Entrevista Aldo Rabelo A TARDE Esporte Clube Você:
Aldo Rabelo acha inadimissível Salvador não ter piscina olímpica pública
.O alagoano Aldo Rebelo, ministro do esporte há 14 meses, desconhecia a inexistência de uma piscina olímpica em Salvador, a terceira cidade mais populosa do País, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro.
Rebelo, de 56 anos, assumiu o cargo em 27 de outubro de 2011, em substituição ao desgastado baiano Orlando Silva, que pediu demissão em meio a acusações de desvio de dinheiro envolvendo organizações não governamentais.
Titular de uma pasta visada, já que o Brasil vai sediar a Copa das Confederações em 2013 e a Copa do Mundo em 2014, bem como os Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio em 2016, Rebelo falou com exclusividade ao A TARDE. E prometeu: "Junto ao governo da Bahia e da Prefeitura de Salvador, temos a obrigação de dar uma piscina olímpica pública à cidade", declarou, em entrevista concedida na Marina da Glória, no Rio de Janeiro, durante a cerimônia de quarta-feira passada, que premiou os melhores atletas paralímpicos de 2012 no País.
O senhor tem algum projeto ou investimento para anunciar aos baianos?
O governo federal já tem grandes investimentos na Bahia. Ajudamos, com empréstimos do BNDES, a construção da Fonte Nova e as obras de mobilidade urbana. Tem também o centro de treinamento de judô que estamos construindo (em Lauro de Freitas). Vamos ampliar esses investimentos, com o projeto de nacionalização da Copa e das Olimpíadas. Mas o anúncio de novos investimentos será feito a tempo, com o governador (da Bahia), o prefeito de Salvador e outras autoridades baianas.
A única piscina olímpica de Salvador foi desativada em 30 de abril de 2010, por conta da construção da Arena Fonte Nova. Como o senhor vê o fato de a terceira cidade mais populosa do País viver essa realidade?
Eu vejo como algo inexplicável. Salvador não é apenas uma cidade importante do Brasil, Salvador é uma cidade importante do mundo. Foi a nossa primeira capital, é uma cidade histórica, de grande tradição em cultura e em culinária. Eu creio que é uma carência que deve ser preenchida, com esforço que pode reunir o governo federal, o governo do Estado e a própria prefeitura. Acho que os três juntos têm a obrigação de dar a Salvador uma piscina olímpica pública.
Sabia dessa carência?
Não, eu tinha ideia da carência de alguns equipamentos de esporte no Brasil. Poucos estados têm pista de atletismo oficial. As piscinas olímpicas também não são numerosas. E nós precisamos, no ensejo da realização da Copa do Mundo e dos Jogos Olimpícos, construir equipamentos de forma equilibrada, principalmente para aqueles estados que têm mais carência e maior necessidade de tê-los.
E o que pode ser feito de forma mais imediata?
Nós vamos elaborar, no plano de nacionalização da Copa e das Olimpíadas, com as prefeituras e com os estados, um planejamento para a construção desses equipamentos. Já há uma determinação da presidente Dilma de construir equipamentos em todo o Brasil. Nós vamos construir 300 centros de iniciação ao esporte distribuídos pelas regiões mais carentes do Brasil, e acho que Salvador terá, assim como a Bahia, em parceria com o governo federal, um plano que lhes dê uma herança benéfica dos eventos que o Brasil acolherá nos próximos anos.
Os atletas olímpicos e paralímpicos têm receio de que os investimentos do governo federal recuem após os jogos do Rio 2016. Isso pode acontecer?
Não creio, pois não estamos apenas construindo equipamentos e investindo em atletas. Estamos construindo ideias, compromissos, construindo a mentalidade de valorização do esporte como plataforma de inclusão social, de entretenimento e de alto rendimento. Todas essas atividades integradas num esforço que reúna o governo federal, os governos estaduais, as prefeituras, o setor privado. Nós temos ampliado a participação das empresas na Lei de Incentivo ao Esporte. E creio que depois de criada essa mentalidade, é difícil haver recuo.
Como o senhor vê o crescimento do esporte paralímpico no País?
É o esforço dos atletas, porque em última instância isso depende deles. É a disposição, a capacidade de disciplina e superação. O governo federal também passou a ajudar mais. Ainda timidamente, o setor privado também já apoia, ajuda. A própria sociedade, os pais, as mães, os familiares, os amigos desses paratletas também apostam muito na vida deles, na atividade deles. Vamos construir em São Paulo o maior centro de treinamento paralímpico do mundo. Essa foi uma reivindicação do Comitê Paralímpico que nós acolhemos e foi apresentada em Londres. Vamos construir também centros regionais para apoiar não só os nossos atletas, mas também os nossos vizinhos latino-americanos e países da comunidade de língua portuguesa.
Fala-se muito no investimento em esporte de alto rendimento, mas e o esporte de base? O senhor diria que as políticas públicas para o esporte nas escolas são satisfatórias?
Não, nós estamos, eu diria, palmilhando o começo do caminho. O Ministério do Esporte foi criado há dez anos. A Lei Agnelo-Piva, acho que há 12. E a lei do incentivo ao esporte e o bolsa atleta são programas e projetos ainda recentes. Talvez não tenham amadurecido para render o que nós desejamos. Mas acho que passos importantes já foram dados. O governo federal já está construindo cinco mil novas quadras nas escolas públicas e cobrindo mais cinco mil quadras descobertas. O importante é ter uma base forte na escola.
Como nordestino, o que acha da volta da Copa do Nordeste?
É uma boa notícia. Acho que nós podemos reviver agora, com o apoio da televisão, um momento importante do futebol nordestino, que pode começar a preservar os seus jogadores, e a não se desfazer deles como acontece tão precocemente hoje. Quem sabe isso dê aos clubes do Nordeste uma nova perspectiva de renda, capaz de preservas os atletas.
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