Governo federal admite que pode alterar diretrizes para a construção de 45 novos terminais portuários pela iniciativa privada no País
Governo faz suspense sobre privatização do Porto Sul
DONALDSON GOMES
o Ministério dos Transportes e a Secretaria de Portos (SEP) admitiram ontem que avaliarão "no momento oportuno" as diretrizes da construção de novos terminais pela iniciativa privada. Um dos 45 terminais em construção no Brasil que poderia ser incluído no novo modelo privatizado seria o Porto Sul, em Ilhéus, entretanto os dois ministérios desautorizaram Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), fonte de uma reportagem publicada pela imprensa no último dia 24:
"Não tem autoridade para pronunciar-se sobre as políticas públicas para o setor portuário do pais", afirma o texto em relação à agência reguladora.
Pela lei atual, as opções do governo estadual podem se dar tanto pela criação de uma empresa estadual para gerir o espaço, ou pela escolha da Companhia das Docas da Bahia (Codeba), autoridade portuária dos portos baianos de Salvador, Aratu e Ilhéus, vizinho do futuro Porto Sul. "Essa é uma decisão do governador Jaques Wagner", ressalta o presidente da Codeba, José Rebouças. A favor da Codeba contaria o fato de a empresa ter capital misto, dos governos federal e estadual.
No governo estadual, o modelo de gestão que será implementado no futuro terminal público ainda não está definido, de acordo com o secretário estadual do Planejamento, Zezéu Ribeiro. "Há um grupo comandado pela Casa Civil que está estudando a modelam de gestão do terminal, mas até o momento não existe nada certo em relação a isso', explica.
Segundo Ribeiro, existe uma ideia em relação ao assunto, mas ela ainda precisa ser melhor trabalhada. "O projeto estava sendo estudando pensando-se a localização em um determinado lugar e isso mudou recentemente", avalia Ribeiro, lembrando que o terminal privativo da empresa Bahia Mineração (Bamin), com quem o Porto Sul dividirá a ponte de atracação, já estava inclusive licenciado.
No dia 12 de abril, a mudança da localidade da Ponta da Tulha para Aritaguá foi publicada no Diário Oficial do Estado. A ideia do governo é de entrar em consenso com a Bamin, com a Companhia das Docas da Bahia (Codeba) e a SEP para apresentar um único processo de licenciamento para os dois terminais.
Dados do Sistema Informatizado de Licenciamento Ambiental Federal apontam que a área da Ponta da Tulha se encontrava na fase de audiências públicas. A Bamin já tinha o termo de referência aprovado pelo Instituto. Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e apresentou o estudo e o relatório de impactos ambientais. Mas isso é passado e a empresa apresenta Aritaguá como opção. Neste caso, ainda não foram vencidas nenhuma das etapas do processo de licenciamento para início da obra.
Empresas apoiam abertura de mercado a investimentos
Não se deve esperar um desfecho rápido das atuais regras para a construção de portos públicos. Entretanto, quando as mudanças acontecerem, se acontecerem, encontraram boa acolhida na iniciativa privada na avaliação do diretor executivo da Associação dos Usuários de Portos da Bahia (Usuport), Paulo Villa.
"A Bahia tem 1,1 mil quilômetros de costa. É um potencial para portos muito grande, até porque os portos de Aratu e Salvador estão saturados", destaca villa. Para ele este é um bom motivo para a abertura do mercado aos investimentos privados.
Com uma maior abertura da atividade, o dirigente da Usuport acredita que o. pais poderá duplicar a quantildade de terminais de contêineres em operação nos próximos dez anos. "Hoje nós temos 20 e poderemos chegar aos 40 praticamente com todos os linvestimentos sob responsabilidade privada", acredIta villa. Segundo ele, a demar:da por movimentação neste tlpo de operação dobra ~ cada Cinco anos. "Não é posslvel suprir este crescimento apenas com a ampliação dos espaços existentes acredita. .'
Hoje a participação da iniciativa privada na connstrução e na gestão portuária é restrita aos terminais para uso privativo. É isso o que o novo modelo de concessões apresentado pela Antaq na última sexta-feira pretende modificar. Os terminais para uso próprio já seriam responsáveis por quase dois terços de todas as cargas transportadas no Brasil, de acordo com a agência. No primeiro trimestre deste ano, a movimentação aumentou 7,7% em relação ao ano anterior.
Em relação ao Porto Sul, VilIa considera fundamental que sejam tomadas as definições necessárias. "Nós apoiamos integralmente a construção do Porto Sul, entretanto ainda não há nada claro a respeito desse projeto, está tudo muito verde ainda", aponta.
O Secretário Extraordinário da Indústria Naval e Portuária, Carlos Costa, não retomou os contato feitos pela reportagem na tarde de ontem. De acordo com a equipe do gabinete dele, o secretário esteve inacessível em reuniões externas.
Publicado no Jornal A Tarde
Nenhum comentário:
Postar um comentário