terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Resenha Diária produzida pela ASCOM/MD
  21/12/2010

MINISTÉRIO DA DEFESA
Assessoria de Comunicação Social
Resenha Diária do Jornal:

VALOR ECONÔMICO

 Dilma confirma no cargo os três comandantes das Forças Armadas

Tarso Veloso
De Brasília

A presidente eleita, Dilma Rousseff, confirmou ontem os atuais comandantes das Forças Armadas em seus cargos. Depois do convite ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, para permanecer no cargo, a presidente tinha dado indicações de que não faria objeções à continuidade também dos comandantes, com quem encontrou-se ontem para formalizar o convite.

O general Enzo Peri, do Exército, o comandante da Marinha Júlio Soares Neto e o comandante da Aeronáutica Juniti Saito vão permanecer. Todos assumiram os postos durante o governo Lula, mas o comandante mais envolvido em polêmica foi o da Aeronáutica, Juniti Saito, por causa do caos aéreo e de dois grandes acidentes da aviação, e do mais que polêmico projeto de compra de caças para a Aeronáutica.

Saito tem 68 anos e é natural de Pompeia (SP). É casado e pai de três filhos. Tem no currículo mais de 6 mil horas de voo e quase 40 condecorações. Sua patente é tenente-brigadeiro-do-ar. Fez cursos de formação de oficiais voadores, aperfeiçoamento de oficiais, curso operacional de piloto de caça e curso de piloto operacional em transporte aéreo.

O almirante-de-esquadra Julio Soares de Moura Neto é o comandante da Marinha. Aos 67 anos, é casado e pai de 3 filhos. Tem 28 condecorações e assumiu a patente de almirante-da-esquadra em 31 de março de 2003 e o posto de comandante da Marinha em março de 2007.

Nascido no Rio de Janeiro em 1941, o general do Exército Enzo Martins Peri foi promovido em março de 2003, sendo nomeado chefe do Departamento de Engenharia e Construção, cargo que exercia ao assumir o comando do Exército, em 8 de março de 2007. Tem mais de 20 condecorações e realizou os cursos de engenheiro de fortificação e construção, do Instituto Militar de Engenharia, da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais e o de comando e Estado-Maior. Na segunda-feira, Jobim já havia adiantado que a tendência era manter os três comandantes.

Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez seu último discurso para oficiais-generais das três Forças Armadas. Lula afirmou que, antes de chegar à Presidência, tinha uma visão "totalmente equivocada" dos militares - já superada, segundo ele. "Foi preciso chegar à Presidência da República para reconhecer a importância de vocês", disse o presidente aos generais.

Lula não entrou em temas polêmico nas esferas militares, como a punição aos torturadores na ditadura, a busca por restos mortais de desaparecidos políticos e a compra de novos caças pela Aeronáutica.

A exemplo dos últimos discursos presidenciais nesta reta final de governo, Lula fez um balanço geral de seu governo após ler um discurso protocolar, com agradecimentos à participação de Exército, Marinha e Aeronáutica em ações humanitárias ao longo de seu governo.

O presidente citou obras de hidrelétricas, transposição do Rio São Francisco, pré-sal, Copa do Mundo, em meio a uma série de realizações e projetos do governo. "Vocês vão encontrar um país onde a autoestima da sociedade é do tamanho do território nacional", disse Lula em almoço oferecido a ele pelos militares, no Clube Naval, em Brasília.

Ele também defendeu as ações de política externa do governo, desde a aproximação com o Irã, defendendo o uso de energia nuclear pelo regime de Mahmoud Ahmadinejad para fins pacíficos, até as relações com os países vizinhos, como Bolívia, Paraguai e Argentina.





INFRAESTRUTURA

Investimento em aeroportos fica abaixo do previsto

Tarso Veloso
De Brasília

Ao longo dos oito anos do governo Lula, os investimentos na estrutura dos aeroportos brasileiros não acompanharam o crescimento do número de passageiros. Mesmo com crescimento de 77% na demanda no período, a Infraero só investiu 39% do orçamento programado de 2003 a 2010.

O valor previsto para investimentos foi de R$ 6,7 bilhões, de acordo com dados do Ministério do Planejamento. Desse total, somente R$ 2,65 bilhões foram gastos. O número de passageiros transportados saltou de 71 milhões, em 2003, para 126 milhões até outubro deste ano. A previsão é que 140 milhões de pessoas usem os aeroportos do país este ano.

