segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Bahia tem R$ 70 bi em investimentos previstos até 2015

 
Segundo secretário James Correia, o valor equivale a 480 empreendimentos

Em entrevista ao Bahia Econômica, o Secretário da Indústria, Comércio e Mineração afirmou que o total de investimentos previstos para a Bahia até 2015 é de cerca de R$ 70 bilhões, relativos a 480 empreendimentos, sendo que R$ 20 bilhões no setor de energia eólica e mineração.
Correia afirmou que entre os grandes projetos os mais adiantados são os da BASF e da Ford, que o Estaleiro do Paraguaçu encontra-se com as obras adiantadas e o projeto da JAC já teve lançada sua pedra fundamental.
O Secretário afirmou também que o governador Jaques Wagner já programou uma nova viagem em janeiro de 2013 para a China e que o setor automotivo deve ter anúncio de uma nova empresa em breve.
James Correia comentou ainda o estágio de projetos estruturantes como o Porto Sul e a Fiol e admitiu que o estado está cada vez mais atrasado na questão portuária em relação a outros estados do Nordeste.
Disse, no entanto, que existe novidades como a ampliação do porto do Moinho Dias Branco da Ford (automotivo e eólico) e a implantação da Bahia Terminais. Segundo ele, será formado o Comitê para gerir o Canal de Cotegipe, em estreita colaboração com as empresas e a marinha.
O secretário falou ainda sobre questões relacionadas à mineração e ao comércio. Veja a entrevista na íntegra.
B.E: A Bahia sediou recentemente o Fórum Nacional Eólico. Há novos investimentos previstos para a Bahia?
James Correia: Sim. O Estado continua buscando novos investimentos tanto para aumento da quantidade de parques eólicos quanto de empresas para atuação na cadeia produtiva. Deveremos inaugurar ainda este ano a terceira fábrica de equipamentos e no ano que vem, a expectativa é que mais três fabricas possam ser inauguradas. Com, isto consolidaremos o nosso posicionamento e reforçaremos o papel de destaque que a Bahia exerce no setor.
B.E: As empresas estão preocupadas com os atrasos da Chesf na implantação de linhas de transmissão. Houve avanços em relação a isso?
J.C: Realmente existem atrasos de quase dois anos em obras da Chesf, devido a problemas como contratações das montadoras e baixa qualidade dos licenciamentos apresentados ao Inema. Recentemente foi assinado um termo de cooperação com a CHESF e empresas de geração eólica, no qual o Estado e a Fundação José Silveira trabalharão para agilizar os estudos ambientais e com isso acelerar o licenciamento dos seus empreendimentos de transmissão. Ademais, nós estamos também nos antecipando e realizando uma avaliação prévia dos futuros corredores de transmissão. Assim será possível identificar se há ou não viabilidade ambiental para os empreendimentos que estão planejados para o sistema elétrico. Desta forma, poderemos corrigir projetos para que melhor se adequem as nossas necessidades.
B.E: Qual o montante de investimento previsto para a Bahia nos próximos anos, com protocolos de intenção já assinados ou em vias de ser assinado?
J.C: O total de investimentos previstos até 2015 é de cerca de R$ 70 bilhões, com a geração de mais de 74 mil empregos novos em cerca de 480 empreendimentos. Esses números poderão alcançar R$ 90 bilhões se o país voltar a crescer a taxas de 4% ao ano. Com destaque para eólica e mineração com cerca de R$ 20 bilhões cada setor, que estão distribuídos pelo interior. Importante frisar que ampliaremos a descentralização do desenvolvimento, gerando ainda mais empregos no interior do que na Região Metropolitana de Salvador - RMS. Polos como Feira de Santana, Jequié, Vitória da Conquista, Luiz Eduardo Magalhães e Barreiras, Caeteté e Brumado, Ilhéus, Itabuna, Teixeira de Freitas, Alagoinhas, Santo Antônio de Jesus e Recôncavo, serão os Pólos da vez das atividades comerciais e industriais no estado, além da própria RMS capitaneada por Camaçari, Simões Filho e Candeias.
B.E: Alguns investimentos são simbólicos para a Bahia, pois ampliam fortemente sua base produtiva. Quais os Sr. Considera mais importantes?
J.C: A Bahia passa por uma fase de grandes empreendimentos que são estruturantes para a implantação de novas ou de adensamento das cadeias existentes no Estado. Sem duvida os empreendimentos que exercem esse papel são: o Porto Sul e a FIOL, o Polo Acrílico, o Estaleiro Enseada do Paraguaçu, a Jac Motors e o polo automotivo e o Polo Eólico. A Fiol e o Porto Sul serão a nova locomotiva de desenvolvimento do estado. Quanto mais o projeta avança, mais atraem novos empreendimentos em mineração, principalmente. A privatização do Porto de Ilhéus prevista para 2013 deve complementará esse projeto. Só falta agora superarmos os entraves da modelagem da Ponte de Itaparica para que o Governador feche seus 8 anos de governo com chave de ouro. Quem sabe junto com a medalha de ouro para o Brasil na Copa de 2014. Considero que o projeto está pronto para ser discutido com a sociedade. Por fim temos o setor calçadista que cresce em todo estado mas enfrenta dificuldades na Azaléia, fruto de uma política capenga do governo federal para a importação de tênis. Dão suporte a esses investimentos a expansão das universidades, escolas técnicas e as atividades do SENAI/Cimatec.
B.E: Como está o andamento da implantação do Estaleiro do Paraguaçu, da Basf, da Ford, da Jac Motors e da Foton?
J.C: Esses projetos estão sendo implantados de acordo com seus cronogramas originais. Em virtude de estar sendo implantados em áreas das empresas, os projetos da BASF e da Ford são os mais adiantados. O Estaleiro do Paraguaçu encontra-se com as obras adiantadas e o projeto da JAC já teve sua pedra fundamental lançada no dia 26/11 e está em fase de terraplenagem. O projeto que se encontra em fase mais inicial é o da Foton, até porque foi o último a ser anunciado. No total teremos mais de 500 mil veículos produzidos na Bahia em 2015. O governador Jaques Wagner tem acompanhados os projetos nos mínimos detalhes e está muito satisfeito. E já programou uma nova viagem em janeiro de 2013 para a China, em busca de novos projetos. No setor automotivo ainda teremos boas novidades em breve. Também não podemos esquecer o que representa o Projeto da Itaipava para consolidar um dos maiores polos de bebidas do país em Alagoinhas.
B.E: Existe uma preocupação com relação ao atraso na implantação do Porto Sul e da Fiol, que poderia prejudicar a Bamin Mineração. Qual a sua avaliação sobre isso?
J.C: Com a licença ambiental emitida pelo Ibama no último dia 14, estes projetos agora tem luz verde para entrar nos trilhos. Teremos o Porto da Bamin e o Terminal de Uso Misto estruturado através de uma Sociedade de Propósito Específico – SPE, na área onde seria o porto público originalmente, para escoar grãos, combustíveis, fertilizantes e minérios. Será preservado espaço para no futuro implantarmos o porto público. Sempre acreditamos nestes projetos e temos a certeza que eles estarão prontos em cerca de 2 anos. Não existe precedente no país onde um projeto de grande porte e inovador como este não tenha tido algumas dificuldades e atrasos.
B.E: Os empresários se queixam muito da situação dos Portos baianos, especialmente o Porto de Aratu, que eles, inclusive, querem administrar e investir. Qual a sua avaliação sobre o assunto?
J.C: É um fato inconteste que estamos cada vez mais atrasados na questão portuária em relação a outros estados do Nordeste. Só ouço críticas dos usuários do porto de Aratu. Não podemos ser obtusos. Tanto é verdade que foi o governador Jaques Wagner que fomentou o estudo realizado por empresas baianas que propuseram a concessão integral do Porto de Aratu à iniciativa privada. Ouvimos da ministra do planejamento, em recente reunião com o governador, que a nova regulamentação portuária vai facilitar esse processo. Teremos a concessão para o porto de Ilhéus atuar de forma complementar ao Porto Sul. Já temos 3 grandes grupos empresariais interessados. Uma grande empresa eólica está se implantando lá. O porto de Salvador consolida sua vocação para containers e turismo. E temos estimulado a instalação ou ampliação de terminais privativos, que serão facilitados pela nova regulamentação. Temos a ampliação do porto do MDB, da Ford (automotivo e eólico) e a implantação da Bahia Terminais. Fizemos um Comitê para gerir o Canal de Cotegipe, em estreita colaboração com as empresas e a marinha.
B.E: A possibilidade da Ford ceder o Porto de Ponta da Laje para se tornar um porto especializado em automóveis ainda está de pé?
J.C: A Ford demonstrou estar sensível as questões portuárias em nosso Estado e, neste momento, há um grupo de trabalho que está avaliando a possibilidade de expandir a utilização do Terminal Portuário Miguel de Oliveira, inclusive para uso pelo setor de energia eólica. Num primeiro momento será possível ampliar a área do porto de 175.000 m2 para cerca de 215.000 m2 e incluir as operações das empresas da cadeia eólica (2013). Para 2014 pretendemos ampliar a área do porto para 1.000.000 m2 e incluir operações de outras empresas automotivas. Por fim serão construídos mais 2 piers para dinamizar suas operações.
B.E: A mineração tem crescido muito na Bahia nos últimos tempos e são muitos os investimentos. Fala-se inclusive de novos investimentos minerais na Bahia. Que balanço você faz do setor?
J.C: A mineração é a nossa campeã de investimentos. O setor mineral tem se desenvolvido rapidamente com a exploração de diversos tipos de empreendimentos, destacando-se cobre, níquel, ouro e, em breve, ferro. A perspectiva é que possamos nos tornar o terceiro maior produtor mineral do país num curto tempo e que possivelmente comece uma adensamento da cadeia, pois os novos empreendimentos em discussão falam em implantar unidades de beneficiamento. Vale destacar o manganês que recentemente tem tido uma grande procura por parte dos investidores e cujos depósitos baiano voltaram a ser investigados. Para se ter um ideia, a Bahia movimenta cerca de 22 milhões de toneladas de carga por ano em seus portos e com a Fiol e o Porto Sul operando deveremos passar de 100 milhões de toneladas por ano transportadas na Bahia até o final dessa década.
B.E: Em relação à área comercial, o que se poderia destacar?
J.C: A nossa prioridade é o fortalecimento das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte e dos Empreendedores Individuais, especialmente no que tange os empreendimentos localizados em territórios considerados estratégicos para o desenvolvimento da economia baiana, bem como para o incentivo ao desenvolvimento das vocações desses territórios. Para isso temos uma grande parceria com o Sebrae. As principais ações neste âmbito que posso destacar são as Redes de Cooperação Empresarial, o Fórum Regional Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte e a implantação de Salas do Empreendedor. Em convênio com o Sebrae estamos estudando os grandes projetos do estado e montando um estratégia para uma maior inserção desses segmentos. O governo do estado, através da SAEB, está intensificando as compras governamentais desses segmentos. Temos ainda grandes lacunas. Precisamos ser mais competitivos no seguimento atacadista. Não é aceitável que um estado menor do Nordeste arrecade mais ICMS nesse setor do que a Bahia que tem a economia mais expressiva da região. Assistimos um passeio de Notas Fiscais por todos os estados que nos cercam porque temos dificuldades tributárias para recepcionar os centros de distribuição de importantes empresas de vários seguimentos econômicos. Também só agora estamos conseguindo igualar a Bahia aos outros estados no que tange ao IPVA praticado para locadoras. As grandes empresas tem que emplacar os carros aqui e nós temos como exigir que as empresas incentivadas só contratem carros com placa da Bahia. Ou fazer como São Paulo e outros estados que param os carros nas ruas, multam, rebocam, mesmo que as empresas tenham liminares. Nós não somos o quintal do Brasil. É possível fazer em todos os níveis o que estamos fazendo de forma similar quando temos uma construtora de fora realizando obras em projetos incentivados. Já paramos obras da Coca cola, Schin, Latapack Ball, etc. Todos estados fazem assim para defender seus empresários e seus interesses.
B.E: Quer dizer que a Secretaria da Fazenda atrapalha?
J.C: Pelo contrário, é uma grande parceira. Principalmente na atração de investimentos. Tem quadros excelentes. Nisso não tenho do que me queixar. Mas como todo setor elitizado da sociedade brasileira, a SEFAZ não deixa de ser corporativista, o que, às vezes, dificulta o encaminhamento de temas de grande interesse do Estado, aqueles que extrapolam a questão da tributação e precisam ser avaliados por toda a estrutura do governo. Por exemplo, o cenário de mudança no quadro de disputa entre os estados pelo investimento privado, através da denominada guerra fiscal, requer uma ampla discussão interna visando assegurar que a Bahia mantenha o forte crescimento econômico visto nos últimos anos, e este é um tema que envolve outras secretarias além da SICM e da SEFAZ. Mas, certamente, juntos, encontraremos a melhor forma para executar o programa delineado pelo Governador Jaques Wagner.
B.E: Como é o ritmo de trabalho na SICM?
J.C: O fato de atuarmos na defesa das empresas baianas e focados na busca de novos negócios para a Bahia requer muita energia, brigas e polêmicas. Temos uma equipe reduzida mas excelente e muito dedicada. Estamos sempre viajando e dando conta das atividades da secretaria e das seis empresas vinculadas. O ritmo é muito forte. O que incomoda um pouco é a burocracia. Acho que a sociedade perde mais do que ganha com isso. Para completar, tenho meus negócios e sou síndico do meu prédio (risos).
B.E: É possível conciliar tudo isso?
J.C: Com uma rotina bem definida e muita disciplina, é. Tenho uma ótima estrutura na secretaria. Também tenho um escritório no Museu de Geologia, em frente a minha casa, o que facilita minha vida. Meus filhos dizem que sou fanático por trabalho. Meus pais e minha esposa reclamam muito. Mas acabei de viajar com eles 15 dias para comemorar os 80 anos de meu pai e estou com crédito. Alguns meses antes passei quinze dias com meus filhos no Japão. Viajo sempre que posso com a família e vou a São Paulo ao menos uma vez por mês, onde também tenho residência, para estar perto de minha filha e cuidar dos negócios. Além disso, como meu prédio tem acesso ao mar, mergulho sempre a noite para esfriar a cabeça. A rotina e o apoio de todos recarrega as baterias.
B.E: É verdade de que você é o secretario mais rico do governo?
J.C: Isso é brincadeira de Marcelo Nilo e outros colegas de governo. Eles souberam que quando me separei minha ex-mulher e meus filhos ficaram com um apartamento que tinha no ed. Morada dos Cardeais (onde Ivete mora). Também moro bem e tenho um pedaço do paraíso na Praia do Forte. Quando entrei no governo Wagner já tinha uma vida financeira resolvida. Isso é condizente com minha atividade empresarial, a mais de 25 anos. Nasci pobre, filho de vigilante da Petrobras, sempre estudei em escola pública e aprendi cedo a ganhar e dar valor ao dinheiro. Com 19 anos comprei meu primeiro apartamento na Barra. Não parei mais de investir e empreender.
B.E: E os planos para depois de 2014? Fala-se numa eventual experiência política?
J.C: Essa experiência “política” atual ao lado do Governador Jaques Wagner está sendo um privilégio para mim. Só tenho a agradecer pela oportunidade. Mas estou me preparando para fazer um Pós-Doutorado em 2015. E já estou pensando como ganhar mais dinheiro a partir de 2016 com essas novas experiências. Quando sai da Coelba o sistema de leitura da energia gasta, era através do leiturista anotando os dados dos medidores de energia nas residências numa folha de papel com um cotoco de lápis. Pensava: muito atraso. Criei então uma empresa que era a única no Brasil que fazia a leitura com um coletor de dados eletrônico que nós inventamos. Chegamos a quase 900 empregados. Uma revolução. Vendi a empresa 2 anos depois de criada, ganhei muito dinheiro e dei um grande salto na atividade empresarial. Depois disso, criei, comprei ou vendi mais de 10 empresas, antes mesmo dessa moda chegar às empresas de tecnologia. Estou pensando em investir fora do Brasil em 2016, apostando na retomada do crescimento da Europa e EUA. A marca e a imagem do Brasil e dos brasileiros está cada vez mais forte no exterior. Tenho algumas idéias e potenciais parceiros para arriscar.

Fonte: Bahia Econômica

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