Agência AFP
Tags: Ciência e Vida
Cientistas anunciaram nesta quarta-feira a criação de uma janela capaz de
regular a quantidade de luz e calor que entra em um edifício quando ativada
eletricamente.
Uma equipe de cientistas moleculares e de materiais dos Estados Unidos e da
Espanha criou um filme transparente usando nanocristais - amontoados
microscópicos de átomos capazes de mudar o comprimento de onda da luz.
"Pequenas janelas e, especificamente, janelas eletrocrômicas (que mudam a cor
ou a transparência usando carga elétrica) já foram desenvolvidas, mas nossa
solução é a primeira a oferecer um controle integrado sobre o calor e a luz
visível", explicou à AFP a co-autora do estudo, Delia Milliron, do Laboratório
Nacional Lawrence Berkeley, da Califórnia.
No projeto, publicado na revista científica Nature, a janela é uma célula
eletroquímica com duas vidraças, separadas por um eletrólito líquido
eletricamente condutivo.
O filme é disposto sobre uma vidraça para criar um eletrodo que passa uma
carga elétrica para um contra-eletrodo na outra vidraça.
Sem a corrente elétrica, a janela fica transparente. Uma carga faz com que as
nanopartículas do revestimento comecem a bloquear as ondas de calor, enquanto a
janela permanece transparente, e mais carga faz a luz também ser bloqueada.
De acordo com o engenheiro da Universidade do Texas, Brian Korgel, que
comentou o estudo, edifícios residenciais e comerciais respondem por 40% do uso
de energia e por 30% das emissões de carbono relacionadas com a energia nos
Estados Unidos.
Para economizar energia, são necessários novos materiais para regular melhor
as necessidades de aquecimento e iluminação dos prédios.
O novo estudo representa "um grande avanço no desenvolvimento destes
materiais", disse Korgel.
Mas alguns problemas precisam ser resolvidos antes que o material possa ser
usado em janelas, inclusive a substituição do altamente inflamável metal de
lítio, usado como contra-eletrodo, e encontrar um eletrólito sólido.
"Os materiais necessários para construir uma janela eletrocrômica serão mais
caros do que os materiais empregados em janelas convencionais, assim o gasto
extra precisará equilibrar a economia de energia e de custos que poderão ser
obtidos com o seu uso", afirmou Korgel.
Segundo Milliron, o material foi concebido tendo em mente prédios, mas também
pode ser empregado em janelas de carros e aviões.
Publicação A Tarde
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