Augusto Queiroz Jornalista
augustosqueiroz@gmail.com
Salvador, 2010, século XXI, Terceiro Milênio. A grande metrópole está travada, com engarrafamentos diários e retenções do trânsito em vários pontos. A malha viária, sem investimentos de peso há décadas, não suporta mais o grande fluxo de veículos. O número de carros em Circulação passa dos 700 mil, e o transporte individual é priorizado em detrimento de um transporte de massa de qualidade.
Esqueletos de um metrô inacabado, que quase virou ruína antes de ser inaugurado, assombra os transeuntes. Travada, a cidade trafega na contra mão da modernidade. Problema que se agrava dia a dia, por falta de uma política consistente para. o setor.
Como se não bastasse, a violência literalmente dispara, com assassinatos diários e crime organizado em ascensão. O tráfico de drogas, além de gerar grandes lucros, vem promovendo a decadência e o extermínio de centenas de jovens, adultos e até crianças. Principalmente por conta de uma nova e poderosa droga, conhecida como crack, um entorpecente sujo, subproduto da cocaína que reserva para seus usuários segundo a propaganda oficial, "cadeia ou caixão".
A cidade não cresceu, inchou. A população explode assustadoramente. as favelas se multiplicam. Famílias inteiras de miseráveis ocupam ruas, praças e viadutos em toda parte. Tentando negar caos e a realidade ao redor, a especulação Imobiliária oferece à assustada e oprimida classe média verdadeiras "ilhas da fantasia", com piscina e muitas opções de .lazer. Muradas, gradeadas, eletrificadas e Vigiadas por cães e guardas, como se o cidadão pudesse. viver apartado da vida ,da cidade e. não precisasse sair do seu paraíso artificial.
Não se assuste, leitor, imaginando que o que você leu acima é o roteiro de algum filme de ficção científica num futuro distante. Acorde, é a pura realidade. Por mais cruel que seja e por mais que .não a queiramos ver, afogando nossas mágoas no sexo, na bebida, na droga, no rock´ n´roll ou em se tratando de Bahia no axé..
Salvador é sustentável, afinal? Que Cidade queremos deixar para nossos filhos, netos, bisnetos? Podemos reverter este presente sombrio e caminhar na direcão de um futuro melhor? Discutir, debater, vislumbrar soluções na direção da sustentabilidade. É o objetivo dos debates que estão sendo promovidos pelo Partido Verde da capital e se prolongarão até o final de 2011 ..
Que cidade queremos, afinal? Como diria poeta: "Vivemos na melhor cidade da América do Sul". Ou poderíamos viver, seria o mais certo. Uma cidade fantástica, dividida em alta e baixa e magnificamente debruçada sobre uma falha geológica de onde se deslumbra, soberana, a Baía de Todos-os-Santos. Onde um dia se caçaram baleias, que hoje estão de volta, a cantar e encantar. Desta vez, devidamente protegidas da sanha humana, que já não precisa da sua banha para erguer paliçadas e sobrados.
Todos os santos abençoam esta baía, descoberta em 1501 e que deu nome ao Estado e à "Cidade da Bahia", primeira capital e, por muitos anos, "pérola" e principal porto do Atlântico Sul. Alvo de muitas armadas e cobiçada por ingleses e holandeses (que, por sinal, a invadiram). Cidade que, graças à sua excelente localização, se converteu em um dos pontos de referência mais importantes para os navegantes da época e passou a ser um dos lugares mais conhecidos do Novo Mundo.
"A mim bastaria que o prefeito desse um jeito na Cidade da Bahia" (canta de novo o poeta), fundada oficialmente em 29 de março de 1549 para ser a capital do nascente Império Português na América. A Cidade de São Salvador da Baía de Todos-os-Santos, que entre os séculos XVI e XVIII, graças à sua estratégica localização, desempenhou um importante papel na expansão do domínio lusitano em todo o País, transformando Salvador no maior porto do Atlântico Sul e segunda maior cidade do . Império Português. Chega de história, bem-vindo ao mundo real. Voltemos à "ficção científica" do século XXI. Aqui e agora. Está aberto o debate em prol de uma possível Salvador sustentável.
Nota: Publicação a pedido de leitor deste blog.
Há de fato muitas verdades; entretanto muitas das necessidades passam pela flexibilidade dos órgãos de proteção do meio ambiente, que por vezes imaginam que estamos vivenciando o século XVIII e ou XIX e teima em não enxergar o crescimento da população, a necessidade de construções habitacionais, de avenidas, praças, ruas, jardins, parques, estádios desportivos, enfim...é o desenvolvimento que chegou de forma inconteste e como o homem é a principal espécie viva do planeta, as mutuações na geografia tem que prevalecer protegendo o ambiente como elemento facilitador de nosso próprio existir.
Quanto aos ilícitos de todas as formas, passa por uma necessidade da educação, do apoio as classes menos favorecidas no sentido de reduzir a desigualdade imensa e cruel de nossa sociedade, mas isso não se consegue num estalar de dedos e sim com politicas voltadas como está acontecendo a redução da fome, da miséria, da pobreza que terminará sendo um forte antídoto contra o crime.
É evidente que o Brasil melhorou muito, mas há muitas coisas a fazer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário