Evolução de primeiro paciente baiano surpreende médicos
Cristiane FelixTribuna da Bahia
O primeiro paciente com trauma raquimedular a passar por um transplante de células-tronco na Bahia não só passa bem como tem tido uma evolução que surpreende até mesmo aos médicos e fisioterapeutas. O transplantado, que há nove anos se locomovia com auxílio de uma cadeira de rodas e não tinha os movimentos da cintura para baixo, agora já levanta os joelhos e, aos poucos, começa a movimentar o tronco.
Um mês e meio depois da primeira cirurgia realizada no Hospital Espanhol, a equipe médica que fez o transplante e acompanha a recuperação do paciente reuniu a imprensa para falar sobre o sucesso do estudo e de novos procedimentos ainda em 2011.
“Apesar de estarmos na fase inicial, tivemos uma grata surpresa com a resposta desse paciente e estamos nos animando”, afirmou Ricardo Ribeiro, coordenador do projeto. Além deste, outros dois pacientes já passaram pelo mesmo procedimento esta semana, um na terça-feira e outro ontem. Todos os transplantados e outros 17 pacientes que ainda aguardam transplante participam voluntariamente do projeto.
Inédito no Brasil, o estudo é o primeiro em trauma raquimedular que utiliza culturas de células-tronco mesenquimais. Desenvolvido em Salvador desde 2005 e financiado pelo Ministério da Saúde, o estudo integra, além do Espanhol, onde foi realizada a cirurgia, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Centro de Biotecnologia e Terapia Celular do Hospital São Rafael (CBTC).
TRANSPLANTES – A expectativa da equipe composta por cerca de 30 profissionais, entre médicos, biólogos e fisioterapeutas, é de que até o final de junho sejam realizados mais dois transplantes. A meta é, segundo o doutor Ricardo Ribeiro, chegar a 10 a 15 pacientes até o final de 2011. “Não podemos fazer muitas cirurgias por conta da equipe de fisioterapia. Esses pacientes passam por uma terapia intensiva e precisam de acompanhamento”, explicou.
Os procedimentos utilizam células-tronco retiradas do osso do quadril do paciente, chamadas de mesenquimais e que têm ampla capacidade de se transformar em diferentes tecidos. Durante a cirurgia, as células são injetadas diretamente onde a coluna foi atingida e passam a gerar estímulos para que o nervo cresça e se conecte novamente, o que possibilita a retomada gradativa de movimentos.
Novas fases do programa
Para o primeiro paciente transplantado, o momento é de pura esperança. O policial militar, que perdeu o movimento das pernas após um acidente, tem passado por duas sessões diárias de fisioterapia e vem surpreendendo os profissionais da equipe.
“Anteriormente eu tinha um tronco que estava vivo e pernas que não respondiam. Hoje eu percebo que elas estão vivas, pertencem a mim e só depende de mim para que elas acordem”, disse ele em entrevista a uma emissora de televisão.
“Observamos uma melhora expressiva no padrão neurológico dos pacientes. O primeiro já teve melhora considerável na parte muscular e não apresentou complicação do ponto de vista cirúrgico. Por isso, até então, consideramos uma terapia segura”, ressaltou o neurocirurgião Marcos Vinícius Mendonça, responsável pela realização dos transplantes e acompanhamento dos pacientes.
Em sua primeira fase, o programa já tem todos os possíveis transplantados selecionados, mas, segundo a equipe responsável, se tudo correr bem, o objetivo é ampliar o estudo também com pacientes tetraplégicos.
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