O banco Santander
adquiriu uma fatia de 40% na BW Guirapá I, sociedade de propósito específico
criada para construir e operar sete parques eólicos, num total de 170 MW de
potência, no sul da Bahia. Os 60% restantes pertencem à Brazil Wind, subsidiária
da Brazil Energy, holding controlada pelo fundo de private equity da gestora de
recursos carioca Nova Investimentos.
A transação, concluída há um mês, incluiu uma operação de aumento de capital,
na qual o banco se comprometeu a injetar até R$ 155 milhões na empresa, em duas
fases. Até o momento, o Santander já desembolsou R$ 50 milhões. Apesar das
participações desiguais, pelo acordo assinado entre as sócias, o controle da
empresa será compartilhado.
O investimento total previsto nos parques é de R$ 630 milhões. Os sócios
esperam obter entre o fim deste ano e o início de 2014 o montante de R$ 420
milhões de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES). Enquanto isso, as partes fizeram um empréstimo-ponte com o Bradesco.
Os parques venceram contratos no leilão de energia de reserva de 2011, ao
preço de R$ 97,89 por megawatt-hora (MWh). Esse valor corrigido está em torno de
R$ 109/MWh. Os projetos, cuja construção começou há pouco mais de um mês, estão
previstos para entrar em operação em julho de 2014. A conexão com o sistema
interligado nacional (SIN) depende de uma estação coletora da Chesf, prevista
para entrar em operação um mês antes do parque.
Esse é o primeiro negócio feito entre as duas partes. "A linha da Brasil
Energy casa muito com a linha do Santander", afirma Luis Eduardo Rangel,
superintendente executivo do Santander responsável por investimentos em energias
renováveis.
Segundo ele, o Santander participa atualmente de projetos eólicos de 600 MW
de capacidade em construção e que já possuem contrato de compra e venda de
energia de longo prazo.
No início de agosto, o Santander colocou em operação o seu primeiro parque
eólico, localizado no Ceará. O projeto, chamado Icaraí, feito em parceria com a
Martifer, tem 16,8 MW de potência e faz parte de um complexo eólico de
aproximadamente 95 MW de capacidade instalada.
Segundo Rangel, o Santander não tem uma meta estratégica a ser alcançada em
médio prazo no setor eólico. Ele, porém, diz que "o apetite do banco para
projetos de infraestrutura de energias renováveis é muito grande".
Já a Nova Investimentos tem visão mais definida para a atuação da Brazil
Energy. "Esperamos alcançar 850 MW de projetos em operação até 2020", diz o
diretor executivo da Nova Investimentos, Frederico Robalinho. Além dos parques
eólicos, a Brazil Energy possui a termelétrica Termocabo, de 50 MW, em operação
em Pernambuco. A usina tem contrato de compra e venda de energia com prazo de
vencimento até 2024.
Tanto o Santander quanto a Nova Investimentos estão receosos com relação ao
próximo leilão de energia de reserva, voltado para fonte eólica, marcado para
sexta-feira. Além do aumento do rigor do governo com relação à produção de
energia e à conexão dos parques com o sistema elétrico, a recente variação
cambial vai impactar a compra dos equipamentos aerogeradores. Na avaliação dos
dois executivos, o aumento do risco provocado por essas mudanças pode não ser
comportado dentro do preço-teto fixado pelo governo, de R$ 117/MWh, para o
leilão.
Fonte: Valor Econômico
Em 21/08/2013.
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