Em nenhum desses anos a Infraero conseguiu empenhar todo o valor disponível. Em 2004, 81% do valor foi utilizado, e em 2008, somente 17%. Este ano, foram usados 22% dos recursos até outubro. Em 2003 e 2004, foram investidos somente R$ 55 milhões e R$ 44 milhões nos aeroportos, respectivamente. Os investimentos começaram a subir em 2006, ano em que se aplicou R$ 592 milhões, o maior volume do período.

A Infraero contesta os valores de investimentos apresentados no site do Planejamento. De acordo com a estatal, foram gastos R$ 4,5 bilhões de 2003 a 2010. Entretanto, a empresa não soube explicar a diferença entre os números fornecidos por ela e os que constam no site do Ministério do Planejamento na seção de "orçamentos de investimentos de estatais". O ministério informou que os dados disponíveis em seu site são repassados pela estatal.

IMPACTO

Onda de frio provoca caos e Europa perde bilhões por dia

Nevascas prejudicam varejo e transportes às vésperas do Natal

A onda de frio e as fortes nevascas que atingem a Europa estão causando perdas bilionárias e podem reduzir o ritmo de crescimento das economias da região. A neve e o gelo afetam o movimento em rodovias, ferrovias e nos principais aeroportos da região. A uma semana do Natal, alguns sistemas de entregas do varejo estão comprometidos e muitas lojas têm menos clientes do que o normal para esse período do ano. Só no Reino Unido, a estimativa é que a economia esteja perdendo £ 1,2 bilhão (€1,3 bilhão) por dia. Embora ainda não haja estimativas consolidadas sobre o impacto na região, os estragos na economia de outros países poderão ser comparáveis aos sofridos pelos britânicos. Meteorologistas preveem que o mau tempo continue até o fim de semana.

Reino Unido, França, Alemanha, Bélgica e Holanda estão entre os mais atingidos pelos problemas trazidos pela neve e pelo gelo. O inverno pressionou também os preços do petróleo. Ontem a cotação do barril subiu em parte devido às expectativas de que o inverno mais rigoroso que o normal na Europa e nos Estados Unidos eleve a demanda por combustível para aquecimento doméstico.

Para algumas companhias aéreas, os estragos são significativos. As perdas diárias da British Airwayschegam a £ 10 milhões (€11,1 milhões), segundo estimativas do setor aéreo. Davy Stockbrokers, analista da Stephen Furlong, lembra que a companhia obtém a maior parte de seus lucros com operações no aeroporto de Heathrow, em Londres, o maior da Europa, que está parcialmente paralisado.

As ações da empresa caíram 1,5% ontem e da Lufthansa, 0,8%. Quem tentou se locomover de trem também teve problemas. O Eurostar, que leva passageiros entre Londres e outras cidades europeias, entre elas Paris e Bruxelas, atrasou seus horários, reduziu a velocidade das composições e cortou o número de trens em circulação. A venda de passagens foi cancelada até o Natal. Centenas de milhares de pessoas estão retidas em estações, aeroportos e estradas.

No comércio, o frio intenso também estragou os planos dos lojistas. Embora não tenham ainda claro o tamanho das perdas, a entidade que reúne os varejistas britânicos, o Retail Consortium (BRC) diz que muitos foram duramente atingidos e que o sábado - chamado de super sábado, por ser o último antes do Natal - foi uma frustração generalizada.

As ações de grandes grupos varejistas britânicos, como a Marks and Spencere a Tesco, caíram ontem. Papéis de outros grandes varejistas recuaram em outros países europeus. Em Londres, a John Lewis, uma das grandes lojas de departamento da cidade, suspendeu seu serviço de entregas por causa das dificuldades com o mau tempo. "Tivemos que tomar essa decisão para que pudéssemos entregar os pedidos já feitos pelos nossos clientes até o Natal", informou a empresa.

Stephen Robertson, da BRC, diz que os varejistas britânicos precisam de um forte embalo depois do Natal, já que, além da neve e dos protestos de estudantes dos últimos dias, eles devem enfrentar o aumento do imposto sobre consumo e os cortes nos gastos públicos que passam a valer em 2011.

