segunda-feira, 29 de abril de 2013

MATHIAS BECKER – DIRETOR-PRESIDENTE DA RENOVA ENERGIA

 
Entrevista e publicação de Bahiaeconômica


Bahia Econômica: A Renova Energia é uma das principais empresas da cadeia de produção eólica da Bahia. Quanto já foi investido na Bahia e qual a perspectiva de novos investimentos?Mathias Becker: Nosso primeiro investimento na Bahia foi de R$ 1,2 bilhão, na construção do Complexo Eólico Alto Sertão I, localizado no Sudoeste baiano, mais precisamente entre os municípios de Caetité, Guanambi e Igaporã. Inaugurado em julho de 2012, é considerado o maior empreendimento do gênero da América Latina.  Ainda em novembro do ano passado, iniciamos a construção do Complexo Eólico alto Sertão II, na mesma região, com investimentos de são de R$ 1,4 bilhão. Também já temos de investir a partir de final de 2014 a 2017 mais R$ 2 bilhões na região. Além disto, estamos investindo R$9,4 milhões no Programa Catavento, que reúne 15 projetos nas áreas social, ambiental, de desenvolvimento econômico e cultural e patrimonial.
BE: Recentemente a Renova firmou acordo com a empresa Alstom da ordem de 1 bilhão de euros para o fornecimento de aerogeradores e serviços de operação e manutenção. Isso significa que a Renova vai ampliar o seu parque eólico e participar de leilões em novas áreas?
MB:
Formalizamos recentemente um contrato com a Alstom, líder global em infraestrutura ferroviária e geração e transmissão de energia, que deu início a uma das maiores parcerias no mercado mundial de aerogeradores on-shore. O montante da operação é de mais de €1 bilhão. A parceria envolve o fornecimento ao longo de aproximadamente três a quatro anos de cerca de 440 aerogeradores, que juntos possuem capacidade mínima instalada de 1,2 GW, além dos serviços de operação e manutenção. Este volume de energia equivale à quase totalidade da geração atual do mercado eólico brasileiro. Certamente este contrato é totalmente voltado para projetos futuros de ampliação e construção de novos parques, de forma que a Renova Energia permaneça na liderança do setor eólico nacional. Em relação à comercialização, vamos continuar participando de leilões para o fornecimento de energia ao mercado regulado, mas também estamos focando fortemente no mercado livre. O objetivo da empresa é manter um equilíbrio entre o mercado regulado e livre.
BE - Qual a vantagem comparativa da Bahia nesse segmento e qual os motivos que levaram a Renova a escolher o estado para os seus investimentos?MB – A principal vantagem comparativa da Bahia são os ventos e a estratégia do governo da bahia de criar condições para os investimentos dos agentes da indústria da energia eólica no estado. eólica. O Nordeste detém 30% do potencial de produção de energia eólica do Brasil e deste total 15% estão na Bahia. Costumamos dizer que a área onde estamos atuando é uma “mina” de vento. São ventos com velocidade constante, baixa turbulência e poucas rajadas.  Além disto, o Governo do Estado tem atuado fortemente na atração de empresas para a formação de toda a cadeia produtiva do setor eólico, o que nos dará maior competitividade. Exemplo disto é a própria Alstom que, já como resultado do contrato que citamos anteriormente, está ampliando sua fábrica no estado.
BE: Em termos de geração de emprego e produção de energia na Bahia, quais os números da Renova?MB: A Renova Energia é líder na geração de energia eólica contratada com 1.081MW, sendo 681MW mercado regulado e 400MW no mercado livre. O Alto Sertão I, já implantado, tem capacidade instalada de 294 megawatts, energia suficiente para abastecer 540 mil residências. No final do ano passado, iniciamos a implantação do Complexo Eólico Alto Sertão II, composto por 15 parques com capacidade instalada de 386,10MW, energia que pode abastecer uma cidade com cerca de 1,9 milhão de habitantes. Toda a energia do Alto Sertão II foi comercializada pela Renova em dois Leilões: LER (Leilão de Energia de Reserva) 2010 e do LEN (Leilão de Energia Nova) 2011.  No LER 2010 são 6 parques (167,70 MW), com previsão de conclusão em setembro de 2013;   e no LEN de 2011,  são 9 (218,40MW), previsão de conclusão em março de 2014. No pico da implantação, geramos 3.900 diretos e indiretos. Além disto, nossas operações na Bahia tem sido mais um incentivo para empresas da cadeia produtiva se instalarem no estado, o que amplia ainda mais a geração de empregos.
BE: A geração de energia eólica precisa de linhas de transmissão que são construídas pela Chesf. A linha que serve ao primeiro parque da Renova já foi concluída?MB: Não, mas estamos acompanhando todo o processo e auxiliando a Chesf na busca de soluções para agilizar a conclusão desta linha.
BE: A demora na construção de linhas de transmissão pode ser um gargalo para os novos projetos da Renova, causando prejuízos ao estado?
MB:
De maneira nenhuma. Assim como entregamos nosso primeiro empreendimento no prazo acordado com o Governo Federal, iniciamos as obras do segundo empreendimento e vamos concluí-lo também dentro do prazo estabelecido.
BE: Qual a vantagem para os proprietários de terras quando são implantados torres de produção de energia?MB: A Renova trabalha com arrendamento de terras para a colocação das torres e esta fórmula agrega uma renda adicional para os proprietários e gera um impacto social significativo nas regiões onde atuamos. A convivência entre as atividades de geração de energia eólica e agropecuária são compatíveis. Nesse modelo, o proprietário garante uma renda mensal extra e permanece como legítimo dono de sua terra, podendo continuar a desenvolver suas atividades econômicas tradicionais. Consideramos que este é um modelo sustentável.
BE: Como o governo do estado tem apoiado a Renova em termos de infraestrutura e logística?MB:Desde a chegada da empresa no estado observou-se que o governo sempre esteve atento ao desenvolvimento da cadeia de eólica no estado. Como exemplo citamos as licenças ambientais emitidas com maior agilidade que em outros estados. Também o governo estabeleceu um diálogo constante com os empreendedores o que resultou na criação de mecanismos para fixar e atrair outros agentes da cadeia produtiva da indústria eólica. A parceria com a Bahia tem sido fundamental para o setor de energia eólica.

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