segunda-feira, 29 de setembro de 2014

A PONTE SALVADOR-ITAPARICA E SUAS ALTERNATIVAS
Fonte:BahiaEconômica

O método mais utilizado para análise de projetos públicos é o método da relação Benefício/Custo. Na análise do Benefício considera-se os benefícios que podem ser gerados para a população, e no caso da construção da ponte Salvador - Itaparica redução de tempo de travessia, diminuição de custos logísticos, desenvolvimento econômico e social da região e outros que objetivem a maximização dos benefícios sociais.

Na análise dos custos considera-se o custo inicial com o investimento e os custos de manutenção e operação do empreendimento. Faz-se em seguida a análise incremental dos benefícios e dos custos considerando-se as diversas alternativas alinhadas na ordem crescente dos investimentos iniciais. Recomenda-se colocar como primeira alternativa a de não fazer nada.

Ao longo de meio século tem-se falado aqui na Bahia da ligação da Cidade do Salvador com a Ilha de Itaparica e, mais recentemente, três projetos têm sido colocados nas mesas dos empresários e do governo pelos defensores de cada um deles. O primeiro deles, defendido pelo arquiteto Paulo Osmindo David de Azevedo é o da construção de uma via litorânea abraçando a Baía de Todos os Santos tendo custo menor, ganhos socioeconômicos e culturais por desenvolver o turismo e serviços náuticos na baía e ilhas, revitalizando cidades históricas e integrando os polos industriais e portos situados à sua margem.

O Projeto Porto-Travessia, de autoria do arquiteto Lourenço do Prado Valadares, com um traçado que se inicia em Paripe, no subúrbio ferroviário de Salvador, e termina com um túnel subterrâneo no centro da Ilha de Itaparica, considera a construção de ponte baixa, túnel submarino e porto offshore. Ele engloba pista para veículos, ferrovia e a possibilidade de implantação de outros portos menores.

O terceiro projeto, Sistema Viário Oeste – SVO, que está sendo estudado pela Secretaria de Planejamento do Governo do Estado da Bahia e é liderado pelo economista Paulo Henrique Almeida, é o que apresenta maior nível de detalhe e se constitui na construção de uma ponte com vão central elevado, conectando-se em Salvador com a Via Expressa Baía de Todos os Santos e em Itaparica com a rodovia BA-001 reconstruída e com novo traçado. Contempla ligações viárias com a rodovias BR-324, BR-242, BR-101 e BR-116, além das vias urbanas na Ilha de Itaparica. Este projeto está sendo elaborado por empresas de renome internacional, tem sua parte básica em fase de conclusão e já realizou serviços de sondagem e estudos ambientais EIA/RIMA.

Uma análise comparativa dos custos e benefícios incrementais das alternativas aqui citadas, ajudaria a reduzir as incertezas sobre a validade da construção da ponte ou apontando a proposta mais atrativa e que viesse trazer para a população a maior soma de benefícios sociais.

Os defensores da construção da ponte consideram-na como importante para o desenvolvimento da região do Baixo Sul e das redondezas de Santo Antônio de Jesus, cidade que cedeu vez ao desenvolvimento de Feira de Santana quando se definiu o traçado da rodovia BR-116, conhecida como Rio-Bahia, iniciada no Governo Dutra e só concluída no Governo João Goulart.

Vale lembrar as considerações que os projetistas fazem sobre o fortalecimento dos Portos de Salvador e Aratu-Candeias, bem como os aspectos positivos trazidos para os projetos dos estaleiros Enseada do Paraguaçu e São Roque do Paraguaçu, ambos localizados no município de Maragogipe, pontas de lança do desenvolvimento da indústria de construção e reparo naval na Bahia.

Não se pode deixar de lado as influências positivas que poderão advir com a participação da Universidade do Recôncavo, com suas faculdades localizadas em Cachoeira, São Felix e Cruz das Almas, decorrentes do engajamento de seus pesquisadores no delineamento das iniciativas desenvolvimentistas da região. A sua realização em muito dependerá de decisão do governo que tomará posse em janeiro de 2015.
Adary Oliveir
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