domingo, 25 de agosto de 2013

Coluna A Tarde: A cidade renasce




 
A prefeitura municipal está a preparar um plano urbanístico –boa parte já concluído- que, presume-se, se não houver empecilhos inesperados, irá mudar o perfil da cidade em diversos bairros,  repaginando Salvador para dotá-la de características modernas e atrativas. Os projetos de ACM Neto, condicionados, naturalmente, a recursos já negociados, estabelecerão, especialmente nas suas orlas Atlântica e da Baía de Todos os Santos, inicialmente, a sensação de uma nova cidade litorânea. O que se espera é a conjugação desses esforços com os projetos já anunciados pelo governo Wagner, que dará à velha Salvador a mobilidade que ora inexiste, com a reestruturação do setor norte – avenida Paralela, ligações por metrôs, ampliação de pistas, construção de novos viadutos e avenidas que cortarão a cidade transversalmente, na direção da BR-324, dos subúrbios ferroviários, tudo a partir de mudanças estruturantes que se iniciarão na Avenida Octávio Mangabeira, ou proximidades.
 
O importante é que os projetos municipais e do governo do estado se casam perfeitamente, coincidência ou não, facilitando a mudança da concepção de uma “nova” Salvador. As informações partem, ainda coincidentemente, dos dois chefes das Casas Civis da prefeitura e do governo, respectivamente Albérico Mascarenhas e Rui Costa. Em separado, os dois falaram com o mesmo direcionamento. O diferencial é que cada esfera tem os seus projetos e seus momentos de ação, que também, devem ter início de forma concomitante.
 
Neto pretende iniciar a sua revolução urbana a partir do Porto da Barra, seguindo na medida em que as etapas sejam vencidas, em direção a Ondina, recuperando o belo bairro boêmio do Rio Vermelho até a Praça da Mariquita. O governo cuidará do trecho que parte de Amaralina, avançando pela Pituba até o Jardim de Alah, que será reurbanizado pela prefeitura, assim como o novo shopping da Boca do Rio, que se unirá ao Parque Atlântico que terá continuidade com as obras já iniciadas na Boca do Rio (o antigo aeroclube que irá ao chão) na antiga sede do E.C Bahia. Daí em diante até Stella Mares em alguns trechos prefeitura e governo estadual trabalharão, senão em parceria, pelo menos no mesmo sentido.
 
Como o metrozinho, que teria sido objeto de deslavada corrupção, indo até Pirajá e, de lá, cortando o populoso bairro de Cajazeiras para chegar até Águas Claras, a mobilidade ficará fácil para encontrar a orla da Baía de Todos os Santos. Nas praias de Paripe e de Tubarão, a prefeitura de Salvador projeta um reforma semelhante à do Porto da Barra. Na Barra (Porto e Farol) as mudanças serão profundas. A começar com a transformação da área do Porto num espaço digno, onde hoje pontuam pousadas usadas para a exploração da prostituição. Isto acabará, assim como as casas degradadas do Farol da Barra que são utilizadas exclusivamente para alugueis durante o Carnaval, quando são transformadas em camarotes caríssimos. Tais espaços receberão da prefeitura tratamento que impedirá esse processo, através de taxações tributárias altíssimas, ou até desapropriação pelo valor que valem, ou seja, quase nada, de modo a inviabilizar aquilo que hoje se vê e que dá à cidade, num dos seus pontos tidos com cartão postal de Salvador, uma imagem de desprezo e abandono, o que na verdade é.
 
O governador Jaques Wagner e o prefeito ACM Neto, através de projetos urbanos preconcebidos entre ambos ou por acontecer sem que se imaginasse o encontro e entrosamento urbano, poderão até o final de o próximo ano contemplar Salvador com uma identidade moderna sem que haja perda de um dos seus atrativos mais importantes, que é o fato de ser uma cidade histórica. Resta saber o que acontecerá com os casarões da Praça Cairu, no corredor do Elevador Lacerda, que estão sendo, lentamente, destruídos por desmoronamentos ou por incêndios. Hoje, em bom número, estão escoradas para não desabar. Esta resposta deve ser dada pelo Iphan, que receberá, segundo se anuncia, recursos para cuidar do Centro Histórico, ora degradado.
 
As perspectivas para Salvador, abandonada que foi, além de espoliada em todos os sentidos, remetem a esperanças. Espera-se que os projetos do governo e da prefeitura da cidade não demorem. Porque já tardam, na medida em que a velha urbis de Thomé de Souza tem sido maltratada ao longo do tempo por administrações caóticas, despreparadas, senão indecentes. Com exceções, obviamente.
 
*Coluna de Samuel Celestino publicada no jornal A Tarde deste domingo (25)

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