sábado, 26 de novembro de 2016

Colunistas e informação de Jucá -



Descrição: leandro colon

É diretor da Sucursal de Brasília. Foi correspondente na Europa, baseado em Londres, de 2013 a 2015. É vencedor de dois Prêmios Esso e de um Prêmio Folha

É inacreditável como o Planalto trata ação de cúpula no caso Geddel

Alan Marques/Folhapress

Geddel Vieira Lima (esq), Michel Temer e Marcelo Calero

26/11/2016 02h00

 

BRASÍLIA - É fato que um ministro de Estado pediu interferência de outro colega de Esplanada em assunto privado dele na administração federal. E é fato que o caso recebeu as atenções do presidente da República e do ministro da Casa Civil.

Está tudo documentado na entrevista de Marcelo Calero à Folha, no seu depoimento à Polícia Federal, em notas oficiais de Michel Temer e do ministro Eliseu Padilha, e na carta de demissão de Geddel Vieira Lima.

São informações por escrito revelando que, em meio a uma crise econômica profunda, três dos principais atores responsáveis por tirar o país da lama discutiram durante o expediente interesses pessoais de um deles em um processo no governo.

Em depoimento à PF, o ex-ministro da Cultura conta que relatou a polêmica sobre o Iphan e o empreendimento La Vue, em Salvador, até para a chefe de gabinete de Temer, Nara de Deus, em jantar no Alvorada. Segundo Calero, ela ficou "estupefata".

Ele diz que foi convocado por Temer para ouvir que o episódio criara "dificuldades operacionais" porque Geddel encontrava-se "irritado".

Temer admite ter conversado sobre o assunto com Calero. Em nota, alega que "buscou arbitrar conflitos entre os ministros e órgãos da Cultura sugerindo a avaliação jurídica da Advocacia Geral da União".

Eliseu Padilha, que chefia a poderosa Casa Civil, também não se intimidou e afirmou por meio de nota: "Sugeri ao ex-ministro que, em caso de dúvida, na forma da Lei, buscasse a solução junto à AGU".

Ao se demitir, Geddel escreveu: "Diante da dimensão das interpretações dadas, peço desculpas aos que estão sendo por elas alcançados."

Não houve "interpretações". Os três homens mais fortes do Planalto analisaram formas de solucionar um impasse em torno de um prédio onde um deles adquiriu um imóvel.

O fato em si não chega a surpreender, tratando-se de políticos em Brasília. O inacreditável é reconhecerem a prática com absoluta normalidade.

 



Descrição: hélio schwartsman

É bacharel em filosofia, publicou 'Pensando Bem...' (Editora Contexto) em 2016.
Escreve às terças, quartas, sextas, sábados e domingos.

Se arrependimento matasse...

Pedro Ladeira/Folhapress

O presidente Michel Temer, em evento no Planalto sobre migração de rádios

26/11/2016 02h00

 

SÃO PAULO - Os deuses encarregados de escrever a história têm um senso de humor mordaz. Uma das primeiras medidas de Michel Temer depois que chegou ao poder foi a de extinguir o Ministério da Cultura. Volúvel que é, o presidente cedeu às pressões de artistas e recriou a pasta, para a qual, depois de várias recusas, nomeou Marcelo Calero, cuja demissão agora lança o governo em sua pior crise.

O escândalo, que agora envolve o presidente em pessoa, é potencialmente explosivo. Há motivos para acreditar que Temer agiu bem perto do limite de pressionar um agente público para satisfazer interesses pessoais de Geddel Vieira Lima. O fato de o braço-direito do presidente ter deixado o governo tira a água da fervura, mas não basta para afastar a crise. A oposição já fala até em impeachment.

É preciso, porém, um pouco de cuidado aí. Encontrar um motivo jurídico para afastar um presidente é a parte fácil. Praticamente todos os mandatários deixam atrás de si um rastro de ações e decisões que podem sem muita dificuldade ser interpretadas como ilegais. O difícil é criar um virtual consenso político de que ele deve ser destituído. Tanto no impeachment como no crime comum, a ação penal precisa ser autorizada por uma maioria de dois terços da Câmara, e nada indica que os deputados estejam, por ora, dispostos a sacrificar Temer.

