domingo, 19 de janeiro de 2014

ECONOMIA DA ALEGRIA


No final do ano 2000 afirmei em artigo no jornal A Tarde que a Bahia estava criando um novo tipo de economia, “a economia da alegria”, querendo me referir aos negócios que começavam a se formar em torno do carnaval de Salvador.  Na época, os blocos de carnaval começavam a comercializar maciçamente seus produtos e a exportá-los, por isso a expressão também se caracterizou como “economia do Axé”. Na verdade, a economia da alegria nada mais era do que uma parte daquilo que se denomina de indústrias criativas, ou seja, um grupo de atividades que têm a sua origem na criatividade, no talento individual e na exploração da propriedade intelectual. Isso é o que modernamente se denomina de  Indústria Criativa. Pois bem, o carnaval da Bahia nada mais é do que um exemplo de indústria criativa e é bom verificar que tornou-se finalmente um bom negócio e este ano de 2014, além de gerar emprego e renda e dinamizar dezenas de atividades, vai dar lucro, ou seja, com o dinheiro arrecadado com o patrocínio da festa vai pagar todas as despesas e sobrarão R$ 10 milhões. Fica patente que a alegria é um bom negócio e que a economia criativa, aquela que mexe com cultura, lazer, entretenimento e criatividade pode gerar emprego e riqueza e tornar-se uma das bases da economia de Salvador. Apesar do carnaval, a economia de Salvador ainda está engatinhando nessa monumental indústria que envolve design, arquitetura, publicidade, informática e dezenas de outros segmentos. Mas, felizmente, ainda que de forma incipiente, começa a perceber que pode multiplicar muitas vezes os recursos que hoje mobiliza não apenas com as festas, mas com toda cadeia criativa. Nesse final de 2013 e começo de 2014, por exemplo, um novo elo dessa cadeia se formou com o início da  temporada de shows de grande porte, nacionais e internacionais, que estão movimentando milhares de reais. A gravação do DVD de Ivete Sangalo, o show de David Getta na Arena Fonte Nova e nos próximos dias o show de Elton John e o  Festival de Verão mostram que a Bahia pode ter eventos de porte, inclusive internacionais, que podem mobilizar milhares de empregos, ampliar a demanda por serviços, e estimular a economia metropolitana. Agora é tempo de fazer girar o restante das indústrias criativas, estimulando, além da economia da alegria, a economia da cultura, da publicidade, do design, do cinema, do teatro, etc.

                                           PORTO SUL OU PORTO DE ARATU
Apesar dos esforços do governo do Estado, continua forte a campanha contra a construção do Porto Sul em Ilhéus, como, aliás, ficou patente esta semana  em reportagem do Jornal Nacional. Sob o ponto de vista do planejamento estratégico, o Porto Sul é o melhor caminho para a Bahia, mas isso poderá ocorrer num prazo mais longo.  O fato concreto é que tudo indica que a produção baiana de minério de ferro vai começar antes  do Porto Sul estar pronto e, então, que porto será utilizado? Os técnicos do Ibama não escondem de ninguém a má vontade com esse projeto e indicam que ele poderá até ser construído, mas que sua maturação será lenta e ainda poderá sofrer mudanças importantes. É hora, portanto, de ampliar a discussão sobre a questão portuária na Bahia, inclusive avaliando a possibilidade de investir pesadamente no Porto de Aratu, abrindo um berço especifico para a exportação de minério, especialmente agora que esse porto entrará em processo de concessão à iniciativa privada. É verdade que a existência de um porto no Litoral Sul da Bahia é fundamental para o estado e também para a Ferrovia Oeste-Leste, mas a entrada do porto de Aratu no circuito, como porto exportador de minérios, não é incompatível com essa opção, pelo contrário, seria uma outra alternativa para um estado que é uma das maiores províncias minerais do país. Em resumo: os fatos estão aí a mostrar que a construção do Porto Sul pode demorar  mais do que o esperado e que porto de Aratu e o porto de Salvador podem se constituir num grande Complexo Portuário da Baía de Todos os Santos e se tornar uma das áreas portuárias mais importantes do país.

                                     ESTACIONAMENTOS NOS SHOPPINGS
Os shoppings centers de Salvador adquiriram o direito de cobrar pelo estacionamentos de carros. Não cabe aqui discutir o mérito da medida, mas apenas seu impacto econômico. Isso porque quando um shopping passar a cobrar pelo estacionamento será como se aumentasse os preços de todos os seus produtos e serviços. Uma refeição que custava R$ 30,00 vai custar isso mais o valor do estacionamento. Quando os preços aumentam a procura cai, logo os lojistas vão amargar uma queda nas vendas, ou terão de reduzir seus preços. A tendência é a perda de clientes para o comércio de rua, ou para o shopping que não aderir à cobrança, além disso, a redução do fluxo de visitantes e das compras eventuais e por impulso vão prejudicar os lojistas. Uma saída para reduzir o impacto negativo da medida seria a isenção da tarifa de estacionamento para o cliente que apresentar nota fiscal de compras. Outra forma de prejudicar menos os lojistas seria a distribuição por parte das administradoras dos shoppings dos lucros auferidos. O leitor já sabe: em economia não existe almoço grátis.
 
Armando Avena

                        BahiaEconômica

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