quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

 iGÚltimo Segundo
Danilo Farielo, iG Brasília
 Economia


Enquanto setor privado engatinhar no crédito à infraestrutura, BNDES deverá ter papel de facilitador, assumindo até mais riscos

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, disse ao iG que o banco atuará como avalista dos empréstimos de longo prazo efetuados pelo setor privado. Hoje, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou um pacote de medidas para fazer com que o setor privado conceda empréstimos para infraestrutura, reduzindo a demanda ao BNDES.

Segundo Coutinho, podem ser discutidas facilidades específicas no modelo desses empréstimos, como por exemplo, o BNDES inicialmente correr mais riscos do que os demais investidores privados em um mesmo empreendimento de infraestrutura.


O BNDES tem programado para investimentos em debêntures de infraestrutura um valor de R$ 10 bilhões. Coutinho pretende usar esses recursos investindo sempre em parceria com o setor privado.
Outro valor será aplicado no fundo de liquidez, para estimular o mercado secundário.


Coutinho explica que o investimento solidário do BNDES com aplicadores privados tem em vista a inexperiência do mercado financeiro nacional em lidar com os riscos de um empreendimento desse tipo, como a construção de uma usina hidrelétrica ou de um empreendimento logístico, por exemplo.


No caso de operações de grande porte, como o trem-bala, a participação do BNDES como emprestador solidário já é uma espécie de “exigência informal” de fundos de pensão e demais investidores, como uma maneira de comprovar a viabilidade do projeto.


Segundo Coutinho, o modelo dos títulos de longo prazo deverá ser avaliado caso a caso, mas há espaço para certas flexibilidades, dependendo do projeto em discussão e do modelo de crédito. Em casos de securitização, por exemplo, seria possível existir a relação entre cotas sênior e subordinadas, em que as primeiras correm mais risco do que as demais. Nesse caso, o BNDES poderia assumir mais riscos.

O presidente do BNDES lembrou hoje, em entrevista coletiva, que o banco já busca estimular o mercado de crédito tentando inovar em emissões de debêntures por meio da BNDESPar, que tem valores mínimos de investimento mais acessíveis e também indexadores que não seguem o Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI).


Grande expectativa macroeconômica


Para o presidente do BNDES, as medidas anunciadas hoje(15.12) têm um efeito bastante positivo para o crescimento do país e da receita da União, embora não tenha previsto números precisos.
 “É uma nova alavanca para investimentos, permitindo ao país crescer, sem ter de tornar o BNDES muito maior.”

Coutinho entende, porém, que a pujança desse embrionário mercado de títulos de crédito privados de longo prazo dependerá das expectativas do mercado com relação à taxa de juros.
 Quanto mais rapidamente ela cair, mais rápida seria a expansão desse mercado.

Em um mercado mais “ideal”, haveria possibilidade de a presença do BNDES no mercado de crédito de longo prazo nacional cair dos atuais 25% para algo até 10%, ao longo de alguns anos, avalia Coutinho.
 Segundo ele, esse espaço do BNDES seria ocupado por mais investidores estrangeiros emprestando a longo prazo no país ou mesmo com a expansão do crédito bancário para esses empreendimento

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