quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Perspectivas para o Petróleo na Bahia



A produção mundial de petróleo no terceiro trimestre deste ano situou-se ao nível de 92,949 bilhões de barris por dia (bbl/d) e a de gás natural 74,07 bilhões de metros cúbicos por dia (m3/d), dados da Merrill Lynch. Segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis - ANP a produção brasileira de petróleo no mês de agosto deste ano foi de 2,310 milhões de bbl/d e a de gás natural 90,9 milhões de m3/d.

A Bahia atualmente é o 5º maior produtor de petróleo entre os estados brasileiros, depois do RJ, ES, SP e RN, tendo produzido em agosto 43,161 mil bbl/d, e também o 5º maior produtor de gás natural, depois do RJ, ES, AM e SP, tendo produzido 8,349 milhões de m3/d. Para efeito de comparação, pode-se observar que a produção de petróleo no mundo, no Brasil e na Bahia é anotada, respectivamente, em bilhão, milhão e mil e a de gás natural, na mesma ordem, em bilhão, milhão e milhão, para mesma unidade de medida.

O preço do petróleo BRENT caiu rapidamente nos últimos meses tendo passado de 115 dólares por barril ($/bbl) em junho deste ano para 82 $/bbl neste mês de outubro. As projeções divulgadas pela Merrill Lynch, indicam que o preço do óleo cru não deve ultrapassar ao nível de 100 $/bbl em 2015. Os analistas desse mercado têm procurado explicações para o ocorrido atribuindo tal variação de preço ao fato da Líbia ter aumentado a produção subindo para níveis de 2013 sem nenhuma reação da Arábia Saudita, a mudança da geopolítica do petróleo decorrente da expansão das atividades terroristas do Estado Islâmico no Iraque, o descontrole sobre a epidemia do Ebola na África Ocidental, ou mesmo ao fortalecimento da moeda norte americana.

Mas, o que é que tudo isso tem a ver com a Bahia, já que sua produção de petróleo é de apenas 0,00005% da produção mundial? A importância pode ser atribuída a alguns fatores. Inicialmente porque na Bahia estão instaladas duas refinarias de petróleo, a Refinaria Landulpho Alves – RLAM e a Dax Oil, tendo a primeira delas, a segunda maior do país, com uma capacidade de refino de 323 mil bbl/d, contribuindo com cerca de 30% do ICMS arrecadado pelo Estado da Bahia, além de ser responsável pela exportação de óleo combustível, o primeiro produto da pauta de exportação do Estado. Em segundo lugar, porque o petróleo produzido na Bahia, em suas Bacias Recôncavo e Tucano, é do tipo leve, que pode ser processado pelas refinarias brasileiras. Em terceiro lugar porque o petróleo produzido aqui, por ser uma área de exploração em terra, tem um custo de produção e exploração inferior ao das áreas de alto mar do pré-sal.

Tal cenário poderia induzir a ANP a promover novos leilões para concessão de áreas de exploração de petróleo em terra atraindo para a Bahia não só novos investimentos da Petrobras, mas também das três dezenas de empresas que atuam nesse ramo de negócio no Brasil. Aliás, essa possibilidade tem despertado interesse das associações de pequenos produtores de petróleo do Texas e de Oklahoma, nos Estados Unidos.

Segundo especialistas, não só a exploração e produção (E&P) de petróleo em terra é de mais baixo custo do que a do pré-sal, como também, no caso da Bahia, possui petróleo de melhor qualidade e cotado no mercado internacional com melhor preço do que o petróleo pesado da Bacia de Campos. Se isso não bastasse, as nove empresas independentes que hoje atuam em terras da Bahia têm sido bem sucedidas nas suas pesquisas exploratórias e acreditam na possibilidade de novas descobertas e da exploração do óleo e gás de folhelho, erroneamente chamado de xisto.

O aumento dos investimentos na E&P não atingem apenas a produção de petróleo e gás, mas também a ampliação do comércio pelo alcance maior dos fornecedores de bens e serviços que o setor de petróleo carrega consigo. O negócio petróleo na Bahia é pequeno quando comparado com as atividades do setor no Brasil e no mundo, mas é muito significativo para o Estado e não pode ser relegado a segundo plano, principalmente agora que reinicia com bastante força as atividades de reparo e construção naval, de navios de apoio e plataformas, segmento que já foi líder no passado.

As oportunidades no mundo do petróleo são imensas e a Bahia não pode ficar sem aproveita-las. Vontade e disposição do empresariado existe, falta apenas ação do governo para convencer a ANP de incluir a Bahia entre suas prioridades.

Adary Oliveira
Doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, Espanha

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