PF envia depoimento de
Calero contra Geddel ao STF
Edgoncalves
123 1 hora atrás
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O ex-ministro da Cultura Marcelo Calero prestou depoimento nesta
quarta-feira sobre o episódio de suposto tráfico de
influência do ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima.
A PF enviou o depoimento para o Supremo Tribunal Federal (STF), que vai decidir
agora se abre ou não uma investigação contra Geddel e outras autoridades com
foro privilegiado envolvidas no caso.
O ex-ministro acusa Geddel de pressioná-lo para liberar a construção de
um prédio de luxo em Salvador (BA) para atender a um interesse pessoal. O
ministro da Secretaria de Governo, que é próximo do presidente Michel Temer e
recebeu apoio das lideranças do Congresso para permanecer no cargo, comprou
um apartamento no empreendimento. O prédio está sendo construído em
uma área de interesse histórico – por isso, o Instituto Nacional do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), órgão subordinado ao
Ministério da Cultura, embargou a obra. Essa pressão por emitir um parecer
técnico teria motivado Calero a pedir demissão do
posto de ministro na sexta-feira passada.
O STF deve mandar as declarações de Calero ao
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para que opine sobre a abertura,
ou não, de inquérito criminal sobre o caso. Uma eventual recomendação a favor
da investigação dificulta que algum ministro arquive o caso de ofício. O
ex-ministro não quis falar sobre o caso.
O procurador da República Carlos
Fernando dos Santos Lima, um dos coordenadores da Operação Lava-Jato, criticou
duramente a tentativa de deputados e senadores de apresentar projeto para
anistiar caixa dois e outros crimes relacionados a movimentação de dinheiro de
campanha eleitoral. Num veemente discurso, o procurador disse que se trata de
uma manobra espúria de auto-anistia contra a corrupção. Santos Lima conclamou a
população a reagir e a impedir a aprovação da proposta que, para ele, acabará
com a Lava-Jato e obrigará a liberação até de presos do mensalão.
“Pretendem com isso anistiar a
corrupção. Isso acaba com a necessidade da operação Lava-Jato. Não posso
investigar fatos que não são crimes. A partir do dia que dessa lei for
sancionada, esses fatos não serão crimes. Pior que isso, vamos ter que liberar
muita gente presa. Vamos ter que liberar condenados do mensalão. José Dirceu,
por exemplo, terá que ser liberado no dia seguinte a sanção dessa lei”, disse o
procurador.
Santos Lima fez ainda um forte chamado a população para reagir a partir de agora contra esta e outras iniciativas que, para ele, terão como objetivo criar um salvo-conduto geral para corruptos em todos os quadrantes do país. Ele sustenta que o sistema político está corrompido pelo poder econômico. O procurador reafirma ainda que a corrompido não pode ser encarada como um dado natural, uma “graxa” para manter a estrutura do estado em funcionamento.(G1)
Manchetes impactantes
-Projeto deve ser votado na próxima
semana.
-Após polêmicas,Câmara recua e adia
votação da anistia ao Caixa 2 eleitoral.
-Deputados poderão votar pacote
anticorrupção sem se identificar,
-Moro critica anistia e diz que
impactaria as investigações da Lava Jato.
)pinião sobre caixa 2
Sakamoto : Se Câmara aprovar
anistia,Brasil é país de otários.
Canzian: Temer parece crer no “golpe”.
Acusado de pressionar por obra.
-Pivô de crise Geddel anuncia aumento
de verba para emendas.
-
Janio : Temer sabia quem era Geddel.
É repórter especial da Folha. Foi secretário de Redação, editor
de política, do "Painel" e correspondente da Folha em NY e
Washington. Vencedor de quatro prêmios Esso.
Temer parece
convencido de que assumiu com um golpe
Alan Marques - 21.nov.2016/Folhapress
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O presidente Michel Temer, ministros e integrantes do Conselhão em
reunião na segunda (21)
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24/11/2016 10h26
Pelo modo como age, o presidente Michel Temer até parece ter sido
convencido pela tal "narrativa do golpe" que o acusou de ilegítimo para
substituir Dilma Rousseff.
Com visível perda de ímpeto, seu governo tenta promover a maior mudança
constitucional desde 1988 com um esclarecimento incompleto e envergonhado à
população do que está em jogo na PEC do teto e na reforma da Previdência.
Sem seu empenho e protagonismo, e em meio à operação para anistiar o
caixa dois no Congresso, Temer aumenta a suspeita de que o maior objetivo de
seu governo era mesmo "estancar a sangria" da Lava Jato.
Enquanto Lula convida seu colega uruguaio José Mujica e Chico Buarque
para manifestação contra as reformas na av. Paulista, Temer pediu na terça (22)
que empresários do chamado Conselhão defendam as
mudanças. Como se empresário fosse popular e tivesse capacidade de
mobilização.
