segunda-feira, 13 de junho de 2011

Logística deficiente trava cultura do guaraná na Bahia


Donaldson Gomes
Gildo Lima / Agência A TARDE

Guaraná da Amazônia é mais conhecido, mas parte da produção de lá sai da Bahia
A Bahia é o maior produtor de guaraná do Brasil, com uma safra de 2,7 milhões de toneladas em 2010, contra 747 mil toneladas do Amazonas no mesmo período.
O Estado na Região Norte do Brasil é quem leva a fama pela produção da semente e é lá que grande parte da produção baiana vai parar, alcançando uma valorização de até 150%. Antes do beneficiamento no Amazonas, o preço médio do quilo de guaraná baiano varia entre R$ 7 e R$ 10, de acordo com dados da Secretaria da Agricultura da Bahia (Seagri).
Após beneficiamento, o preço chega aos R$ 25.

No mapa, a distância entre o município de Taperoá, no baixo sul, onde está concentrada a produção baiana, e Alagoinhas, que sedia uma indústria de refrigerante da Schin, portanto potencial consumidora do guaraná baiano, é de 260 km. O trajeto poderia ser feito em três horas e 15 minutos, segundo sugestão do Google Maps.
 A realidade, entretanto, é outra: a produção baiana faz um viagem de 6,9 mil quilômetros para ser aproveitada pela indústria de refrigerante. “É do baixo sul para Salvador, depois vai navio até Belém, depois para Manaus e lá ainda tem que fazer uma outra viagem até Maués, no Amazonas, antes de voltar para Bahia”, descreve o secretário da Agricultura, Eduardo Salles.
Encurtar esse caminho pode parecer fácil, mas não é, reconhece Salles, mas é um passo considerado fundamental para a manutenção da cultura responsável pelo sustento de 3,5 mil famílias no baixo sul da Bahia. “Essa logística custa muito caro ao produtor, é preciso organizar essa cadeia”, aponta.
 A Seagri, em parceria com a Secretaria de Indústria e Comércio (SICM), já estaria, segundo ele, finalizando um projeto para a agroindustrialização do guaraná baiano.
A ideia seria não só realizar o beneficiamento na Bahia, como fomentar a produção de qualidade para outros produtos, além de refrigerante. “A indústria de refrigerante não absorve toda a produção”, pondera Salles.
De acordo com um panorama traçado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o papel das indústrias de refrigerante é fundamental para a cadeia do guaraná brasileiro. Neste aspecto, aponta o documento da Conab, a fusão entre Brahma e Antártica para a criação da Ambev teve papel determinante na desvalorização da produção baiana.
Antes da fusão, o concentrado utilizado pela Brahma era o produzido na Bahia, enquanto a Antártica e a Coca-Cola utilizavam o produto produzido no Amazonas.
 Com a fusão, toda a matéria-prima passou a ser produzida na Região Norte. A justificativa para a concentração, segundo a Conab, seria o custo oneroso do transporte entre a Bahia e a Região Norte, uma vez que a fábrica de concentrados está lá.

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