Bahia Econômica: O senhor encontrou uma dívida de R$ 50 milhões na prefeitura. Como o senhor pretende trabalhar esta dívida?
Jabes Ribeiro: Eu estaria muito feliz se este fosse realmente o volume da dívida que encontramos na Prefeitura de Ilhéus. Na verdade, o que encontramos de dívidas, até o momento, já supera a casa dos R$ 200 milhões e a cada dia surgem novos débitos, como o que existe com a Embasa, de R$ 4, 7 milhões em contas de água atrasadas. Desde o primeiro dia de nossa administração, começamos a trabalhar no sentido de restabelecer o equilíbrio das finanças municipais, mas este é apenas um dos problemas graves que enfrentamos. Além da dívida, temos que corrigir as distorções na folha salarial - que atingia em dezembro mais de 70% das receitas correntes líquidas, quando a Lei de Responsabilidade Fiscal não admite um patamar superior a 54% -, recuperar os serviços e prédios públicos, que estão completamente sucateados e preparar o município para voltar a crescer, porque não podemos ficar apenas administrando o caos.
BE: Está confirmada a auditoria na área da Saúde?
JR: A situação da Saúde talvez seja bastante representativa do quadro que foi deixado pela gestão anterior. Somente ali existe uma dívida de R$ 12 milhões, uma folha salarial completamente inchada, os postos de saúde depredados e sucateados. Por tudo isto é que realmente estamos contratando uma auditoria para que, sabendo com detalhes o que aconteceu, possamos corrigir os problemas.
BE: Comenta-se que as contas da prefeitura estão bloqueadas, o senhor confirma esta informação? Que medidas serão tomadas para solucionar o problema?
JR: Realmente, quando tomamos posse, encontramos todas as contas municipais bloqueadas pela Justiça, mas, graças a um trabalho de articulação com o Poder Judiciário, já conseguimos desbloquear boa parte e esperamos regularizar esta situação em pouco tempo. Mas isto não significa que estamos com uma perspectiva de curto prazo para equilibrar a situação financeira, uma vez que para chegar a este patamar teremos que resolver muitas outras pendências ainda.
BE: Houve uma perda de arrecadação motivada pela redução do FPM resultante da política de redução do IPI. Esta situação deve permanecer em 2013, no entanto, as previsões do orçamento superestimam essa transferência. O senhor pretende contingenciar o orçamento ou cortar despesas?
JR: Na verdade, em Ilhéus, as cotas do FPM têm sido de zero nos últimos meses porque os valores são retidos pelas instituições, antes mesmo de a Prefeitura ter acesso, para o pagamento de dívidas. Estamos trabalhando para renegociar pelo menos parte dessas dívidas e conseguir um alívio em nossa situação. Quanto ao Orçamento de 2013, ele foi feito de forma irreal pela gestão anterior e nossa equipe técnica já chegou à conclusão de que será necessário promover um corte em torno de R$ 100 milhões, para que fique mais ajustado às estimativas das receitas, enquanto planejamos uma série de iniciativas para aumentar a arrecadação municipal.
BE: O senhor é favorável a implantação do Porto Sul? Como o senhor vê esse projeto?
JR: Acredito que a implantação do complexo intermodal, no qual se insere o Porto Sul, é da maior importância para que Ilhéus e a região cacaueira ganhem um impulso econômico, capaz de, junto com outras iniciativas, como a Ferrovia Oeste-Leste, o Aeroporto Internacional, a ZPE (Zona de Processamento de Exportações) e a duplicação da BR-415 no trecho entre Ilhéus e Itabuna, provocar uma nova onda de crescimento e de geração de empregos. É evidente que, numa obra como a implantação de um porto, devem ser tomados todos os cuidados com os aspectos ambientais, mas acredito que isto está bem encaminhado e não será empecilho para o início das obras.
BE: Quais as principais propostas para o seu mandato?
JR: Além de reorganizar Ilhéus, nas áreas administrativa e financeira, nosso principal propósito é preparar o município para os próximos 20 ou 30 anos, deixá-lo pronto para se beneficiar deste ciclo virtuoso que, acreditamos, a região irá entrar a partir da série de grandes investimentos que estão chegando. Isto inclui a recuperação das redes escolar e de saúde, com a melhoria significativa na prestação de serviços nessas duas áreas, a implantação de uma infraestrutura capaz de atrair e abrigar unidades industriais, implantar uma eficiente rede de atendimento aos turistas, promover e estimular a requalificação da nossa rede hoteleira, enfim, uma série de ações que capacitem Ilhéus para a inevitável demanda de serviços futuros. Temos recebido o apoio fundamental do governo estadual para alcançar este propósito, com obras essenciais, a exemplo do novo Hospital Regional e da nova ponte Ilhéus-Pontal, que começarão a ser construídos nos próximos meses. E já começamos as articulações para a recuperação de equipamentos culturais da maior importância, como o Teatro Municipal, a Casa de Cultura Jorge Amado, da Biblioteca Municipal e do Arquivo Público que necessitam de reformas urgentes. Todas essas ações são importantes para a preparação desta Ilhéus do futuro e vamos nos empenhar ao máximo para vê-las implementadas.
BahiaEconomica
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