Embraer forma parceria com a AEL
Por Virgínia Silveira
Para o Valor, de São José dos Campos
Disputar um mercado potencial de US$ 1 bilhão nos próximos 10 a 15 anos. Segundo o presidente da Embraer Defesa e Segurança, Luiz Carlos Aguiar, essa é a expectativa que a companhia deposita na sua mais nova empreitada, a aquisição de 25% da AEL Sistemas, com quem também formalizou a criação de uma nova empresa, a Harpia.
A nova empresa terá suas atividades focadas nos mercados de veículos aéreos não-tripulados, simuladores e sistemas aviônicos.
O acordo com a AEL, subsidiária da empresa Elbit Systems , maior empresa privada fabricante de produtos de defesa de Israel, é uma evolução da parceria estratégia firmada pelas duas empresas durante a feira de defesa e segurança Laad, no Rio de Janeiro, em abril.
A Embraer terá participação majoritária na nova empresa, com 51% de participação e a AEL 49%. Para a presidência da Harpia, a Embraer nomeou o executivo Rodrigo Fanton, que anteriormente já exercia o cargo de gerente de suprimentos da companhia.
A nova empresa, segundo Aguiar, terá estrutura própria, e inicialmente ficará sediada em Brasília, mas à medida que surgirem contratos, haverá a necessidade de uma fábrica para abrigar as áreas de engenharia e produção. "A localização dessa nova empresa ainda não foi definida, mas algumas opções já estão sendo analisadas pelas duas empresas", disse. Segundo ele, não está prevista a transferência de funcionários da Embraer e da AEL para Harpia, pois toda a mão de obra será contratada de fora dessas empresas.
A aquisição de 25% da AEL, segundo o diretor financeiro da Embraer Defesa e Segurança,André Gualda, também tem como objetivo facilitar o processo de transferência de tecnologia da Elbit-AEL nas áreas de interesse da joint-venture. "Com essa formatação também estaremos atendendo às diretrizes da Estratégia Nacional de Defesa (END), que prioriza o desenvolvimento e a capacitação tecnológica de produtos de defesa nacionais ", disse.
O vice-presidente de Operações da AEL Sistemas, Vitor Neves, disse que a associação entre as duas empresa terá grande importância para o desenvolvimento de vants mais adequados às necessidades brasileiras, ao unir as tecnologias de sistemas da AEL com as tecnologias aeronáuticas da
Embraer.
O presidente da Embraer Defesa e Segurança acredita que a parceria com a AEL dará mais peso à proposta da empresa Harpia no processo de aquisição de futuras aeronaves vants para as Forças Armadas. No ano passado, a AEL venceu uma licitação aberta pela FAB para a compra de dois vants, do modelo Hermes 450, fabricado pela Elbit, com os quais pretende criar uma doutrina própria de utilização na Força.
"Acredito que a nossa proposta é vencedora e nós vamos mostrar isso na prática, pois acima de tudo é importante que os projetos sejam competitivos sob o ponto de vista de custos e de qualidade",afirmou. Segundo Aguiar a nova empresa já nasceu com alguns requisitos sólidos para disputar seus
negócios na área de defesa. "Temos tecnologias comprovadas em ambas empresas, capacidade de integração, marca reconhecida e com credibilidade no mercado internacional, além de uma sólida estrutura financeira e de capital", completou.
A AEL mantém uma parceria de longa data com a Embraer, tendo sido uma das primeiras fornecedores de sistemas para a aeronave turboélice Tucano nas décadas de 80 e 90. Em parceria com a Embraer a AEL também faz a modernização dos sistemas aviônicos dos caças F-5 e AMX, avaliadosem R$ 353 milhões.
A AEL também é responsável pela modernização da frota de 54 Bandeirantes da FAB. Em Porto Alegre, onde está sua sede, mantém um centro de excelência na área de sistemas aviônicos de última geração. Seu faturamento é da ordem de US$ 50 milhões.
A Embraer Defesa e Segurança também anunciou que a AEL foi escolhida para fornecer o computador de missão para o jato de transporte militar e reabastecimento em voo KC-390. A compra de parte da AEL e a joint-venture Harpia, segundo Aguiar, não influenciaram na decisão.
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