleição e fazendo com que os agentes econômicos fiquem na espreita, e, muitas vezes, adiem a decisão de investir. O nível de investimento no Brasil é um dos mais baixos entre os países emergentes e já se sabe que o consumo sozinho não sustenta ciclos longos de crescimento econômico. Por outro lado, o investimento tem um efeito multiplicador que se espraia por toda a economia, de tal modo que o investimento em um setor termina por dinamizar vários outros setores. O velho Keynes dizia que são três os fatores que influem na decisão de investir: o nível de capacidade instalada ou, ao revés, de capacidade ociosa; a taxa de juros, comparada com o retorno do capital; e as perspectivas empresariais sobre a atividade econômica no futuro. Ora, se a taxa de juros está em processo de alta, se o nível da capacidade ociosa da economia é alto, da ordem de 80%, e as perspectivas dos empresários estão submetidas a um cenário de incerteza interna e externa, não há muito espaço para o investimento. “O futuro é incerto por dever de ofício”, por isso quanto menos elementos forem introduzidos no cálculo das expectativas melhor. Nesse sentido, a antecipação da disputa pela Presidência da República não boa é para o país, assim como a antecipação da disputa pelo governo do Estado também não é boa para a Bahia, pois desvia o foco da gestão administrativa para a gestão política. Mas essa é apenas a visão do economista, na visão do político há mais razões do que sonha nossa vã filosofia para justificar a hora e a vez de fazer política.
SALVADOR E A OCUPAÇÃO URBANA
Salvador precisa com urgência definir critérios definitivos para a Lei do Uso e do Solo e para o PDDU. Isso porque existem áreas na cidade que estão adquirindo caraterísticas imobiliárias novas e com isso a valorização dos imóveis nessas regiões está crescendo acima da média. Afora a orla, duas áreas chamam atenção de imediato: as imediações do dique do Tororó e adjacências e o Comércio, nas imediações da Avenida da França. Em ambos os casos é preciso estabelecer nova regras para a ocupação urbana.
No primeiro caso, a inauguração de um equipamento do porte e da qualidade da Itaipava Arena Fonte Nova já redefiniu os padrões imobiliários do local e o preço do metro quadrado na região triplicou nos últimos meses.
Já na área do comércio, a abertura da esplanada sobre a Avenida da França, descortinando o mar, e a implantação do terminal de passageiros do Porto de Salvador, que será inaugurado em meados do ano, está transformando o local em área nobre para a expansão da hotelaria e do turismo.
A Câmara de Vereadores precisa, portanto, legislar sobre o tecido urbano da cidade.
A leitora Sabrina Gledhill comentou, na coluna Espaço do Leitor, minha proposta de substituição do muro do cemitério dos ingleses na ladeira da Barra por uma grade. Segundo ela, o cemitério dos ingleses foi aprovado pelo Conde dos Arcos em 1811 e tombado em 1993 e alguns túmulos estão encostados no muro, que, portanto, deveria ser preservado. Quero dizer a leitora, e aos leitores, que tenho o maior apreço pelo cemitério histórico e pela história inglesa na Bahia. Aliás, estou nesse momento finalizando um romance que, aborda, entre outras coisas, a participação deles na revolta dos Malês.
Mas tomba-se aquilo que tem valor histórico e o muro não tem nenhum, por isso substituí-lo por uma grade – com os cuidados necessários para que os túmulos, estes sim tombados, não sejam prejudicados – é uma reivindicação dos soteropolitanos que querem manter a sua história e seu patrimônio e, ao mesmo tempo, apreciar o belo mar da Bahia de Todos os Santos.
Aliás, quando propus nesta coluna que os armazéns do Porto de Salvador fossem derrubados houve quem defendesse aqueles barrocões de adobe, sem qualquer valor patrimonial. Hoje, felizmente, alguns desses armazéns foram ao chão, descortinando a inigualável vista da Bahia de Todos os Santos, que – essa sim – deveria ser tombada, proibindo-se qualquer construção que vede o azul do mar da Bahia
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MÃE STELLA
A eleição de Maria Stella de Azevedo Santos, Mãe Stella de Oxóssi, para a cadeira de número 33 da Academia de Letras da Bahia, que pertencia ao meu saudoso amigo Ubiratan Castro, foi uma homenagem a cultura e a história da cidade da Bahia e uma mensagem de liberdade e respeito à diversidade, valores que sempre caracterizaram aquela casa. Jorge Amado, que cantou como ninguém a beleza e a diversidade do povo da cidade da Bahia, deve estar feliz. Que a nova confrade seja muito bem vinda ao Palacete Góes Calmon.
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