Bahia espera colher 2,8 mil toneladas de guaraná até abril Taperoá, município do baixo sul, é a maior produtora mundial do fruto, concentrando um terço da colheita estadual
Fonte:SICM
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JULIANA BRITO
Muita gente não sabe, mas a Bahia é a terra do guaraná. Taperoá, município do baixo sul, é a maior produtora mundial desse fruto, concentrando um terço da colheita estadual. Aqui se produz 140% a mais que no Amazonas: em 2012, os baianos tiveram uma produção de 2,4 mil toneladas contra 1 mil tonelada dos amazonenses.
A colheita 2013 começou em novembro e vai até abril, e pode render 2,8 mil toneladas. "Começamos com o estoque zerado", comemora o secretário-executivo da Câmara Setorial do Guaraná da Bahia, Gerval Teófilo.
Ele e o secretário estadual de Agricultura, Eduardo Salles, acreditam que é um bom momento para investir nesse cultivo. "Há muitas perspectivas. Cada vez mais há procura por produtos naturais com efeitos benéficos para a saúde", avalia Salles.
Cerca de 70% do guaraná baiano é destinado as seis fábricas de bebidas de estrutura familiar, no baixo sul, e os outros 30% restantes vão para a indústria farmacêutica e de cosméticos.
ÁreaA paulínia cupana, como é chamada a planta do guaraná, é plantada aqui desde a década de 70 e hoje ocupa uma área de 7.700 hectares. A atividade envolve 5 mil agricultores familiares, que a cultivam consorciada com outros alimentos como mamona, cacau, feijão e milho.
Essa diversificação protege
a lavoura de problemas existentes, por exemplo, no Amazonas, como a antracnose, doença que ataca folhas e frutos. A produtividade por hectare, aqui, é quatro vez maior que a do estado nortista.
a lavoura de problemas existentes, por exemplo, no Amazonas, como a antracnose, doença que ataca folhas e frutos. A produtividade por hectare, aqui, é quatro vez maior que a do estado nortista.
Câmara Setorial
Grande parte das vendas do guaraná dão-se em grãos. Atualmente, o quilo é vendido a R$ 14 - a Companhia Nacional de Abastecimento (Co-nab) garante o preço mínimo de R$ 12. Em 1999 esse valor era de R$ 0,80.
Grande parte das vendas do guaraná dão-se em grãos. Atualmente, o quilo é vendido a R$ 14 - a Companhia Nacional de Abastecimento (Co-nab) garante o preço mínimo de R$ 12. Em 1999 esse valor era de R$ 0,80.
"Há três anos, quando criamos a Câmara Setorial, o quilo era vendido a R$ 5. O atra-vessador (aquele que compra dos produtores e negocia com a indústria) vendia o quilo a R$ 25 e até hoje eles ganham entre R$ 27 e R$ 30 vendendo às fábricas instaladas no Amazonas", diz Gerval.
Os agricultores baianos querem aumentar seus rendimentos e vender o guaraná beneficiado, em extrato ou em pó, diretamente para a indústria. O quilo do pó, por exemplo, chega a ser comercializado a R$ 40.
Outra aposta do setor é nos mercados da cafeína, utilizada pela indústria farmacêutica e de bebidas energéticas. Enquanto o café tem 2% de teor dessa substância, o grão de guaraná pode atingir 6,2%. Mas a produção brasileira não dá conta de toda a demanda do mercado, que vem usando cafeína sintética.
André Artoch, chefe-Ad-junto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Amazônia Ocidental, acredita que novos cultivares desenvolvidos pela empresa, mais produtivos e resistentes, podem fazer a produtividade crescer no País em cinco anos.
Na Bahia, a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), órgão da Secretaria da Agricultura (Seagri), através do Programa Crédito Assistido do Banco do Nordeste, tem treinado técnicos extensionistas e agricultores, e introduzido tecnologias no cultivo. O objetivo é, em oito anos, saltar dos atuais 430 kg por hectare para 1,2 tonelada.
Para isso, a Câmara vem se debruçando sobre a elaboração de um plano de desenvolvimento para garantir uma alta produtividade e o beneficiamento do guaraná.
Governo quer estimular beneficiamento do produto
Para aumentar o lucro dos agricultores, é preciso instalar unidades de beneficia-mento nas cooperativas, afirma o secretário-executivo da Câmara Setorial do Guaraná da Bahia, Gerval Teófilo.
Para aumentar o lucro dos agricultores, é preciso instalar unidades de beneficia-mento nas cooperativas, afirma o secretário-executivo da Câmara Setorial do Guaraná da Bahia, Gerval Teófilo.
O secretário de Agricultura, Eduardo Salles, conta que o governo pretende readequar uma unidade de beneficia-mento em Nilo Peçanha. O projeto já está pronto e o secretário pretende discuti-lo com o novo prefeito da cidade, ano que vem.
A secretaria também está tentando agendar uma reunião com a Ambev e a Schincariol. O intuito é trazer unidades de beneficiamento de maior porte à Bahia para processar xarope de guaraná.
Há cerca de três meses, um grupo formado por técnicos da EBDA e integrantes da Câmara Setorial do Guaraná foi conhecer as tecnologias usadas pelos produtores amazonenses. "Mas viram que a pesquisa, por incrível que pareça, está mais avançada aqui", afirma Eduardo Salles.
Outro objetivo da viagem foi pedir a realização de pesquisas sobre o guaraná baiano à Embrapa. "Precisamos ter maiores informações sobre a produção, sobre como obter maior produtividade e teor de cafeína", exemplifica Gerval
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