
A Presidente Dilma Rousseff vai nomear o governador Jaques
Wagner para o Ministério da Defesa, uma honra para qualquer baiano pela
importância do ministério e por sua função de defesa e preservação do
território brasileiro.
Mas a Bahia não está satisfeita e espera mais da Presidente Dilma
Rousseff. Após a expressiva votação que a Presidente obteve no Estado,
após o empenho do governador Jaques Wagner em prol da sua reeleição, os
baianos esperavam ocupar um posto de maior destaque no ministério da
Presidente, especialmente na área econômica.
Por isso, causou surpresa que o governador Jaques Wagner, após ter seu
nome ser cogitado para ocupar várias pastas, inclusive a Chefia da Casa
Civil, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o
Ministério das Comunicações e até a Presidência da Petrobras, fosse
nomeado Ministro da Defesa. A pasta é, sem dúvida, uma das principais em
qualquer governo, mas tem pouca valia na área econômica e importância
relativa no contexto global da administração pública, especialmente
nesses tempos em que os militares sabiamente se dedicam apenas às
questões técnicas e abandonaram definitivamente as aventuras políticas.
O governador Jaques Wagner deve estar satisfeito, afinal vai servir ao
seu país numa pasta importante, e, além disso, fará parte do chamado
“núcleo duro” do Palácio do Planalto, responsável pelo assessoramento
político à Presidente Dilma Rousseff, mas a Bahia não está satisfeita.
No momento em que sua economia passa por um momento delicado, Bahia
queria, a Bahia precisava, ocupar um ministério econômico de peso, com
poder de alavancar os setores econômicos que passam por dificuldades, ou
então um ministério focado na infraestrutura, que pudesse resolver os
gargalos na área portuária, ferroviária e hidroviária que agem como um
freio ao nosso desenvolvimento.
A Bahia precisava estar presente num ministério de peso na área
econômica, porque sua economia está perdendo posição para outros estados
e seu PIB, que era o sexto maior do país, foi superado por Santa
Catarina e pelo Distrito Federal; porque sua estrutura portuária está
defasada e sem competitividade, enquanto Pernambuco e Ceará possuem
portos moderníssimos, como Suape e Pecém; porque sua indústria está
perdendo competitividade a olhos vistos e precisa de investimentos
maciços. Recentemente, reportagem do jornal Estado de São Paulo mostrou
que o Polo Industrial de Camaçari, considerado o maior do gênero no
Hemisfério Sul, está ameaçado, que suas plantas são antigas e carecem de
competitividade.
Segundo o jornal, a antiguidade das plantas industriais instaladas na
região, aliada a fatores que impedem a competitividade das empresas –
como logística precária e altos preços das matérias-primas e da energia –
estaria reduzindo sobremaneira as perspectivas futuras do distrito. A
reportagem tem sérios equívocos, afinal, uma das áreas em que o
governo do Estado vem operando com competência é a atração de empresas e
isso pode ser comprovado com os novos investimentos estão sendo feitos
no polo – como o da Basf, que está concluindo seu Complexo Acrílico, um
investimentos de R$ 1,2 bilhão –, mas ela toca numa ferida que está
aberta e não apenas no Polo, mas em toda a economia baiana e que pode
ser definida numa constatação: a Bahia tem riquezas e potencial, o
governo do Estado tem feito um esforço para ampliar a infraestrutura,
mas sem uma ação forte e contínua do governo federal vai perder espaço e
pode ser ultrapassada, inclusive, por outros estados do Nordeste.
Por isso, a Bahia esperava ver o governador Wagner à frente de um
ministério de peso na área econômica, ou mesmo em áreas estratégicas
como o setor educacional e das Minas e Energia. Por isso, os baianos
receberam com pouco entusiasmo o anúncio de que Jaques Wagner iria para o
Ministério da Defesa e a frustação foi maior ainda, pois ao mesmo tempo
o ex-governador César Borges, que vinha realizando um trabalho
promissor na área portuária, deixou a secretaria de Portos. A verdade é
que a Bahia está nitidamente sub-representada no ministério da
Presidente Dilma Rousseff e, enquanto os políticos de estados como
Pernambuco e Ceará assumem pastas da importância do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e da Educação,
respectivamente, nosso estado entra no governo com uma participação
pouco expressiva no alto escalão do poder, especialmente nas áreas
vinculadas à economia.
O govenador Jaques Wagner dificilmente concordará com a análise feita
aqui, argumentando que não é necessário estar neste ou naquele
ministério para que a Bahia seja comtemplada, mas, ainda que isso seja
em parte verdadeiro, a presença de um baiano num ministério com forte
influência econômica, ou mesmo numa empresa ou banco de igual potencial,
é garantia de que o Estado será olhado com carinho especial.
O fato é que a Bahia está sub-representada no ministério de Dilma
Rousseff, por isso precisa ampliar sua representação em outros órgãos da
administração federal, e nunca é demais lembrar que no primeiro governo
Lula eram três os ministros baianos que ocupavam a Esplanada, além da
direção de empresas estatais. Sem desprezar a importância do Ministério
da Defesa, a Bahia faz jus, pelo seu peso político e pelo papel
fundamental que teve na eleição da Presidente Dilma, a uma posição de
mais destaque na área econômica e estratégica do governo.
A FIEB E O CANAL DE COTEGIPE
O impasse em relação ao Plano de Diretrizes Industriais, Logística e de
Sustentabilidade do CIA e do Canal de Cotegipe foi solucionado e o
plano deve ser aprovado no próximo dia 29 na Assembleia Legislativa.
Quem fez a articulação entre as lideranças empresariais e o governo foi o
Presidente da FIEB, Ricardo Alban, que se mostrou incansável na busca
de uma solução. Todos concordavam que o plano diretor, que estabelecia
diretrizes de ocupação industrial para a região, era da maior
importância para ordenar o desenvolvimento industrial na região do Cia I
e Cia II, havia impasse apenas em relação a alguns artigos entre os
quais a chamada Prainha, prevista para ser transforma em área de lazer.
Mas próprio secretário do meio-ambiente, Eugenio Splenger, disse que a
área era inadequada para o lazer e que dificilmente os órgãos
ambientais aprovariam esse tipo de utilização. Resultado: em uma reunião
com os secretários da Indústria, Comércio e Mineração, James Correa, o
secretario de Meio Ambiente, Eugenio Splenger, o futuro chefe da Casa
Civil, Bruno Dauster, e os deputados Rosemberg Pinto e Zé Neto, líder
do governo, resolveu-se o impasse e o projeto deve ser aprovado com a
reformulação dos itens que estavam gerando insegurança no setor. A
aprovação do plano é importante, pois pode estimular novos investimentos
e uma ocupação mais racional da área. Em poucas palavras: nada como o
bom senso para resolver os impasses.
PORTUGAL NA CULTURA
Recebi diversos e-mails indagando minha opinião sobre a nomeação de
Jorge Portugal para a Secretária da Cultura. Acho que o governador Rui
Costa fez uma boa aposta, escolhendo um nome com fortes ligações com a
cultura baiana e com um caráter popular que em nada compromete o “fazer
cultura”. Aliás, os quadros oriundos da vida acadêmica muitas vezes se
perdem nas teorias e elucubrações teóricas e esquecem que a função
primordial de um secretário de Cultura é o estímulo e o apoio a todas as
formas de expressão cultural.
Aliás, a gestão de Gilberto Gil no Ministério da Cultura foi um exemplo
de que não é necessário ter enorme experiência administrativa ou ser um
expert em teoria da cultura para se fazer uma boa gestão. Aqui mesmo
nesta coluna lembrei ao governador eleito a necessidade de colocar na
pasta um nome capaz de dar novo rumo à cultura na Bahia. O governador
Rui Costa escolheu Jorge Portugal e acho que foi uma boa aposta. Só o
tempo dirá se foi ou não uma pule de dez.
Feliz 2015
Está coluna deseja aos seu leitores um 2015 de muita alegria e
prosperidade. Como dizia Clarice Lispector, não vamos pedir coisas
demais para não confundir Deus que à meia-noite no Ano Novo está muito
ocupado, mas vamos pedir um ano melhor para o Brasil com mais alegria,
prosperidade e trabalho.
Fonte:Bahiaeconômica