sábado, 24 de setembro de 2011

ECONÔMICAS E INTERNACIONAIS

CRISE GLOBAL

Dívidas soberanas colocam zona do euro perto de uma crise bancária

Sem ter resolvido a crise da dívida soberana, a Europa está agora mais perto de uma crise bancária. Diante de mais um dia de fortes perdas nos mercados acionários e de commodities e de instabilidade no mercado de moedas, autoridades europeias ultimavam planos de recapitalização de 16 bancos quase reprovados em um teste de resistência recente, informou o "Financial Times".

No ano até o fim de agosto, segundo o Fundo Monetário Internacional, a perda de valor dos bancos europeus atingiu €400 bilhões, um recuo de 40%. E sua situação só piorou em setembro.


O socorro envolve principalmente bancos de porte médio - sete espanhóis, dois alemães, dois gregos, dois portugueses, um da Itália, um de Chipre e um da Eslovênia. O problema não se restringe a eles, porém. Os mercados castigaram duramente os bancos franceses, com alta exposição às dívidas soberanas e que têm perdido fontes de financiamento em dólares garantidas por fundos de investimentos americanos.


A informação de que o BNP Paribas, maior banco da França, procura obter US$ 2,7 bilhões junto a investidores do Oriente Médio elevou as inquietações. "Se fosse preciso confirmação de que estamos no meio de uma segunda crise bancária, ela veio com essa notícia'', escreveu Michael Symonds, do Daiwa Capital, em nota a clientes. O banco negou a operação, mas seus papéis caíram 5,7% ontem. Seu concorrente, Société Générale, perdeu 9,6%. Sinal da desconfiança generalizada, até alguns bancos austríacos viram suas ações perder 10% só ontem.

Segundo o Relatório de Estabilidade Financeira Global do FMI, quase metade dos €6,5 trilhões de títulos de governo da zona do euro apresentam riscos de crédito crescentes.
 FMI e governos europeus apontam para o fundo de estabilização europeia como fonte possível de recursos para capitalizações diretas das instituições financeiras.
 A cambaleante situação dos bancos aponta para novo aperto da oferta de crédito, no momento em que os indicadores da zona do euro mostram uma recessão a caminho. Dados divulgados ontem revelaram que a atividade empresarial da região teve sua primeira contração em dois anos.

O anúncio da "Operação Twist" pelo Federal Reserve, com o argumento de que há "riscos significativos" para a economia americana, deixou os mercados alarmados e as incertezas só pioraram com indicadores registrando recuo da produção chinesa pelo terceiro mês consecutivo, algo só visto na crise financeira de 2008.


Em mais uma jornada durante a qual predominou a aversão ao risco, os mercados derrubaram commodities agrícolas e industriais em grande escala e correram para os títulos do Tesouro americano de dez anos, cujo rendimento caiu a 1,6961%, o menor desde 1946.
Fonte: Valor Econômico

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