A tecnologia genuinamente nacional, originária da Fundação de Apoio ao Menor de Feira de Santana (Famfs), na Bahia, faz o lixo virar o luxo do esporte. Parceira do Ministério do Esporte, por meio do Programa Pintando a Cidadania, a entidade que desde 2004 constrói pistas de atletismo fixas, agora inova na produção para lançar, em outubro deste ano, a primeira pista oficial de atletismo móvel do mundo.
O exemplar tem padrão oficial olímpico de 4 mil metros quadrados, distribuídos em oito raias com 100 metros cada e será instalada no Centro Olímpico da Universidade de Brasília (UnB).
O equipamento é feito a base de pneus usados e de resíduos de borrachas, um total de 50 toneladas doadas mensalmente pela Pirelli e Ford à fundação.
Além da sustentabilidade do meio ambiente, uma vez que esse tipo de matéria-prima leva 400 anos para se decompor na natureza, a pista possui o diferencial voltado para a praticidade da realização de campeonatos em locais onde não existe esse tipo de infraestrutura esportiva.
A experiência na fabricação de dez pistas fixas em convênios anteriores com o Ministério do Esporte fez com que a entidade buscasse outras opções de oferta de equipamentos.
No formato pista fixa, as placas de piso emborrachado são fixadas e coladas sobre uma estrutura de cimento, asfalto ou similares.
No móvel, além da facilidade de serem transportadas, elas podem ser fixadas em cima de uma lona de borracha onde são encaixadas uma a uma e depois da competição podem ser desmontadas e voltar ao local de origem.
De acordo com o presidente da Famfs, Antonio Lopes Ribeiro, uma pista fixa geralmente é muito cara. Custa, no mercado do setor esportivo em média, R$ 2,8 milhões. “Além de possuir a mesma qualidade das fixas, nossa pista móvel tem o benefício da economia porque elas não são comercializadas e sim, doadas pelo Ministério do Esporte”, explica.
Lopes destaca a qualidade da pista móvel. Segundo ele, a empresa que faz a tecnologia da borracha também estudou a melhor forma de transportar a pista. “Elas são levadas em cima de caminhões e enroladas como se fossem carretéis gigantes de linha”.
Enquanto o produto esportivo inovador não é concluído, a fábrica da Famfs trabalha, a todo vapor, com empenho e dedicação de seus 22 funcionários, seja encaixando as placas da pista no espaço do Centro Desportivo, seja na produção do material na fábrica de piso emborrachado.
A maioria recebe por produção cerca de R$ 800 mensais. Roque da Silva, supervisor da pista móvel que está sendo montada trabalha há 8 anos na entidade falou sobre sua expectativa sobre o resultado do novo item esportivo.
“Depois de concluída, a pista móvel vai ser instalada no Centro Olímpico (CO) da Universidade de Brasília (UnB). Ali nosso material será testado e aprovado”, garante Roque ao ressaltar seu orgulho em participar da nova experiência.
Dinâmica de fabricação
A fábrica de piso emborrachado do Ministério do Esporte-Famfs produz 5,4 mil placas por mês e é comandada pelo instrutor Antônio Carlos da Silva.
Ali tudo começa com o controle de qualidade.
Após a seleção, pneus e resíduos de borracha passam pelo bambore, uma espécie de liquidificador gigante. Dali a matéria-prima em forma de bolo emborrachado passa por um cilindro misturador que cospe uma lâmina de borracha que é moldada em dois modelos de pisos medindo 48 x 48 cm.
A junção desses pisos resulta em pista móvel de corrida móvel ou fixas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário