sábado, 18 de dezembro de 2010

A Bahia continuará a crescer...é preciso que se realizem as obras de infraestrutura

Veículo: Valor Econômico

Caderno: Bahia
Bahia: Perspectivas de crescimento da economia do Estado deixam empresariado otimista
Prioridade agora é a integração
Genilson Cezar
 o Valor, de São Paulo



A Bahia abre um novo ciclo de desenvolvimento, com um volume de investimentos inédito em sua história recente. Serão desembolsados mais de R$ 8 bilhões só no complexo logístico-industrial de Ilhéus, no litoral. Compõem o complexo terminais de exportação de minérios e grãos, polo industrial e de serviços com Zona de Processamento e Exportação, ponto de entrega do Gasoduto da Integração Sudeste-Nordeste, conexões com importantes eixos rodoviários, como a BR-101 e, principalmente, conexão com a Ferrovia da Integração Oeste-Leste, que fará a ligação do litoral sul da Bahia com o cerrado brasileiro, em Figueirópolis (TO).

É uma obra estratégica na avaliação de Antônio Alberto Valença, secretário do Planejamento da Bahia. "O objetivo é promover a desconcentração econômica e espacial da Bahia, permitindo ampla integração entre as cadeias produtivas do interior e o comércio internacional."

Não é uma ação isolada, claro. Nos últimos anos, a Bahia atraiu uma série de projetos estruturantes e de longa maturação, com recursos externos, provenientes principalmente do governo federal e da iniciativa privada. O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), por exemplo, estabeleceu como meta até 2014 a aplicação de um investimento total na Bahia, em projetos em várias áreas (logística, energética, social e urbana), de R$ 51,2 bilhões. Do lado da iniciativa privada, em um único projeto, o da expansão da fábrica da Ford em Camaçari, que pretende elevar a capacidade produtiva de 250 mil para 300 mil veículos por ano, serão investidos nos próximos seis anos algo em torno de R$ 2,4 bilhões, gerando mais de mil empregos.

"Essa vasta carteira de projetos já em andamento e para os próximos anos terá forte impacto transformador na realidade socioeconômica do Estado, em médio e longo prazos", acredita Valença.

De acordo com o secretário, o governo estadual atua em três eixos: implantação de uma nova infraestrutura logística, redução do passivo social e promoção do desenvolvimento no semiárido baiano, região que concentra a maioria da população rural do Estado.

No plano social, os maiores desafios, segundo Valença, são saneamento e fornecimento de água e luz. O programa Água para Todos, lançado em 2007, vem sendo executado com investimentos de R$ 2,5 bilhões dos governos estadual, federal e do Banco Mundial. Visa a beneficiar mais de 2,8 milhões de pessoas.

Em dezembro serão concluídas as obras do emissário submarino de Jaguaribe, com investimentos de R$ 259 milhões. E o programa Luz para Todos prevê aplicar R$ 1,9 bilhão para reverter o quadro de 370 mil domicílios rurais sem energia elétrica. Ainda há obstáculos para que essas ações se efetivem a longo prazo, segundo o secretário. "Nunca temos o montante de recursos necessários para cumprir o programa de governo", diz. "Por isso, precisamos atrair o capital privado."

Há clima de otimismo em relação às perspectivas de crescimento da economia baiana entre o empresariado, afirma José Mascarenhas, presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb). No fim de novembro Mascarenhas definiu em Tóquio, junto com representantes do governo brasileiro, a realização em maio do encontro, em Salvador, do Comitê de Cooperação Brasil-Japão. Segundo Mascarenhas, o governo do Estado, por intermédio de programas de incentivos fiscais e obras de infraestrutura, tem atraído diversos investimentos industriais em vários setores. Somente na região metropolitana de Salvador, foram instaladas 120 empresas nos últimos quatro anos.

Para o economista Fernando Pedrão, da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e presidente do Instituto de Pesquisas Sociais, é preciso, antes de tudo, trabalhar com fatos e projeções de probabilidade. "Abrem-se oportunidades para novas linhas de política regional de desenvolvimento que aproveitem as contradições dessa maré de crescimento com baixo efeito de emprego e enfrentem as novas condições de desnacionalização da economia do Estado", diz.

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