Ao deixar a discussão para as redes sociais, o presidente só ganha
adversários. A maioria instrumentalizada por aqueles que deveriam perder
privilégios, sobretudo os representados pelas centrais de servidores.
Temer tomou posse definitiva no final de agosto e nos encaminhamos para
o fim de novembro. Em quase três meses, nem o presidente nem nenhum de seus
ministros tiveram a coragem e a delicadeza de explicar abertamente ao Brasil o
que está em jogo.
Seja em um pronunciamento na TV ou por meio de campanhas didáticas sobre
a necessidade urgente e inescapável de tais medidas.
Se está com medo de panelas, Temer tem um ministro neutro como Henrique
Meirelles (Fazenda) apto a explicar a gravidade do momento. O Rio e o Rio
Grande do Sul quebrados são eloquentes para escancarar o risco de não fazer
nada.
A próxima batalha, a da Previdência, também oferece muita munição ao
governo. Basta lembrar que só em 2015 menos de 1 milhão de aposentados e
pensionistas do setor público geraram deficit de mais de R$ 70 bilhões. No
privado, o deficit foi de R$ 86 bilhões, mas para 24 milhões de aposentados.
Cheio de trejeitos com as mãos, Temer
se apequena ao evitar sujá-las minimamente em uma causa legítima depois do que
o país passou para que ele chegasse onde está.
Colunista e membro do Conselho Editorial da Folha, é um dos mais
importantes jornalistas brasileiros. Analisa as questões políticas e
econômicas. Escreve aos domingos e quintas-feiras.
Temer levou
Geddel ao governo sabendo a quem entregava o poder
24/11/2016 02h00
O enredo em que se inclui a ação audaciosa e impune de Geddel Vieira Lima
não tem a simplicidade de um golpe a mais de tráfico de influência, como é
tratado. Se não está no início, Michel Temer está no meio de um encadeamento de
atos merecedores de mais do que uma nova anotação na folha corrida de Geddel.
Entre os primeiros atos de pretensa organização do seu governo, Temer
decidiu extinguir o Ministério da Cultura, ao qual se ligava o Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Iphan. Uma secretaria, de
preferência pendurada na Presidência da República, substituiria o ministério. A
explicação para o rebaixamento foi a redução de gasto. Inconvincente, porque o
próprio Temer, surpreendido pela reação de intelectuais e artistas, dizia serem
mantidos na secretaria todos os programas e funções do ministério. Logo, também
os gastos significativos.
As críticas venceram. Temer recuou, emitindo medida provisória de
recriação do ministério. Nela, porém, uma farpa intrometia a criação da
Secretaria Nacional de Patrimônio Histórico. A exemplo das demais secretarias,
aninhada na Presidência. A finalidade desse órgão foi captada pelo repórter
Evandro Éboli ("O Globo") com a deputada Mara Gabrilli, relatora da
MP: "Mergulhei para entender a importância dessa secretaria [Mara ouviu
muita gente]. E vi que a importância dela era tirar a importância do
Iphan" –o responsável, entre muitos fins, por julgar a relação entre o
patrimônio ambiental e empreendimentos (oficiais ou privados) que possam
prejudicá-lo. Caso da edificação defendida pela advocacia administrativa de
Geddel Vieira Lima.
A deputada retirou da MP a criação da secretaria que ia muito além da
suspeição de finalidade. Ficou porém, indelével, a autoria de Michel Temer na
sequência de atos pouco explicados e nada justificáveis, referentes a decisões
sempre representativas de alto valor financeiro, além de outros valores.
Inalcançados os objetivos dos atos de Temer, Geddel viu-se na contingência de
pressionar o então ministro Marcelo Calero, para obter-lhe a licença da
edificação negada pelo Iphan.
Nesta altura, cabe um recuo no enredo, para registrar dois outros atos
inexplicados. O Instituto do Patrimônio na Bahia é regido pelos mesmos
princípios e fins do Iphan central, mas cedera a licença. O prefeito de
Salvador, ACM Neto, com tanta responsabilidade pelo patrimônio ambiental da
cidade quanto o Iphan, também autorizou a edificação prejudicial. Em gravação
telefônica do presidente da OAS, Léo Pinheiro, ficou a comprovação de visita em
que Geddel obteve concessão de ACM Neto. Mais de uma. Fatos que mereceriam ser
investigados.
Tanto ou mais do que eles, conviria uma investigação da Polícia Federal
da "compra" de apartamento alegada por Geddel, como razão do seu
interesse no gabarito extraordinário do prédio. São dados importantes nos casos
de advocacia administrativa, em que não são raras retribuições em imóvel ou
outros bens, se houver êxito da manobra no governo para o privilégio
pretendido. Investigar não só por se tratar de Geddel com seu histórico
particular, mas por muitos acreditarem que o Brasil pós-Lava Jato não é mais o
mesmo.
