quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

A Baía de Todos-os-Santos e o desenvolvimento

 José Sergio Gabrielli
Artigo publicado no jornal A Tarde no dia 28/02/2013



Com mais de 1.000 km², a Baía de Todos-os-Santos (BTS) é o berço da formação da cidade de Salvador e da presença do governo no Brasil. Mais de 500 anos se passaram e a exuberância ambiental da BTS se mantém viva, singular.

No passado e ainda hoje, a Baía de Todos-os-Santos é o ponto de encontro entre a Região Metropolitana de Salvador, Portal do Sertão, Recôncavo e Litoral Sul. Além de integrar a dinâmica econômica desses territórios e ser confluência das principais vias rodoviárias do Estado, a BTS é o principal ponto de contato da Bahia com o exterior, seja com o mundo afora, seja com os demais estados brasileiros.

A localização estratégica permitiu diversos ciclos econômicos e de desenvolvimento, motivados inicialmente pela cultura exploratória e exportadora do pau-brasil e do açúcar, passando pelo intenso comércio de mercadorias transportadas pelos saveiros, culminando com a instalação de dois portos e diversos terminais marítimos, cuja ligação com a indústria petroquímica e automobilística é estreita.


Neste cenário, outros dois aspectos são relevantes. Do ponto de vista urbano, existe uma tensão entre a necessidade de expansão da cidade de Salvador em direção ao norte e uma limitação imposta pelo crescimento simultâneo dos municípios vizinhos, sobretudo, Lauro de Freitas e Camaçari.

Paralelo a esse fenômeno, existe um movimento de intensificação da ligação entre o Sudeste e Nordeste devido os fluxos comerciais, aumentando, portanto, a importância do transporte de cargas por via rodoviária e ferroviária.

A combinação desses elementos faz com que a otimização das vias de transportes seja fundamental para intensificar as atividades econômicas e, nesse sentido, a BTS será o centro de um novo ciclo de desenvolvimento.

A integração de Salvador com a Ilha de Itaparica reduzirá em até 200 km o percurso que os veículos fazem na direção Sul/Norte, passando pela Baía de Todos-os-Santos, o que trará maior dinamismo à economia da região. Do ponto de vista urbano, isso também cria uma nova alternativa para a expansão imobiliária e possibilidade de organizar a ocupação, que hoje, infelizmente, é desordenada.

Esse conjunto de questões e oportunidades caracterizará a intervenção que o Governo do Estado pretende fazer com a construção da ponte, que está inserida num programa de desenvolvimento regional. O objetivo é integrar a expansão urbana com a intensificação do fluxo comercial, seja de cargas ou passageiros, viabilizando, portanto, uma redefinição completa dos municípios de Salvador, Itaparica, Vera Cruz e Jaguaripe, além de impactos na contra costa do Recôncavo, parte norte do Litoral Sul e parte do Portal do Sertão.

Por isso retomamos a discussão de um projeto tão complexo, que afeta inúmeras cidades e interfere na expansão orgânica desses municípios. Em 2013, a Secretaria do Planejamento do Estado aprofundará os estudos para que no primeiro trimestre de 2014 seja lançado o edital de concessão da ponte Salvador-Itaparica.

Vamos identificar as dimensões culturais, sociais, econômicas, bem como os impactos ambientais e paisagísticos, a fim de minimizar efeitos negativos e otimizar recursos.

Como efeito positivo, esperamos que a construção da ponte, que não representa exclusivamente um projeto viário, eleve a competitividade da região, aumente a atratividade para instalação de novas empresas e indústrias, fortaleça as atividades das empresas existentes (como o Estaleiro São Roque do Paraguaçu), alavanque o potencial das cidades do Recôncavo baiano e fomente o turismo e desenvolvimento imobiliário no litoral sul da Bahia e na Ilha de Itaparica. Todos estes aspectos proporcionam um aumento de empregos na região, elevando a renda das famílias e melhorando a qualidade de vida da população.

Como é um projeto de grande porte, a estrutura econômica precisa ser trabalhada para viabilizar fontes de financiamento que incorporem os ganhos futuros dos empreendimentos imobiliários que certamente surgirão a partir desta iniciativa que cria um novo ciclo de desenvolvimento para a Baía de Todos-os-Santos.

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