Howard Archer, da Global Insight, disse que as nevascas "muito provavelmente" levarão a uma desaceleração do crescimento da economia britânica. A previsão era que no quarto trimestre a economia crescesse 0,5%. Agora, não deve chegar a essa marca. Na França, a Medef, maior entidade que empresarial do país, disse que a onda de frio pode provocar perdas de 10% a 15% no faturamento no varejo. Segundo a Federação Nacional de Transportes Rodoviários, o setor está perdendo €20 milhões por dia.

Risco de Natal no aeroporto

O aeroporto Heathrow, em Londres, alertou ontem para o risco de passageiros passarem o Natal no aeroporto por causa da neve. Na foto, passageiros se acomodam no chão no aeroporto. Na Alemanha, mais de mil voos foram cancelados ontem nos principais aeroportos do país por causa do mau tempo. Somente em Frankfurt, cerca de 500 passageiros passaram a noite no aeroporto. Companhias aéreas aconselhavam os passageiros a procurar fazer suas viagens de trem. Mas a Deutsche Bahn, que opera o transporte ferroviário alemão e que tenta administrar o movimento fora do normal nas suas estações, pedia ontem que as pessoas simplesmente adiassem seus compromissos e suas viagens e ficassem em casa até que as condições climáticas melhorem. Em algumas partes do norte da Europa, a previsão é que a neve intensa continuem comprometendo os voos até depois do Natal. Em Bruxelas, empresas aéreas começaram a registrar falta de um líquido usado para retirar o gelo da carenagem dos aviões, problema o que deve ser resolvido só amanhã.

Aéreas esperam normalizar voos para o Brasil
Depois dos cancelamentos de do fim de semana, duas companhias aéreas que voam do Brasil para Londres tentavam ontem retomar suas operações graças a uma ligeira redução da intensidade das nevascas. A TAM informou que retomaria na noite de ontem os embarques. E que "programou dois voos extras ontem para trazer seus clientes de volta ao Brasil o mais rápido possível."

A companhia aérea ainda informou que quem não pôde embarcar para Londres por conta da neve seriam "reacomodados, sem cobrança de taxas, nos voos regulares" que estava programados para sair ontem de Guarulhos e hoje do Galeão.

Ontem, disse a TAM, os voos de e para outras capitais da Europa - Madri, Paris, Frankfurt e Milão - operavam normalmente. A British Airways, que tem um voo diário de São Paulo para Londres, disse que "depois da liberação parcial do aeroporto de Heathrow, em Londres, a companhia está regularizando a situação dos voos". Ontem a empresa disse que poria um voo extra para levar prioritariamente os passageiros que não puderam embarcar nas datas afetadas.

Os passageiros do voo Rio foram realocados para outras companhias aéreas com destino à Europa ou para o voo da British Airways programado para hoje, disse a companhia. A British Airways cancelou seus voos que estavam marcados para o sábado e para o domingo, em razão das fortes nevascas no Reino Unido e Europa.

ÁSIA

Crise militar faz Coreia conter saída de capital

Tensão com Coreia do Norte estaria assustando investidores

Eunkyung Seo e Frances Yoon
Bloomberg, de Seul

A Coreia do Sul anunciou medidas de prevenção contra súbitas saídas de recursos financeiros, depois que a tensão militar com a Coreia do Norte intensificou o temor de que investidores retirem fundos aplicados na quarta maior economia da Ásia.

O governo disse ontem que pretende aplicar uma tarifa sobre os empréstimos tomados por bancos em moeda forte, que intensificará as punições sobre notificação incorreta de operações cambiais e que poderá reforçar regras para derivativos. O governo está considerando a aplicação de uma tarifa de 20 pontos-base sobre títulos nas carteiras de investidores externos com maturação em prazo inferior a um ano, disse o vice-ministro das Finanças, Yim Jong Yong.

Da China à África do Sul, os países estão se esforçando para limitar a volatilidade cambial, pois os custos quase nulos de tomada de empréstimo em países ricos estimula a demanda por ativos de maior rentabilidade em mercados emergentes. Mas a Coreia do Sul também está preocupada com a fuga de capitais do país devido às tensões militares, disse o analista Young Sik Jeong.