Na Câmara, Geddel já se livrou, com apoio do PSDB, do depoimento
sugerido mais em seu favor do que contra. Suas lágrimas sensibilizaram os
líderes. Geddel, aliás, é um caso de lacrimoso bem sucedido. Como integrante
dos "Anões do Orçamento", o grupo de baixinhos que deturpava o
Orçamento do país em favor dos próprios bolsos, escapou da cassação por passar
uma noite inteira chorando e implorando a Luís Eduardo Magalhães, seu
adversário, que conseguisse excluí-lo da lista de punições em montagem naquelas
horas. Hoje é uma pessoa rica, para a qual Antonio Carlos Magalhães criou o
bordão lembrado por determinadas informações: "Geddel foi às
compras". O patrimônio subira.
Calero duvidou da idoneidade de Geddel.
Michel Temer, não. Levou-o para a Presidência da República sabendo muito bem a
quem entregava uma boa fatia do poder. Se aí não for o início do enredo, Michel
Temer está ainda mais atrás.
Se anistiar
caixa 2, Congresso decretará que o Brasil é um país de otários
Leonardo Sakamoto
24/11/2016 09:51
A Câmara dos Deputados perdeu o (pouco) pudor (que ainda tinha) ao
negociar, para embutir no pacote de medidas anticorrupção, uma anistia
a quem utilizou-se de caixa 2. Os nobres parlamentares querem reduzir
o impacto das delações premiadas dos quase 80 empregados da construtora
Odebrecht que estão sendo assinadas com o Ministério Público Federal.
Com exceção do PSOL e da Rede e de grupos de parlamentares contrários às
lideranças de seus partidos, que fazem parte das articulações para o Salve
Geral, esta é uma ocasião em que boa parte do governo e da oposição estão
juntos para salvar seu próprio pescoço.
Se aprovada a anistia, o crime de caixa 2 só valeria se cometido de
agora em diante. Para os parlamentares, o que passou passou.
O problema é que não passou. A população brasileira mais pobre é a que
mais sofre devido às relações incestuosas e pornográficas estabelecidas entre
políticos e empresários em financiamentos de campanhas.
Empresas que compram políticos querem ver seu investimento dando retorno
– seja na forma de informações privilegiadas, seja no favorecimento para
contratos com o Estado. Que não seguem o interesse público e, muitas
vezes, desviam recursos que poderiam ser usados para garantir melhor qualidade
de vida ao andar de baixo.
Agora, o Congresso Nacional está prestes a dar uma banana para o país. O
mesmo Congresso que também irá aprovar uma reforma trabalhista e uma reforma
previdenciária (que irão revogar direitos da população mais pobre) e que irá
impor um teto ao crescimento de investimento em serviços públicos.
Aqui é como a Atenas antiga: cidadãos são políticos e empresários, que
fazem as leis que os beneficiam e os perdoam. E os não-cidadãos são o
resto, a xepa, que encara sozinho o rigor da lei. Até porque rico não rouba,
rico sonega.
Enquanto isso, Valdete foi condenada a dois anos de prisão em regime
fechado por ter roubado caixas de chiclete. Franciely foi acusada de roubo de
duas canetas mesmo após ter mostrado o comprovante de pagamento por ambas em um
hipermercado. Maria Aparecida foi mandada para a cadeia por ter furtado um
xampu e um condicionador em um supermercado – perdeu um olho enquanto estava
presa. Sueli foi condenada pelo roubo de dois pacotes de bolacha e um queijo
minas em uma loja. Ademir, no desespero, furtou coxinhas, pães de queijo e um
creme para cabelo em um supermercado. Foi levado a um banheiro e espancado até
a morte.
Diante do quadro geral, se os nobres deputados e senadores resolverem
aprovar essa anistia e Michel Temer sanciona-la e a população permanecer em berço
esplêndido sem se dignar a arranhar uma mísera panela quando a notícia
aparecer no jornal na TV, sugiro que o país feche para ensaio.
Com um pouco de treino e quase 200
milhões de figurantes, podemos alegrar a memória de Nelson Rodrigues com uma
grande encenação da peça ''Perdoa-me por me traíres''.
obre o autor
É jornalista e doutor em Ciência Política pela
Universidade de São Paulo. Cobriu conflitos armados em diversos países e o
desrespeito aos direitos humanos no Brasil. Professor de Jornalismo na PUC-SP,
foi pesquisador visitante do Departamento de Política da New School, em Nova
York (2015-2016), e professor de Jornalismo na ECA-USP (2000-2002). É diretor
da ONG Repórter Brasil e conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas
Contemporâneas de Escravidão.
Operação Lava Jato
-LULA não me indicou para cargo em 2003,diz Cerveró.
-Delator nega que petista o indicou para diretor
internacional da Petrobras
-N]ao sei se LULA pediu
propina,diz Costa.
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