Negócios envolvendo energia eólica estão movimentando cerca de R$ 25 bilhões no Brasil em investimentos.
Depois de um longo período de ressaca, a CPFL Energia finalmente fechou uma importante aquisição que vai torná-la a segunda maior eólica do país.
A empresa da Camargo Corrêa e da Previ anunciou ontem a compra da SIIF Énergies, de um grupo de fundos americanos, em um negócio de R$ 1,5 bilhão.
A aquisição vai acrescentar imediatamente 210 MW ao seu parque gerador e em eólicas a companhia chegará a 578 MW, ultrapassando a Renova Energia, mas ainda atrás da empresa argentina Impsa.
A empresa vai desembolsar R$ 950 milhões em dinheiro e assumir uma dívida líquida de R$ 544 milhões. É a maior aquisição da história da empresa desde que foi privatizada em 1998, segundo levantamento feito pelo Itaú BBA que auxiliou a empresa na operação. A aquisição vai colocar a CPFL no fim deste ano como a segunda maior geradora privada do país, atrás somente da Tractebel.
Em energia eólica, a empresa consolida com essa aquisição investimento total de R$ 3 bilhões no setor. Na semana passada, a CPFL já havia anunciado aportes de R$ 600 milhões em parques eólicos que terão energia comercializada no mercado livre. Além disso, com a energia que vendeu nos leilões, vai investir outros R$ 1,5 bilhão.
Os negócios de energia eólica estão movimentando cerca de R$ 25 bilhões no país em investimentos desde que o Proinfa foi lançado pelo governo federal há mais de uma década. Até 2013, somente com os projetos que já tiveram energia comercializada, o Brasil vai atingir cerca de 5,5 mil MW em capacidade instalada.
O movimento, desde que o governo passou a negociar eólicas nos leilões de energia, em 2009, já atraiu todos os grandes fabricantes de equipamentos internacionais e também grandes investidores, como a espanhola Iberdrola, que é uma das maiores do mundo.
Os negócios envolvendo energia eólica estão movimentando cerca de R$ 25 bilhões no Brasil em investimentos.
Nessa área, a Iberdrola entrou no Brasil no ano passado, chegando como uma das quatro maiores. O negócio começou a atrair também as grandes construtoras brasileiras, como Andrade Gutierrez, que começa a estudar com mais afinco a participação nesse mercado. Mundialmente, o negócio de energia eólica é um dos que mais cresce no mundo, principalmente depois do desastre no Japão que colocou em xeque o crescimento e desenvolvimento da energia nuclear, que é comercializada como uma das menos poluentes.
O presidente da CPFL Energia, Wilson Ferreira Júnior, diz que a aquisição da SIIF Énergies é estratégica para a empresa pois agora a CPFL passa também a ser desenvolvedora de parques eólicos. Até agora, a CPFL só adquiriu projetos prontos para levar a leilão. A SIIF tem um portfólio de projetos no Maranhão, Piauí e Ceará que chega a 732 MW. Deste total, 412 MW já estão preparados para terem sua energia comercializada no próximo leilão de energia, que deve acontecer em meados deste ano. Os quatro parques adquiridos e que ficam no Ceará com capacidade de gerar 210 MW estão em operação desde 2009.
O negócio fechado com os fundos americanos Citi Participações, Liberty Mutual e Black River ainda prevê a compra de um parque de 135 MW que fica no Rio de Janeiro. Mas esta operação depende ainda de a SIIF conseguir destravar o parque que precisa ter sua localização alterada. O parque fica próximo ao aeroporto de Cabo Frio, que será ampliado, e não pode ter torres de geração eólica em sua proximidade. A CPFL tem um direito de preferência e pagará R$ 70 milhões se o ativo for destravado e ainda se compromete a investir R$ 600 milhões para colocá-lo em operação.
Os fundos americanos puseram recursos na SIIF em 2007. A também americana AES, que é grande investidora em energia eólica e no Brasil é dona da E letropaulo e da Tietê, tinha debêntures da empresa com direito a transformá-la em ações. Mas foi a CPFL que agora fechou negócio.
Autor(es): Josette Goulart
De São Paulo.
Valor Econômico -
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