No final do
ano 2000 afirmei em artigo no jornal A Tarde que a Bahia estava criando um novo
tipo de economia, “a economia da alegria”, querendo me referir aos negócios que
começavam a se formar em torno do carnaval de Salvador. Na época, os blocos de
carnaval começavam a comercializar maciçamente seus produtos e a exportá-los,
por isso a expressão também se caracterizou como “economia do Axé”. Na verdade,
a economia da alegria nada mais era do que uma parte daquilo que se denomina de
indústrias criativas, ou seja, um grupo de atividades que têm a sua origem na
criatividade, no talento individual e na exploração da propriedade intelectual.
Isso é o que modernamente se denomina de Indústria Criativa. Pois bem, o
carnaval da Bahia nada mais é do que um exemplo de indústria criativa e é bom
verificar que tornou-se finalmente um bom negócio e este ano de 2014, além de
gerar emprego e renda e dinamizar dezenas de atividades, vai dar lucro, ou seja,
com o dinheiro arrecadado com o patrocínio da festa vai pagar todas as despesas
e sobrarão R$ 10 milhões. Fica patente que a alegria é um bom negócio e que a
economia criativa, aquela que mexe com cultura, lazer, entretenimento e
criatividade pode gerar emprego e riqueza e tornar-se uma das bases da economia
de Salvador. Apesar do carnaval, a economia de Salvador ainda está engatinhando
nessa monumental indústria que envolve design, arquitetura, publicidade,
informática e dezenas de outros segmentos. Mas, felizmente, ainda que de forma
incipiente, começa a perceber que pode multiplicar muitas vezes os recursos que
hoje mobiliza não apenas com as festas, mas com toda cadeia criativa. Nesse
final de 2013 e começo de 2014, por exemplo, um novo elo dessa cadeia se formou
com o início da temporada de shows de grande porte, nacionais e internacionais,
que estão movimentando milhares de reais. A gravação do DVD de Ivete Sangalo, o
show de David Getta na Arena Fonte Nova e nos próximos dias o show de Elton John
e o Festival de Verão mostram que a Bahia pode ter eventos de porte, inclusive
internacionais, que podem mobilizar milhares de empregos, ampliar a demanda por
serviços, e estimular a economia metropolitana. Agora é tempo de fazer girar o
restante das indústrias criativas, estimulando, além da economia da alegria, a
economia da cultura, da publicidade, do design, do cinema, do teatro,
etc.
Apesar dos
esforços do governo do Estado, continua forte a campanha contra a construção do
Porto Sul em Ilhéus, como, aliás, ficou patente esta semana em reportagem do
Jornal Nacional. Sob o ponto de vista do planejamento estratégico, o Porto Sul é
o melhor caminho para a Bahia, mas isso poderá ocorrer num prazo mais longo. O
fato concreto é que tudo indica que a produção baiana de minério de ferro vai
começar antes do Porto Sul estar pronto e, então, que porto será utilizado? Os
técnicos do Ibama não escondem de ninguém a má vontade com esse projeto e
indicam que ele poderá até ser construído, mas que sua maturação será lenta e
ainda poderá sofrer mudanças importantes. É hora, portanto, de ampliar a
discussão sobre a questão portuária na Bahia, inclusive avaliando a
possibilidade de investir pesadamente no Porto de Aratu, abrindo um berço
especifico para a exportação de minério, especialmente agora que esse porto
entrará em processo de concessão à iniciativa privada. É verdade que a
existência de um porto no Litoral Sul da Bahia é fundamental para o estado e
também para a Ferrovia Oeste-Leste, mas a entrada do porto de Aratu no circuito,
como porto exportador de minérios, não é incompatível com essa opção, pelo
contrário, seria uma outra alternativa para um estado que é uma das maiores
províncias minerais do país. Em resumo: os fatos estão aí a mostrar que a
construção do Porto Sul pode demorar mais do que o esperado e que porto de
Aratu e o porto de Salvador podem se constituir num grande Complexo Portuário da
Baía de Todos os Santos e se tornar uma das áreas portuárias mais importantes do
país.
ESTACIONAMENTOS NOS SHOPPINGS
Os shoppings
centers de Salvador adquiriram o direito de cobrar pelo estacionamentos de
carros. Não cabe aqui discutir o mérito da medida, mas apenas seu impacto
econômico. Isso porque quando um shopping passar a cobrar pelo estacionamento
será como se aumentasse os preços de todos os seus produtos e serviços. Uma
refeição que custava R$ 30,00 vai custar isso mais o valor do estacionamento.
Quando os preços aumentam a procura cai, logo os lojistas vão amargar uma queda
nas vendas, ou terão de reduzir seus preços. A tendência é a perda de clientes
para o comércio de rua, ou para o shopping que não aderir à cobrança, além
disso, a redução do fluxo de visitantes e das compras eventuais e por impulso
vão prejudicar os lojistas. Uma saída para reduzir o impacto negativo da medida
seria a isenção da tarifa de estacionamento para o cliente que apresentar nota
fiscal de compras. Outra forma de prejudicar menos os lojistas seria a
distribuição por parte das administradoras dos shoppings dos lucros auferidos. O
leitor já sabe: em economia não existe almoço grátis.
Armando
Avena
BahiaEconômica
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