quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Wagner anuncia metrô até Cajazeiras

por
Fernando Duarte
Publicada em 22/08/2013  Tribuna da Bahia


Empolgado com o que considerou uma resolução para o problema do sistema metroviário de Salvador, a escolha da empresa vencedora da licitação, o governador Jaques Wagner antecipou uma medida que deve ser anunciada apenas em setembro pela presidente Dilma Rousseff, um aporte de R$ 700 milhões para ampliar o metrô de Pirajá até Águas Claras. “A presidente Dilma deu um presente para a Bahia, um presente de R$ 700 milhões para levar o metrô de Pirajá até Águas Claras, para atender toda a população de Cajazeiras, que vai ser integrado ao atual sistema”, apontou Wagner.

De acordo com o governador, a medida, no entanto, ainda não possui um cronograma completamente definido. “Em setembro, a presidenta vai anunciar mais uma etapa do PAC da Mobilidade Urbana e Salvador vai ser contemplada. Não tenho detalhes técnicos, mas posso antecipar que o metrô vai chegar até Cajazeiras”, afirmou Wagner.

Segundo o chefe de gabinete da Secretaria de Desenvolvimento Urbano, Eduardo Copello, a previsão é que o Grupo CCR, vencedor da licitação em vigor, conclua os estudos e os projetos da extensão até Águas Claras em 180 dias e, então, haverá uma avaliação da modalidade adequada para construir o trecho e iniciar a operação, podendo ser realizada uma nova licitação. Ou até mesmo adicionado ao contrato da licitação atual, conforme avaliação do governador.

“As quatro empresas que manifestaram interesse em participar do processo foram informadas dessa extensão e, a depender da tramitação jurídica, o Grupo CCR pode ficar responsável”, sugeriu Wagner. Ainda que não haja uma previsão clara para a chegada do metrô até Cajazeiras, o governador sinalizou alguns marcos que devem ser seguidos para a conclusão da obra da licitação em curso.

Segundo Wagner, até junho de 2014 o primeiro trecho deve entrar em operação, ligando a Estação da Lapa à Estação Retiro, e o segundo tramo da linha 1, até Pirajá, até dezembro do mesmo ano.

 Na sequência passam a ser realizados os trâmites para as conclusões das estações na região da atual Rodoviária, do Imbuí e, finalmente, de Lauro de Freitas. Wagner, todavia, admitiu a hipótese de adiamento da operação do primeiro tramo para setembro do próximo ano, com operação de teste durante a Copa do Mundo de 2014.

“Agora vou me dedicar ao trem metropolitano, para dar uma solução a um outro problema”, profetizou o governador, citando o projeto de criação de um sistema baseado na proposta de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) ligando a capital baiana a municípios da região metropolitana como Camaçari, Simões Filho e Dias D’Ávila. “Temos que comemorar. O metrô de Salvador é a primeira obra do PAC do Metrô a ser licitada no Brasil”, concluiu Wagner, sem esquecer da razão da coletiva de imprensa.

CPC vence licitação
Única inscrita no leilão do sistema metroviário de Salvador na BM&F Bovespa, a Companhia de Participações em Concessões (CPC) foi declarada vencedora do certame na tarde de ontem, após a abertura do envelope contendo a proposta econômica. De acordo com o documento, a contrapartida do estado para a operação do sistema será de R$ 127,6 milhões, equivalente a 5,05% de deságio com relação ao teto estabelecido no edital. Segundo o governador Jaques Wagner, “foi um alívio” ter resolvido um imbróglio que perdurava 13 anos, desde o lançamento do edital do infindo metrô.

“Essa foi a segunda etapa, mas com cheiro de última. Apesar de ser o único concorrente, o Grupo CCR apresentou uma proposta com 5,05% de desconto, abaixo da expectativa inicial”, comemorou Wagner, em coletiva em Salvador, momentos após a declaração da vencedora da licitação.

 Para o governador, a participação de um grupo empresarial que controla mais de dois mil quilômetros de rodovias em São Paulo, no Rio de Janeiro e no Paraná sinaliza a confiabilidade do projeto, ainda que outras três empresas inicialmente interessadas em participar do projeto tenham desistido após o último adiamento do leilão, prorrogando o prazo para inscrição por mais um mês. “Mesmo estando sozinho, o Grupo CCR ainda deu desconto”, frisou o chefe do Executivo baiano.

O cronograma, segundo Wagner, continua dentro da previsão inicial, com início de operação do primeiro trecho até a Copa do Mundo de 2014. “Na medida que é uma concessão, nós temos que limitar a taxa de retorno, que no caso do metrô de Salvador ficou em 8%. A licitação da linha 6 do metrô de São Paulo, com taxa de retorno de 9%, ficou deserta. Agora, finalmente o metrô de Salvador vai entrar na linha”, previu o governador. Em modelo de Parceria Público-Privada, as obras preveem investimentos de R$ 3,6 milhões, com recursos oriundos do governo federal, do governo estadual e da própria iniciativa privada.

De acordo com o atual morador do Palácio de Ondina, a terceira etapa do processo de licitação acontece amanhã, com o acesso ao último volume de documentos, uma série de comprovações jurídicas, fiscais e econômico-financeiras. Tais certidões, na avaliação de Wagner, não devem mudar o resultado do leilão, celebrado ontem em São Paulo com a participação dos secretários estaduais da Casa Civil, Rui Costa, e do Desenvolvimento Urbano, Cícero Monteiro. “Temos que comemorar com o povo de Salvador, que sofre há mais de uma década com esse metrô que nunca acaba, ou melhor, nunca acabava”, vibrou o governador. “E na segunda-feira o Grupo CCR vai estar na Bahia para começar a parte final do processo”, antecipou.

Wagner fala em decepção
Em meio às declarações festivas pela escolha do Grupo CCR para executar as obras e operar o sistema metroviário de Salvador – tanto a linha 1, parcialmente construída, quanto a linha 2, ligando a capital baiana a Lauro de Freitas –, o governador Jaques Wagner não escondeu a “decepção” com as construtoras que pediram o adiamento do leilão e, ao final do processo, sequer se inscreveram no processo. Mesmo sem falar diretamente os nomes dos conglomerados da construção civil, Wagner deixou transparecer o descontentamento com o consórcio formado pela OAS, a Odebrecht e os empresários do setor rodoviário da capital baiana. “Não nego certa frustração por duas empresas grandes da Bahia terem desistido do processo”, apontou.

“Acho que elas tiveram pouco carinho com a terra onde nasceram. Não estou aqui para fazer julgamento, mas eles alegaram que seria necessário um investimento de R$ 700 milhões a mais do que o previsto. E antes alegaram que era necessário um investimento a mais de R$ 1,2 bilhão. Quem deve estar chateado agora são eles, pois deixaram uma empresa de fora fincar espaço na Bahia”, explicou o governador, sem citar nominalmente as empresas. Para ele, o fato de duas construtoras, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez, fazerem parte do consórcio Metrosal, responsável pelo primeiro trecho não finalizado do metrô, e terem participação societária no Grupo CCR não interfere na licitação celebrada.

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