segunda-feira, 11 de abril de 2011

Na China, Dilma busca investimentos em tecnologia e infraestrutura

Brasil tenta mudar as relações comerciais com a China, hoje concentradas na venda de terra, soja e minérios, atraindo investimentos também em infraestrutura

O Brasil quer fábricas chinesas, quer investimentos chineses em infraestrutura, quer que a China seja mais do que uma compradora de terras, soja e minérios. Essa é a ambição da "diplomacia de resultados" que vai acompanhar a visita da presidente Dilma Rousseff à China a partir de amanhã.
A presidente pediu ao Itamaraty que agendasse visitas a empresários e empresas de tecnologia digital. Além do anúncio da encomenda de aviões à Embraer, Dilma está certa que voltará com um contrato de US$ 200 milhões para que a ZTE (eletroeletrônica) comece a se instalar em Hortolândia (SP). Para "vender" o Plano Nacional de Banda Larga - xodó de sua administração - aos chineses e dar ênfase à ciência e tecnologia nas parcerias, Dilma vai visitar a fábrica da ZTE, em Xian, e se reunir, entre outros, com executivos da Huawei. Líder no mercado de banda larga fixa e móvel, a Huawei atua no Brasil desde 1999 em parcerias com as principais operadoras de telefonia.
Na lista de documentos a assinar pelos dois presidentes há, em meio a memorandos com promessas vagas de cooperação, três acordos envolvendo grandes empresas estatais e que são relevantes para a captação de tecnologia. A Eletrobrás e a State Grid vão desenvolver linhas de transmissão de energia a longa distância. A Petrobrás e a Sinopec fecharão acordos nas áreas de tecnologia de prospecção e pesquisas geológicas. ‘Sala da diretoria’. A viagem tem forte simbolismo político por acontecer no momento em que Dilma acaba de completar 100 dias de governo. Depois de receber em Brasília o presidente dos EUA, Barack Obama, ela indicará, em Pequim, que está interessada na relação de longo prazo com o país de Hu Jintao. Mas vai reclamar e pressionar contra as barreiras à expansão dos negócios brasileiros na China. "Queremos sair da relação de balcão de compra e venda com a China para ser aquele país que chega lá e vai para a sala da diretoria", resumiu ao Estado, com humor, o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel. Embora a China seja o maior parceiro comercial do Brasil e tenha investimentos anunciados na casa de US$ 29 bilhões, a presidente Dilma vê com preocupação o fato de 90% desses investimentos se concentrarem em mineração, energia e agricultura. Inquieta-se, também, com a compra de terras, de forma direta ou indireta, por empresas estrangeiras, como em Goiás e na Bahia, para produzir grãos que são vendidos à China. Durante a viagem ela vai conversar sobre o assunto com o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), que acompanhará a comitiva para assinar um acordo de instalação de beneficiadoras de soja em Barreiras (BA) com a estatal Chongqing Grain.
 Sem fábricas.
Os chineses alegam que o Brasil precisa se esforçar mais para demonstrar a competitividade. Mas os empresários brasileiros reclamam da disparidade no câmbio, já que a desvalorização da moeda chinesa barateia os produtos e dificulta a concorrência. Pior: a China impõe barreiras à expansão até de negócios já instalados no país, como nos casos da Weg Motores Elétricos e da Marco Polo, que fabrica carrocerias de ônibus. A Embraer enfrenta as mesmas barreiras. Apesar de ter fábrica no país, ela depende da aprovação do governo chinês para deixar de produzir o modelo ERJ 145 - que já não tem mercado - e fabricar o EMB 190.
 A China também costuma entrar no País sem fábricas, apenas importando os produtos. É o caso da JAC Motors, recém-chegada com uma rede de 50 concessionárias de veículos, mas sem unidade produtiva.
Fonte: Estado de S. Paulo.
Em 11/04/2011.


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