segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Economia - Infraestrutura

 Retomada da Via Atlântica é vital para a cidade
Adriano Villela - Tribuna da Bahia



"A cidade precisa deste investimento”. A frase resume a posição do secretário de Desenvolvimento, Habitação e Meio Ambiente da Prefeitura de Salvador, Paulo Damasceno, sobre a Avenida Atlântica.

Apresentada em janeiro do ano passado pelo prefeito João Henrique Carneiro, dentro do masterplan Salvador Capital Mundial, a via proposta seria uma ligação entre as avenidas Luís Eduardo Magalhães e Orlando Gomes e a Avenida 29 de Março (em construção), com a função de desafogar o tráfego na Paralela.

Em julho, porém, o projeto foi retirado da prefeitura quando o Conselho de Meio Ambiente do Município (Comam) avaliava a autorização para a formulação do termo de referência que balizaria o estudo de impacto ambiental (EIA-RIMA).
 “A cidade carece destes investimentos.

O nosso eixo de desenvolvimento é justamente naquela direção”, afirmou o secretário, que também preside o Comam, colegiado composto por representantes do poder público, ambientalistas e sociedade civil. A proposta integra o Programa de Obras Viários (Provia).

Membro do conselho representando a Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-BA), Cláudio Cunha defende a utilidade da Via Atlântica.

“Foram propostas duas avenidas alternativas à Paralela. A Linha Viva vai ser expressa, pedagiada. É importante ter outra que possa servir aos bairros”, disse. A Paralela suporta cerca de 240 mil carros por dia, nos dois sentidos, conforme a Translavador.

Cerca de 30% deste fluxo deve ser absorvido pela Linha Viva, em fase de licitação. Com a retomada da Avenida Atlântica, a Paralela ampliaria sua capacidade e escoar o tráfego em 150%.

O principal entrave ao projeto da Avenida Atlântica - de autoria da Fundação Baía Viva e com participação do arquiteto João Filgueiras Lima, o Lelé - é uma ponte sobre o parque de Pituaçu. A rejeição à medida foi liderada pelo relator no Comam, o professor de Urbanismo Jorge Glauco Nascimento, da Universidade do Estado da Bahia (Uneb).
Segundo uma fonte ouvida pela reportagem, uma alternativa que já está sendo pensada: a divisão da via – de 14,6 quilômetros: o primeiro trecho ligaria a Luís Eduardo Magalhães ao início de Pituaçu e o segundo seguiria de Patamares até a Avenida Orlando Gomes.

A assessoria da prefeitura afirma que do traçado originalmente pensado para a Avenida Atlântica, um trecho já está pronto e outro com licenças obtidas para início dos trabalhos. O traçado inicialmente pensado, porém, estaria descartado por causa do entrave em Pituaçu.

Para Damasceno, o EIA-RIMA seria o momento para avaliar eventuais danos e medidas mitigadoras, porém – dada a reação dos demais membros do conselho – não houve condições político-institucionais para a manutenção da proposta. “O Eia-Rima é um trabalho técnico, de alta especialização.

As pessoas (contrárias à Avenida Atlântica) se contrapuzeram a ideias, ainda não era nem projeto, e sem buscar um conhecimento mais acurado”. O secretário destaca que a última grande avenida feita em Salvador, a Luís Eduardo Magalhães, foi projetada há 15 anos, o que reforça a necessidade de novas intervenções.

De acordo com o Masterplan, a Avenida Atlântica foi concebida como uma via de trânsito rápido, com três faixas de tráfego por sentido e oito conexões.do dois viadutos. Atravessaria os bairros de Mussurunga e Piatã, afetando ainda as regiões do Imbuí, Boca do Rio, Jardim Imperial, Pituaçu, Patamares, Alto do Coqueirinho e Bairro da Paz, com potencial para beneficiar 430 mil pessoas. O projeto é assinado pela arquiteta-urbanista Maria Elisa Costa, da TCC Engenharia de Tráfego e Transportes, e os engenheiros Francisco Moreno e Lucimar Maschio Cardoso.

O secretário destacou que grandes metrópoles em todo o mundo têm vias cortando parques, citando o exemplo da Central Park, em Nova Iorque (EUA). Na avaliação do gestor, cuja pasta também é responsável pela elaboração de projetos, via Fundação Mário Leal Ferreira, a ponte em Pituaçu seria viável desde que fossem adotadas as condicionantes e medidas mitigadoras determinadas no EIA-Rima e se utilizasse dos recursos tecnológicos atualmente disponíveis.

A busca ao Vale Encantado

O gestor cita como ações que estão em andamento o trecho de 700 metros da nova Avenida Tamburugy, que liga o Shopping Paralela a Patamares, na altura do Clube da Coelba; o começo da Avenida 29 de Março e o projeto de delimitação do Vale Encantado.

Uma comissão da secretaria está delimitando a poligonal da região de proteção ambiental. O parque ambiental fica localizado entre três condomínios da Paralela e é definido como área de preservação permanente pelo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) de Salvador, aprovado no final de 2007.

Com recursos assegurados junto ao governo federal, a Linha Viva terá 17,7 quilômetros de extensão. A previsão é que as obras comecem em dezembro deste ano e durem 18 meses, sendo concluída no período da Copa das Confederações de 2013. Terá início na Rótula do Abacaxi, onde fica a estação Acesso Norte do trecho 1 do metrô, cortando toda a Paralela, sendo finalizada na CIA Aeroporto.

Cortará ainda os bairros de Pernambués - integrando-se com a Av.Luis Eduardo Magalhães – Narandiba, Saboeiro, Cabula VI, Tancredo Neves, CAB, Alphaville (fazendo integração ao Bairro da Paz), Mussurunga Parque São Cristóvão. Deve beneficiar 800 mil pessoas. Somando a Linha Viva com a Via Atlântica, a prefeitura pretende ampliar a capacidade de escoamento da Paralela em 150%

Passarela rolante

Outra proposta defendida pelo secretário e que não teve continuidade é a passarela rolante ligando o Campo da Pólvora ao Terreiro de Jesus.

“É muito importante que seja retomada. Será a principal alternativa de acesso para a Arena (da Fonte Nova) para quem vem da Cidade Baixa”, frisou. Paulo Damasceno não desiste dos dois, mas reconhece dificuldades políticas e institucionais, tendo em vista que a gestão do atual prefeito termina no próximo ano.

Há ainda a necessidade de se assegurar recursos para as obras – só a Linha Viva, que está em andamento, deve custar aos cofres públicos R$ 1,3 bilhão. .

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