Travar cidades é costumeiro...as prioridades devem ser o bem estar do povo(pensar grande).
Cidade
Impasse atrasa obras de mobilidade
Karina Baracho
Uma das vias mais movimentadas de Salvador, a Avenida Mário Leal Ferreira, popularmente conhecida como Bonocô, é também um dos pontos mais críticos do trânsito na capital. Por ali, passam, diariamente, cerca de 46 mil veículos, por sentido. Atravessar pouco mais de três quilômetros de faixa é uma verdadeira via-crúcis para os motoristas que transitam nela, principalmente nos horários de pico.
O projeto de mobilidade para a Copa de 2014, que prevê uma série de intervenções viárias para desafogar a marginal, ordenar o tráfego e, consequentemente, reduzir o número de acidentes na via seria a solução, ou, pelo menos, parte dela. Entretanto, as obras no local estão com o cronograma atrasado e alguns serviços foram paralisados por causa de um impasse com o proprietário do Posto Mataripe.
“Como estratégia de negócio, ele conseguiu, através de alguns políticos, impedir o andamento da obra, na fase próxima ao posto, pois o empresário pretende alterar o projeto, fazendo da pista paralela ao seu comércio, que seria uma passagem obrigatória para todos os veículos, forçando o condutor a pegar o engarrafamento logo adiante, naquela saída estreita, próximo ao ponto de ônibus”, denunciou uma fonte à Tribuna.
O projeto original prevê o desvio do fluxo de veículos que vem da Avenida Odilon Dórea, em Brotas, diretamente para a faixa principal da Bonocô, através da implantação de uma ‘agulha’ (acesso direto), que impediria a passagem destes carros na via lateral ao posto.
“O que muda é só a saída de quem vem de Brotas, mas quem quiser abastecer terá a opção de seguir em frente e entrar no posto. A diferença é que, em vez de obrigatória, a entrada é facultativa. Quem trafega pela Bonocô também terá a entrada liberada tanto para o posto, quanto para a Cresauto e para o Condomínio Vale das Flores”, salientou o diretor de trânsito da Transalvador, Renato Araújo.
Segundo ele, a intervenção ajudaria a descongestionar o trecho que compreende o posto de combustível e o ponto de ônibus já no final da Avenida, sentido Iguatemi. Além disso, o projeto extingue a mão dupla entre a saída do Condomínio Vale das Flores até a Ladeira de Brotas, implantando o sentido único, permitido apenas para quem desce a ladeira rumo ao Bonocô.
A alteração foi aprovada pelos moradores do Condomínio Vale das Flores e pela direção da Concessionária Cresauto, que se comprometeram em fazer alterações para se adequarem ao novo sistema viário. Já a direção do Posto Mataripe se opõe às mudanças e busca ajuda para elas não acontecerem.
“Estamos de acordo porque não podemos pensar só nas vendas, mas nos interesses da coletividade como um todo. Cada um tem que dá a sua contribuição para melhorar este cenário, já que a cada dia o trânsito fica uma loucura”, disse o diretor comercial da concessionária de veículos, José Roberto La Greca, ressaltando que a loja já suspendeu a entrega com carretas dentro do perímetro urbano.
“Tiramos de circulação da cidade os veículos maiores. Agora, eles só descarregam no depósito nas proximidades da Brasilgás, na BR-324. É uma forma de contribuir para o trânsito, já que recebíamos, por dia, três ou quatro carretas com mercadoria. Se cada um fizesse a sua parte tudo fluía, mas cuidam de interesses particulares e esquecem o social. Hoje (ontem) mesmo passei por lá e não vi um só operário trabalhando no local”, pontua.
Os moradores do Condomínio Vale das Flores, onde vive aproximadamente 600 famílias, também considera positivas as alterações. “Com a extinção da mão dupla, nós iremos abrir um portão lateral para que os moradores tenham acesso a Brotas, pela Rua Amado Coutinho. Assim, vamos descongestionar a frente, sem perdas para os moradores”, contou, Álvaro Consolonieri, síndico geral.
Segundo ele, em reunião realizada com representantes da Transalvador e a comunidade envolvida, o órgão de trânsito se comprometeu em executar melhoria nas ruas Amado Coutinho, Odilon Dórea e acesso ao conjunto Santa Madalena, a exemplo de operação tapa-buraco e serviços de sinalização.
“As intervenções incluem ainda a redução da velocidade máxima da Ladeira Odilon Dórea, de 40 para 30 km/h, e a implantação de sonorizadores ao longo dela. O que as pessoas têm que entender é que a cidade não comporta mais a mesma engenharia de tráfego dos anos 80. O fluxo aumentou consideravelmente e, consequentemente, o perigo para motoristas e pedestres trafegarem em via contraditória”, explicou o diretor da Transalvador.
De acordo com Araújo, a obra integra um pacote de 17 intervenções já em andamento, a exemplo da Praça Nossa Senhora da Luz, na Pituba; no Largo do Luso, em Plataforma; Viaduto do Lobato; Hiper Posto e Paulo VI, onde os serviços estão acelerados. Com relação ao Bonocô, ele admite que a obra está atrasada. “Já era para está sendo concluída se não fosse a paralisação”, conta.
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