terça-feira, 7 de julho de 2015

MILTON CEDRAZ - DE COMO REQUALIFICAR O CENTRO DE SALVADOR

Publicado em Bahiaeconômica
 

O município de Salvador dispõe de um cabedal de situações que lhe deixa em condições especiais para se desenvolver, se engrenar uma marcha permanente para se transformar em uma potência mundial de turismo.

Basta se levantar o foco da visão e se vislumbrará o imenso potencial que dispõe e que não se está coerentemente perseguindo. Senão vejamos: i) topografia bem particular que lhe confere uma configuração impar, de cidade alta e baixa, emoldurada por encostas tempostais que, se bem aproveitadas, lhes emprestará charme especial e grande beleza cênica, vista do mar;

ii) área histórica ainda rica representada pelo seu acervo arquitetônico colonial, com seus casarões e magníficas igrejas, a espera do cuidado e da valorização que merece;
iii) cultura e culinária característica, muito particulares;
iv) manifestações culturais, únicas e próprias;
v) zona central esperando por um projeto de requalificação especial que venha a remetê-la, nostalgicamente, ao meado do século vinte, em todos os seus detalhes;
vi) uma imensa baía, segunda maior do mundo, das mais propícias para navegação de lazer, com magníficas praias e águas cálidas.

Assim, a partir de um possível e ousado projeto que chame a atenção pelas suas peculiaridades e inovação, se poderia dar o salto definitivo para a consolidação de Salvador como a mais charmosa e elegante metrópole do Brasil e uma das mais atrativas do mundo.

O projeto, em linhas gerais, teria a abrangência desde o Campo Grande até o largo do Santo Antônio, parte do comércio, incluindo aí o setor portuário e demais entornos. Essa área seria definida como área especial de turismo, onde todas as atividades seriam prioritariamente para recuperar e emprestar o ar nostálgico que encerra. Assim, teria como partido arquitetônico e urbanístico local, desde as recuperações físicas e de novas edificações, que remeteria à década de quarenta.

Por outra via se cuidaria dos incentivos fiscais e financeiros, da doutrinação dos empreendedores e capacitação dos atores para se identificarem com a filosofia do projeto. Um enorme mutirão seria desencadeado, para que, o poder público e o privado, irmanados, busquem sua implantação e evolução. O setor público criaria as condições jurídicas/institucionais, financeiras, fiscais e tributárias e, em conjunto com a sociedade, trade turístico, igreja e empresários, transformariam a área em algo diferenciado e único. Tal qual foi feito e se está aprimorando em Cartagena, na Colômbia.

De tal maneira que ao se penetrar na área, se teria a impressão de se estaria retornando ao passado. Assim, o sistema de transporte seria exclusivo. Na área do projeto somente poderia circular veículos dos moradores, veículos oficiais, de carga e descarga e de passageiros, taxis e veículos coletivos, dando-se absoluta prioridade aos bondes de madeira, no modelo da época, quando eram montados e efetuada a manutenção, em área específica, situada no Largo de Roma.

O controle de veículos, para circular na área, se daria por cartão magnético para operação dos piquetes eletrônicos hidráulicos. Os bondes, abertos e pequenos, operados por uma concessionária, circulariam desde o Campo Grande até o Lago de Santo Antonio. Também se faria PPP,s, para implantação de estacionamentos subterrâneos para veículos, no Campo Grande, Largo do Santo Antonio e Praça Castro Alves,  e onde mais fosse possível serem construídos, no entorno de toda a área, particularmente, na Ladeira da Montanha. Um grande estacionamento seria também construído no São Raimundo possivelmente, por uma PPP.

No que tange a outros equipamentos urbanos tais como, quiosques, luminárias, grades, e pequenos negócios, como, por exemplo, ateliers de fotografia, com lambe-lambe e tudo, passeios em carruagens e charretes, vendedores ambulantes mercando de forma peculiar, em especial sorvete, em catimplora na cabeça, etc., deveriam obedecer rigorosamente ao padrão, coerente com a ambientação da área.

Para a requalificação, se procuraria reconstituir a paisagem, a partir de fotografias da época, em especial, do Campo Grande, Terreiro de Jesus, Praça da sé, Praça Municipal, Praça do Santo Antônio, Pelourinho, comércio e entornos. Todas as casas comerciais, quiosques e, quaisquer outras atividades, para receberem benefícios e autorização para operar, teriam que se enquadrar nos padrões de decoração, de equipamentos internos e sistema de preços estabelecido.

A conscientização doutrinaria partiria de uma conjugação de esforços entre o Trade Turístico, que lideraria todo o projeto, e o setor público. Este montaria e monitoraria um pacote de serviços de primeiro mundo, notadamente quanto à segurança pública, limpeza urbana, comércio ambulante e, sobretudo, o controle do assédio ao turista, enquanto o Trade Turístico, lideraria os investimentos para o restante.
Não custa nada sonhar!
 

Milton Cedraz
 Engº Agrº Técnico em Desenvolvimento Econômico pela Cepal/ONU Consultor do Pnud/ONU
 E-mail:  mcedraz@globo.com

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