A tragédia brasileira é que vivemos uma rara conjunção de crise política estrutural e ruína econômica, e o enfrentamento da primeira, que exige fazer avançar as instituições e responsabilizar quem tenha cometido crimes, dificulta enormemente lidar com a segunda. Dá para sustentar que a solução dos problemas econômicos é mais urgente, mas é importante frisar que ela não pode ocorrer em detrimento do avanço institucional, pois o retrocesso aí não se mediria em anos e sim em décadas.

Tirar Temer mantendo Meirelles já não me parece o pior dos mundos

PMDB quer mudar de nome e retomar o 'MDB' da ditadura militar

Renato Costa - 12.mar.2016 /Folhapress

Membros do PMDB durante convenção nacional da legenda em Brasília, em março

PAULA SPERB
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PORTO ALEGRE (RS)

26/11/2016 14h09

 

 

O PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) pretende mudar o nome da sigla e retomar o nome "MDB", usado de 1966 a 1979, durante o bipartidarismo da ditadura militar, quando a sigla fazia oposição à Arena (Aliança Renovadora Nacional).

O anúncio foi feito no Rio Grande do Sul pelo senador e presidente da legenda, Romero Jucá (PMDB-RR), mas deve ser discutido em plenárias em todos os Estados. Se aprovada, a mudança deve ser oficializada em dezembro para entrar em vigor em fevereiro de 2017.

"Queremos deixar de ser partido e ser um movimento. Ou seja, algo mais forte, algo mais permanente, com uma ação constante. Voltar ser MDB resgata uma tradição, uma história, uma origem, que é muito importante para o povo brasileiro", disse Jucá em entrevista coletiva neste sábado (26).

O senador está em Porto Alegre para participar do 1º Ciclo de Debates com Prefeitos, promovido pelo núcleo gaúcho da Fundação Ulysses Guimarães. O Rio Grande do Sul elegeu 129 prefeitos do PMDB.

"Se o MDB antigo fez a redemocratização do país, o MDB novo pode fazer a reconstrução social e econômica do país", disse Jucá.

O presidente da legenda ainda disse que considera o nome "MDB" "mais atual".

"Já lancei aqui a consulta. Nós queremos retomar o que representa toda nossa força política, não apenas um partido político."

Aos prefeitos presentes na sua palestra, Jucá disse que quer "transformar o MDB em uma força política permanente" e que o "resultado" possa ser "colhido nas eleições".

Além de Jucá, o evento teve a participação de Osmar Terra, ministro do Desenvolvimento Social e Agrário, e de Eliseu Padilha, ministro da Casa Civil —ambos peemedebistas do Estado.

SAÍDA DE GEDDEL

Padilha foi citado pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero em depoimento à Polícia Federal como um dos membros do governo que o pressionaram para que colaborasse com o pedido de Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) na liberação de um empreendimento imobiliário em Salvador, onde Geddel tem um apartamento. Geddel pediu demissão na última sexta-feira (25).

Calero disse ainda que o presidente Michel Temer o "enquadrou" para que atuasse em favor de Geddel.

Jucá minimizou a participação de Temer no caso durante a entrevista coletiva.

"O que o presidente Michel fez, nas relações com os ministros, foi arbitrar e procurar soluções jurídicas para o caso. Por quê? Porque diferentemente do que parte da imprensa está dizendo, havia, sim uma diferença entre pareceres dentro do próprio Iphan. O Iphan da Bahia liberou a obra. O Iphan nacional suspendeu a obra", disse Jucá.

Segundo a Folha apurou, o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) da Bahia autorizou prédio com base em estudo sem valor legal.

As divisões estaduais do Iphan são subordinadas ao Iphan nacional, que responde ao Ministério da Cultura. Iphan nacional pode, pela lei, alterar decisões estaduais, como fez neste caso, o que contradiz a narrativa de "apaziguar conflito" adotada pelo Palácio do Planalto.

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