sexta-feira, 1 de abril de 2011

Governo chinês se oferece para financiar 85% do trem-bala


IG  Brasilia- Danilo Fariello
Após indicação de adiamento do edital, adiantada pelo iG ontem, grupo de empresários abre proposta chinesa de empréstimo para obra

Um dia após o governo federal indicar um novo adiamento do leilão do trem-bala, conforme antecipou o iG, a Associação Paulista das Empresários de Obras Públicas (Apeop) resolveu trazer à tona uma proposta do governo chinês de financiar até 85% do valor real do empreendimento, independentemente de ele superar a quantia prevista, de R$ 33 bilhões.
Atualmente, o projeto, o maior do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), prevê garantias de até R$ 20 bilhões do BNDES para o financiamento da obra.

Segundo Luciano Amadio, presidente da Apeop, a China Communications Construction Company (CCCC), empresa privada com receita anual de dezenas de bilhões de dólares que tem interesse em fornecer a tecnologia ao Brasil, entregou ao BNDES e à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) carta em que assegura a possibilidade de o governo chinês fazer esse empréstimo, desde que com garantias do BNDES. A proposta prevê, obviamente, uso da tecnologia da CCCC.

A Apeop é um grupo de 19 empresas que querem participar do consórcio do Trem de Alta Velocidade (TAV). Para eles, porém, o valor real da obra não é de R$ 33 bilhões, mas 60% mais, de R$ 53 bilhões, por isso a necessidade fundamental de mais fontes de financiamento, com volume ligado ao custo real do empreendimento. "Com o novo adiamento, surge a possibilidade de se retomar essa discussão", diz Amadio.
Ele lembra que, neste mês, a presidenta Dilma Rousseff parte em viagem oficial para a China, com missão empresarial. Essa visita poderia aumentar a pressão chinesa sobre o edital.

No fim do ano passado, porém, a ANTT retirou do edital de concessão do trem-bala uma previsão que justamente dava vantagens ao país que oferecesse maior apoio em crédito à obra. Naquela época, não apenas o valor da tarifa, mas também o quanto a empresa detentora de tecnologia trazia de financiamento de seu país, pesavam sobre o resultado do leilão.

Por pressão de diversos concorrentes, que viam na cláusula uma vantagem aos construtores chineses, a previsão foi retirada do edital. Dessa forma, o edital passou a considerar o vencedor do leilão aquele que apresentasse a menor tarifa na viagem entre Rio e São Paulo, com valor máximo de R$ 0,49 por quilômetro.

Para Amadio, porém, o potencial de empréstimo chinês não deve ser ignorado pelo governo brasileiro. "Se usarmos esses recursos será possível atender melhor à demanda de crédito outros projetos de infraestrutura no país." Em sua tese, portanto, sobraria mais dinheiro do BNDES para outras obras

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