"Depois de sofrer duas crises financeiras em anos recentes, a Coreia quer se proteger melhor e enfrentar os fluxos de capital", disse Jeong, pesquisador no Samsung Economic Research Institute, em Seul. "As circunstâncias mundiais são favoráveis a controles e estão crescendo as preocupações em relação ao aumento das tensões com a Coreia do Norte e a consequente possibilidade de fuga de capitais".

As restrições mais rigorosas propostas sobre os fluxos de capitais e as especulações de que a Coreia do Norte irá retaliar contra os exercícios de artilharia do país vizinho pesou sobre as cotações de ações das empresas da Coreia do Sul. O país iniciou hoje exercícios militares depois que o Conselho de Segurança da ONU não conseguiu produzir um consenso sobre passos para aliviar a tensão na região.

O won, moeda sul-coreana, valorizou 0,2%, chegando a 1.150,25 por dólar no fechamento do mercado em Seul, recuperando perdas anteriores de até 1,7%. O índice referencial Kospi caiu 0,3%, fechando a 2.020,28. O rendimento dos títulos do governo da Coreia do Sul com vencimento de três anos ficou inalterado.

O novo imposto será aplicado sobre passivos em moeda estrangeira assumidos por instituições de crédito estrangeiras e nacionais, segundo um comunicado conjunto divulgado ontem pelo Ministério de Estratégia e Finanças, pelo Banco da Coreia e pelo Serviço de Supervisão Financeira.

Dívidas de curto prazo, que representam um risco maior, estarão sujeitas a uma taxa mais elevada que a dos empréstimos a longo prazo. O montante arrecadado será usado para assegurar liquidez às instituições financeiras em épocas de risco, disse Yim.

"Nossa intenção foi regulamentar o risco sistêmico resultante de entradas e saídas excessivas de capital, e decidimos colocar em vigor uma tarifa bancária seria bom para reduzir a volatilidade", disse Yim numa entrevista coletiva ontem em Seul, após o anúncio da medida. A medida será proposta à Assembleia Nacional em fevereiro e entrará em vigor após 1º de julho, caso aprovada, disse Yim.

O país está "extremamente vulnerável" a mudanças bruscas na economia mundial e a movimentos súbitos de capital, diz a declaração. A retirada de recursos de curto prazo por investidores estrangeiros produziu uma crise financeira na maior parte da Ásia, mais de uma década atrás.

A taxa extra provavelmente reduzirá a demanda de bancos por empréstimos de curto prazo no exterior, disse Kim Seung Won, economista do Banco da Coreia.

Em documento de análise divulgado hoje, Kim disse que a alta das reservas cambiais tende a fazer crescer os empréstimos de curto prazo tomados no exterior, pois o risco de inadimplência do país diminui, o que leva os bancos a captar mais dinheiro de curto prazo.

Em 9 de janeiro, após concluir uma reavaliação do cenário, a Coreia do Sul poderá baixar o limite superior para o montante de derivativos cambiais que os bancos podem manter em carteira, disse Yim ontem. Em outubro, o limite impostos pelo governo foi de 250% do capital social para bancos estrangeiros e 50% para bancos nacionais visando reduzir a volatilidade nos fluxos de capital e as operações cambiais com o won.

O governo vai reforçar as medidas punitivas relacionadas com a não fidelidade dos dados constantes de relatórios de atividade cambial, de acordo com o comunicado. Em outubro, os bancos coreanos tinham US$ 168,9 bilhões em passivos denominados em moeda estrangeira; no caso de agências de bancos estrangeiros, o montante correspondente era de US$ 104,6 bilhões, acrescentou a declaração.

Em meses recentes, as economias emergentes têm introduzido medidas de controle de capitais para esfriar investimentos do exterior. Taiwan anunciou no mês passado um plano para estabelecer restrições a investimentos estrangeiros em títulos de sua dívida, permitindo apenas que os fundos offshore tenham apenas 30% de suas carteiras investidas em todos os tipos de títulos do governo e de produtos do mercado financeiro de curto prazo. Em outubro, o Brasil triplicou um imposto sobre as compras de ativos locais de renda fixa por parte de investidores estrangeiros. O won registrou uma valorização de 34% desde fevereiro do ano passado, a maior na Ásia, amortecendo a expansão econômica do país, puxada a exportações.



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