Essa expansão implica encomendas de equipamentos da ordem de R$ 7 bilhões por ano
Por Domingos Zaparolli | Para o Valor, de São Paulo
Para chegar a 2020 com uma capacidade
instalada de 20 GW, como previsto pela Associação Brasileira de Energia
Eólica (Abeeólica), o parque gerador brasileiro terá que realizar, em
média, uma expansão anual de 2,5 GW. Essa expansão implica encomendas de
equipamentos da ordem de R$ 7 bilhões por ano. A perspectiva de bons
negócios tem estimulado investimentos produtivos no país. Ao mesmo
tempo, fornecedores de aerogeradores tentam superar os gargalos da
cadeia produtiva para se enquadrar nas exigências de conteúdo local
estipuladas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES) para a concessão de financiamentos subsidiados na compra de
equipamentos.
A política do BNDES adotada no fim de
2012 prevê até 2016 uma gradual nacionalização de etapas produtivas,
superando a casa dos 60% de conteúdo local. Elbia Melo, presidente da
Abeeólica, diz que desde 2013 geradores e fornecedores de equipamentos,
representados pela Associação Brasileira de Maquinas e Equipamentos
(Abimaq), têm mantido conversações para detectar e solucionar gargalos
da cadeia produtiva e que os problemas estão sendo superados. "A
exigência de conteúdo local não será um entrave para a expansão da
geração eólica", afirma.
Segundo o BNDES, um total de 37
projetos de investimentos produtivos já foi anunciado, sendo 22 novas
unidades industriais e 15 expansões de fábricas. O número de projetos
poderá ser ainda maior, relatam representantes das indústrias de
equipamentos. Jean-Claude Robert, gerente-geral da divisão de energias
renováveis da GE para a América Latina, diz que, com os investimentos em
curso, o Brasil passa a contar com uma cadeia completa de fornecimento
de equipamentos eólicos, mas ainda será necessário aumentar a escala
produtiva para atender ao crescimento da demanda, e ganhar
competitividade para, no futuro, o setor se tornar exportador. "Estamos
diante de um bom desafio, que é de crescimento, mas a indústria tem
condições de atender a demanda projetada para os próximos anos", diz.
Sem relevar detalhes, "para não
alertar a concorrência", Tobert diz que a GE estuda novos investimentos
na produção de componentes considerados como gargalos pela companhia.
Atualmente a empresa opera uma fábrica em Campinas (SP) de hubs, o
"nariz" da turbina, que alcançou este ano a marca de mil peças
produzidas. Em novembro, começa a produzir a nacelle, considerada o
"coração" do sistema, dois meses antes do prazo estabelecido pelo BNDES
para a nacionalização do componente.
Marcos Costa, presidente da Alstom
Brasil, diz que, por meio de negociações conduzidas pela companhia, 29
novas linhas produtivas de componentes foram introduzidas no país por
empresas estrangeiras ou expansão de fabricantes locais. "Vamos adensar
ainda mais nossa cadeia de fornecimento local", diz. O objetivo em médio
prazo, segundo Costa, é tornar a produção brasileira competitiva para
atender a América Latina.
A Alstom já investiu R$ 60 milhões em
duas fábricas no Brasil. A primeira opera desde 2011 em Camaçari (BA)
para a produção de nacelles, e a segunda de torres de aço em Canoas
(RS). Em agosto, a companhia anunciou uma joint venture com a Andrade
Gutierrez para investimento de R$ 90 milhões em uma fábrica de torres
para aerogeradores em Jacobina (BA), com capacidade inicial de 200
unidades por ano. A previsão é entrar em operação neste ano.
O plano de investimentos da Gamesa
soma R$ 500 milhões até 2015. A empresa tem fábrica em Camaçari de
nacelles e cubos com capacidade anual de 700 MW. Segundo o diretor
executivo Edgard Corrochano, as encomendas já contratadas garantem uma
ocupação de 100% da capacidade para 2015, mas ainda não há uma
contratação equivalente para 2016.
Fonte: Valor Econômico
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